sexta-feira, 17 de junho de 2016

A vida em jogo

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Súbito, aparecem os defensores da autorização dos jogos de azar em grande escala, escala empresarial. É bem verdade que o jogo clandestino já existe. Também, é verdade que se constata o jogo de loteria e similares, geralmente sob o beneplácito governamental. Porém, compará-los com a liberação legal do jogo é incorreto.

O jogo clandestino, por ser o que é, atrai um numero reduzido de viciados, já acostumados ou impelidos pela emoção se deixam levar pelo lucro episódico e ao prejuízo inevitável. Quanto às loterias, seu jogo não permite a febre da aposta contínua e do repique falimentar.

Resultado de imagem para fotos de casinoJá, os casinos propugnados pelos defensores do jogo, a todos oferecendo o modesto “caça niqueis”, o sofisticado “baccarat”, e a aleatória roleta, tornam-se antros onde o dia se confunde com a noite, onde ricos e pobres se misturam, atraídos pela ânsia do dinheiro fácil, e, na sua grande maioria, punidos, após longas horas, com a perda de economias e do trabalho que as criou. Estabelece-se o ambiente propício ao vicio, que, qual droga, leva à ruína e ao desespero.

Ainda, o soerguimento do jogo institucionalizado cria, pari passu com prejuízo social, um caldo de cultura onde germina a corrupção. Capitais cinzentos, ligados ao jogo marginal e ao tráfico de entorpecentes, hão de se precipitar em busca de sua quota na empreitada, não só rentável pela equação que favorece a “casa”, mas pela singularidade dos dinheiros que lá circulam. Sua específica anonimidade e fungibilidade transmuta-se em incontáveis riachos que alimentam a poça turva do dinheiro lavado, livre de seu pecado original.

Os defensores de tal legalização apelam para o dúbio benefício da oferta de emprego, a atração de turistas, a liberdade de empreender. Ainda, exibem como argumento a existência de casinos nos Estados Unidos, Europa e alhures.

Quanto ao emprego, trata-se de uma gota d'água num mar de desemprego, gota esta que anulará seus benefícios ao criar os custos aumentados pela repressão à mais uma fonte de criminalidade. Quanto à atração de turistas, difícil será vislumbrar-se a vinda de estrangeiros para jogar no Brasil. Se o acaso os trouxer à roleta, será exatamente isto, um acaso. No que se refere ao exemplo estrangeiro convém lembrar que ser estrangeiro não constitui diploma de qualidade. Tais comparações devem submeter-se ao exame das diferenciadas condições sociais e de riqueza, sem o que fica prejudicada uma comparação justa e confiável.

A questão de oportunidade surge forte no trato desta matéria. O país encontra-se num dos mais preocupantes momentos de sua história face à avalanche de corrupção que macula a sociedade brasileira. A legalização do jogo, mesclada à ubíqua lavagem de dinheiro em benefício do crime generalizado que ora ameaça a estabilidade social e política do país, tornará mais árdua a tarefa de corrigir o curso e trazer o criminoso à Justiça.



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