---rumo a Caracas--- |
Não é todo o dia que um grupo de Senadores deixam o Brasil rumo ao exterior. Habitualmente, estas viagens são tão lúdicas quanto instrutivas; dificilmente deixam de passar por Paris, antes ou após o trabalho a que se propõem.
No caso em pauta,
contudo, muito trabalho e nada de lúdico melhor descreve a ida dos
Senadores de Oposição à Caracas. Se a viagem foi bem planejada,
tanto sob o ponto de vista logístico quanto sob o prisma político,
é difícil dizer. O que sabemos é que seu objetivo não foi
alcançado, ainda que o resultado tenha sido mais significativo
dentro de fronteiras brasileiras do que fora delas.
O governo Venezuelano
não parece ter sido abalado pelas repercussões causadas no Brasil
pelo seu comportamento, hostíl e irresponsável, para com os
visitantes brasileiros. O Sr. Maduro, dono de profunda imaturidade
política, nem sequer murmurou escusas pelo desrespeito manifestado
aos legisladores brasileiros. Pelo contrário, em discurso proferido
logo a seguir do incidente, comportou-se como se nada de relevante
houvesse acontecido.
Já no Brasil, a reação
foi bem outra, com ´protestos visiveis na midia e na arena poítica.
Desde a expulsão da Venezuela do Mercosul até outras manifestações
de desagrado, tais como o retorno do embaixador brasileiro junto ao
governo de Caracas, foram propostas como desagravo.
Contudo, a reação
intra muros não parece ter sido tão visível quanto deveria sê-lo.
O pedido do Itamaraty por explicações, formulado ao embaixador
Venezuelano, mais pareceu um leve tapa na mão Bolivariana. Errou
Brasília ao atribuir ao incidente uma coloração partidária e não
nacional. Considerou que sua preferência ideológica pelo Chavismo
era superior à indignação recomendada face ao tratamento
dispensado a Senadores brasileiros. Semelhante comportamento causaria
nos países desenvolvidos, que consideram inaceitável e passível de
robusto protesto qualquer afronta à suas intituições ou
representantes, exigência de escusas formais ao ofensor.
Ainda, nem Brasília
nem o Itamaraty explicou-se quanto à incompreensível falta de apoio
prestado por nossa embaixada em Caracas aos Senadores visitantes. Se
o embaixador recebeu instruções para não acomanhar os
parlamentares, certamente deveria ter escalado um diplomata de
segundo escalão para acompanha-los no onibus e onde quer que seja.
Dito isto, cabem
algumas considerações quanto ao comportamento de suas excelências
os Senadores da República. Tendo planejado a viagem, tendo chegado a
Caracas, tendo embarcado no onibus, lhes competia cumprir a missão a
que se propuseram públicamente. Nem a intimidação por uma duzia de
arruaceiros, nem o engarrafamento que prejudicava, tambem, milhares
de outros veículos, jusificavam a debandada empreendida, por muitos
vista (vide New York Times) como vergonhosa. A dignidade de seus
cargos, representando considerável parcela do povo brasileiro,
exigia-lhes a execução e finalização de sua missão. A
conclui-la, conforme planejada, multiplicado seria o efeito político
desejado, em benefício dos presos políticos Venzuelanos e da imagem
do Brasil e de seus representantes.
Faltou aos
parlamentares a coragem, física e moral, que, pela configuração da
missão seria exigida. Imaginar que singrariam mar azul de almirante
fatigado, ou céu tranquilo de brigadeiro adormecido, retirou da
empreitada sua altivez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário