Com o Brasil mergulhado em extremo desarranjo
administrativo, político, econômico e ético, difícil seria encontrar na calma a
atitude preponderante. Muito pelo contrário, vê-se ânimos exaltados à menor
menção de assuntos que envolvam a classe política.
O Mensalão e a Lava Jato tiraram a rolha que mantinha enclausurado
em sua garrafa o Gênio da Realidade. Subitamente, turbinado pela delação
premiada, o que era negado, ignorado, suspeitado tornou-se fato inconteste.
Vivia-se, não num Brasil a caminho de crescente justiça e prosperidade, mas sim
num lamaçal de dimensões continentais.
A ação coordenada pela policia Federal, pelos tribunais
Federais, com o apoio da mais alta Corte do país, desmascararam a falsa imagem das
instituições políticas, revelando a cínica
fisionomia que escondia-se por traz da mascara vestal.
Não surpreende, portanto, a exaltação que persegue todo novo
fato, toda nova denuncia, todo novo grampo, fruto da profunda ferida que macula
o corpo cívico. À toda nova revelação ergue-se na imprensa, nas conversas, nas
reuniões um fervor revolucionário, em busca de uma solução imediata.
Porém, nada parece
mais perigoso do que a busca de solução perfeita ao custo da solução possível. Qualquer desvio que se tome
fora do curso institucional trará no seu bojo o germe de sua decomposição, de
sua decepção. Na busca de uma saída do atoleiro ao qual foi jogado o país pelo governo anterior, chegou-se â primeira etapa do Impeachment. Foi uma vitória,
ainda que conquistada por um amálgama de interesses, muitos escusos, por um
conjunto de indivíduos, muitos
repelentes. Mas chegou-se, parafraseando Winston Churchill, nem ao começo, nem ao fim, mas
ao começo do fim.
Falta, assim, a
segunda parte para completar-se o processo, essencial à reversão do rumo que
levava o país ao precipício, o rumo que prometia aos brasileiros o destino dos
venezuelanos. Pois bem, para que esta segunda etapa se cumpra, é essencial que
o governo Temer se fortaleça. Para que isto seja possível, é imperativo que o
presidente em exercício mantenha uma maioria no congresso, ainda que para tal o
mecanismo necessário não tenha a alvura
por tantos desejada.
A perder-se a maioria no Congresso, o atual governo
enfraquecido enfrentará uma possível derrota quando da votação final do
impeachment. Prever-se a consequência
não requer maior esforço de imaginação.
A reentronização de Dilma Rousseff no Planalto trará a insistência primária
na execução de seu projeto populista, cujo fracasso já se constata. Vale lembrar-se que 2014 e 2015 foram dois anos onde os objetivos da presidente foram derrotados pelas medidas econômicas que ela própria escolheu para atingi-los.
Em vez de consumo, trouxe a recessão, em vez de aumento de
renda, trouxe a inflação, em vez de moradia para todos, trouxe o desemprego. Para atingis seus objetivos Bolivarianos
queimou etapas, recorreu a artifícios e
manobras cuja eficácia foi negada pela inevitabilidade das leis econômicas.
Sem o apoio da sociedade ao atual governo, por temporário
que seja, com suas falhas e erros, o Brasil corre o risco do retorno de tão
extravagante e custosa experiência. Sem o suporte dos que acreditam num futuro,
o atual governo talvez não se estenda à 2018, interrompido que possa ser quando
da votação do impeachment em agosto próximo.
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