segunda-feira, 22 de junho de 2015

Viagem frustrada



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---rumo a Caracas---


Não é todo o dia que um grupo de Senadores deixam o Brasil rumo ao exterior. Habitualmente, estas viagens são tão lúdicas quanto instrutivas; dificilmente deixam de passar por Paris, antes ou após o trabalho a que se propõem.

No caso em pauta, contudo, muito trabalho e nada de lúdico melhor descreve a ida dos Senadores de Oposição à Caracas. Se a viagem foi bem planejada, tanto sob o ponto de vista logístico quanto sob o prisma político, é difícil dizer. O que sabemos é que seu objetivo não foi alcançado, ainda que o resultado tenha sido mais significativo dentro de fronteiras brasileiras do que fora delas.

O governo Venezuelano não parece ter sido abalado pelas repercussões causadas no Brasil pelo seu comportamento, hostíl e irresponsável, para com os visitantes brasileiros. O Sr. Maduro, dono de profunda imaturidade política, nem sequer murmurou escusas pelo desrespeito manifestado aos legisladores brasileiros. Pelo contrário, em discurso proferido logo a seguir do incidente, comportou-se como se nada de relevante houvesse acontecido.

Já no Brasil, a reação foi bem outra, com ´protestos visiveis na midia e na arena poítica. Desde a expulsão da Venezuela do Mercosul até outras manifestações de desagrado, tais como o retorno do embaixador brasileiro junto ao governo de Caracas, foram propostas como desagravo.

Contudo, a reação intra muros não parece ter sido tão visível quanto deveria sê-lo. O pedido do Itamaraty por explicações, formulado ao embaixador Venezuelano, mais pareceu um leve tapa na mão Bolivariana. Errou Brasília ao atribuir ao incidente uma coloração partidária e não nacional. Considerou que sua preferência ideológica pelo Chavismo era superior à indignação recomendada face ao tratamento dispensado a Senadores brasileiros. Semelhante comportamento causaria nos países desenvolvidos, que consideram inaceitável e passível de robusto protesto qualquer afronta à suas intituições ou representantes, exigência de  escusas formais ao ofensor.

Ainda, nem Brasília nem o Itamaraty explicou-se quanto à incompreensível falta de apoio prestado por nossa embaixada em Caracas aos Senadores visitantes. Se o embaixador recebeu instruções para não acomanhar os parlamentares, certamente deveria ter escalado um diplomata de segundo escalão para acompanha-los no onibus e onde quer que seja.

Dito isto, cabem algumas considerações quanto ao comportamento de suas excelências os Senadores da República. Tendo planejado a viagem, tendo chegado a Caracas, tendo embarcado no onibus, lhes competia cumprir a missão a que se propuseram públicamente. Nem a intimidação por uma duzia de arruaceiros, nem o engarrafamento que prejudicava, tambem, milhares de outros veículos, jusificavam a debandada empreendida, por muitos vista (vide New York Times) como vergonhosa. A dignidade de seus cargos, representando considerável parcela do povo brasileiro, exigia-lhes a execução e finalização de sua missão. A conclui-la, conforme planejada, multiplicado seria o efeito político desejado, em benefício dos presos políticos Venzuelanos e da imagem do Brasil e de seus representantes.

Faltou aos parlamentares a coragem, física e moral, que, pela configuração da missão seria exigida. Imaginar que singrariam mar azul de almirante fatigado, ou céu tranquilo de brigadeiro adormecido, retirou da empreitada sua altivez.



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