sexta-feira, 24 de junho de 2016

Aconteceu


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Aconteceu. Contrariando as pesquisas e o bom senso, o Brexit tornou-se realidade. Confirmando seu desprezo pelo Continente, a Inglaterra, arrastando a relutante Escócia, decidiu abandonar a União Européia à própria sorte.

Com base em campanha de terror, desenhou-se futuro tenebroso onde a Ilha afundaria sob o peso de incontida imigração, provocando a perda de identidade daquele povo indômito. Perda, também, de empregos e de vagas em colégios e hospitais, ocupados que seriam pelas hordas invasoras.

Este foi, sucintamente, o cenário oferecido por Boris Johnson, preeminente membro do partido governista e traidor de sua liderança no Parlamento. Como cúmplice destacado, contou com o ultra direitista Nigel Farage do UKIP. No entanto, Londres, o mais relevante exemplo de imigração e de infraestrutura sobrecarregada, votou contra o Exit.

E assim tomam forma os primeiros passos de uma nação que retoma sua distância do Continente. Nação cuja civilização e grandeza vieram de uma Europa, hoje desprezada. Envoltos no Union Jack, seus operosos cidadãos nem sempre conseguem vislumbrar, através das cores fortes de sua bandeira, tudo aquilo que o Continent lhes trouxe.

Parecem esquecer que foram os Romanos que lhe ofereceram o primeiro gosto e uso da civilização. Seguiram-lhes os Anglo Saxões, vindos de suas terras germânicas, com Alfred the Great trazendo ordem ao vácuo deixado pela retirada de Roma. E por fim, os Plantagenets franceses, oferecendo o que, em 1076, poderia ser chamado de modernidade.

Concluirá a história que, hoje, Britânia presta um desserviço a si e ao Ocidente? Talvez. Além dos efeitos de curto prazo que, segundo argutos economistas, trarão cinzas e ranger de dentes aos mercados, mais deletérias seria, a prazo mais longo, o desmonte da União Européia.

Caso previsão tão pessimista prevaleça, impõe-se a lógica das rivalidades nacionalistas, das políticas  de alianças e contra-alianças, da busca de preponderância dentre as nações Europeias.

Se, pelo contrário, vencendo a União Européia este desafio, qual relação terá com a Grã Bretanha, talvez reduzida às fronteiras da Inglaterra, desfalcada  de uma Escócia Européia?

E como reagirá a Bruxelas face à inevitável tentativa de Londres em obter vantagens que atenuem o ônus da tão desejada independência, sabendo que tanto maior a leniência maior será a probabilidade de êxodo de outros membros do clube?

O incontido aplauso de Donalda Trump, refletiria o sentimento do partido Republicano, pronto a receber a desgarrada Albion em seu seio?  Ter-se-ia uma Aliança dos Cinco, exclusiva para os Povos de Língua Inglesa, criando-se novo Polo de Poder?

E, vitoriosa Hillary Clinton, exerceria ela toda a pressão do colosso Americano para levar a Europa, ainda que a contragosto, a conceder status especial à filha pródiga? Ou a traria sob sua ampla asa?

Não são poucas as perguntas. Vejamos o que nos espera.



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