quarta-feira, 8 de junho de 2016

O que está em jogo


Com o Brasil mergulhado em extremo desarranjo administrativo, político, econômico e ético, difícil seria encontrar na calma a atitude preponderante. Muito pelo contrário, vê-se ânimos exaltados à menor menção de assuntos que envolvam a classe política.

Resultado de imagem para fotos de temer e dilmaO Mensalão e a Lava Jato tiraram a rolha que mantinha enclausurado em sua garrafa o Gênio da Realidade. Subitamente, turbinado pela delação premiada, o que era negado, ignorado, suspeitado tornou-se fato inconteste. Vivia-se, não num Brasil a caminho de crescente justiça e prosperidade, mas sim  num lamaçal de dimensões continentais.  

A ação coordenada pela policia Federal, pelos tribunais Federais, com o apoio da mais alta Corte do país, desmascararam a falsa imagem das instituições políticas, revelando a cínica  fisionomia que escondia-se por traz da mascara vestal.

Não surpreende, portanto, a exaltação que persegue todo novo fato, toda nova denuncia, todo novo grampo, fruto da profunda ferida que macula o corpo cívico. À toda nova revelação ergue-se na imprensa, nas conversas, nas reuniões um fervor revolucionário, em busca de uma solução imediata.

Porém, nada parece mais perigoso do que a busca de solução perfeita ao custo da solução possível. Qualquer desvio que se tome fora do curso institucional trará no seu bojo o germe de sua decomposição, de sua decepção. Na busca de uma saída do atoleiro ao qual foi jogado o país pelo governo anterior, chegou-se â primeira etapa do Impeachment. Foi uma vitória, ainda que conquistada por um amálgama de interesses, muitos escusos, por um conjunto  de indivíduos, muitos repelentes. Mas chegou-se, parafraseando Winston Churchill, nem ao começo, nem ao fim, mas ao começo do fim.

Falta, assim,  a segunda parte para completar-se o processo, essencial à reversão do rumo que levava o país ao precipício, o rumo que prometia aos brasileiros o destino dos venezuelanos. Pois bem, para que esta segunda etapa se cumpra, é essencial que o governo Temer se fortaleça. Para que isto seja possível, é imperativo que o presidente em exercício mantenha uma maioria no congresso, ainda que para tal o mecanismo necessário  não tenha a alvura por tantos desejada.

A perder-se a maioria no Congresso, o atual governo enfraquecido enfrentará  uma  possível derrota quando da votação final do impeachment.  Prever-se a consequência não requer maior esforço de imaginação.  A reentronização de Dilma Rousseff no Planalto trará a insistência primária na execução de seu projeto populista, cujo fracasso já se constata.  Vale lembrar-se que  2014 e 2015 foram dois anos onde os objetivos  da presidente foram  derrotados pelas medidas econômicas  que ela própria escolheu para atingi-los. 

Em vez de consumo, trouxe a recessão, em vez de aumento de renda, trouxe a inflação, em vez de moradia para todos, trouxe o desemprego.  Para atingis seus objetivos Bolivarianos queimou etapas,  recorreu a artifícios e manobras cuja eficácia foi negada pela inevitabilidade das leis econômicas.

Sem o apoio da sociedade ao atual governo, por temporário que seja, com suas falhas e erros, o Brasil corre o risco do retorno de tão extravagante e custosa experiência. Sem o suporte dos que acreditam num futuro, o atual governo talvez não se estenda à 2018, interrompido que possa ser quando da votação do impeachment em agosto próximo.


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