sexta-feira, 26 de junho de 2015

A bala e a cor


Resultado de imagem para foto vitimas dyllanMais uma vez, o mundo, conectado e internacionalizado vê, abismado, mais um assassinato múltiplo, desta vez  ocorrido numa igreja. O assassino branco, as vítimas negras, vitimadas enquanto rezavam pela boa vontade entre os homens, pela obediência aos ensinamentos de Jesus. O jovem assassino, endoutrinado, fanatizado por setores que defendem a supremacia branca e a subjugação da raça negra, absorveu estes ensinamentos e os transformou em guerra racial.

A primeira vista é difícil compreender como um país tão próspero e democrático possa, ainda, abrigar sentimentos tão racistas. A vitória da União sobre os Confederados em 1865 teve por resultado a abolição formal da escravidão. Porém, somente após o projeto da “Great Society”, promulgado no governo Lyndon Johnson em 1965, foram as legislações estaduais discriminatórias   abolidas e suplantadas pela lei federal.

Conclui-se, assim, que a escravidão negra, que chegou aos Estados Unidos em meados do Século XVII, só encontrou seu fim (ainda incompleto) trezentos anos depois. Esta cronologia bem indica a estarrecedora realidade que os negros americanos, habitando os outrora estados escravocratas, só passaram a gozar (quase) plena liberdade há 50 anos!

Assim, torna-se fácil compreender quão arraigada está a descriminação racial  nos fundamentos de relevante parte da nação, contaminando brancos com o sentido de superioridade inconteste, e levando negros à subjugação ou à rebeldia.

Ao quadro se soma o Direito de Portar Armas, inserido na constituição norte- americana. Este Segundo Amendment,votado em 1791, pretendia o armamento de milícias defensoras dos princípios democráticos contra eventuais tentativas autoritárias. Sofreu, contudo, profunda transformação; em vez de mosquetes e pistolas, cujo recarregamento demorava cinco minutos, evoluiu-se para armas automáticas com enorme poder letal. Assim, o intuito de proteger a Nação contra tiranos, transformou-se em direito individual contrário ao bem comum.

O assassino, Dylann Roof, 21 anos, faz parte de amplo segmento racista que habita o estado da Carolina do Sul. Influenciado por agremiações racistas e, possivelmente, pela própria família, levou  o jovem à distorcida conclusão que justo seria declarar guerra aos negros para conter sua expansão. Como que encadeados, os acontecimentos seguiram, inevitáveis; Dylann recebera, como presente de aniversário uma pistola, arma do iminente crime.  Assim resultou a execução, decretada durante o culto, de nove pessoas negras inocentes de qualquer violência a ele ou aos seus.



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