quarta-feira, 11 de setembro de 2013




QUEM PERDE QUEM GANHA...

Súbtamente, o pária (sob o ponto de vista de Washigton) Wladimir Putin, toma nas mãos, a iniciativa sobre a questão Síria. Encontrando  caminho alternativo à proposta dos defensores da violência, Moscou deu-se ao traballho de procurar uma solução pacífica, evitando assim de perder, pelo menos por enquanto, sua base naval na costa Síria. Esta base, de enorme valor estratégico, dá à Russia "um pé" no Mediterraneo, históricamente vulnerável pelo potencial fechamento dos estreitos do Dardanelos e Bósforo.

Ganha o Papa Francisco, cujo apelo à solução pacífica desta controvérsia, imprescindível para a redução dos ódios no Oriente Médio, onde as comunidades Cristãs estão sob constante assédio dos rebeldes Sírios. A recente ocupação, por forças  hostís Sunítas, resultando em precipitada fuga dos habitantes desta aldeia secular Cristã, é emblemática.

Ganha o Brasil, cuja postura tradicional e multipartidária, em pról da Paz, insistindo na negociação diplomática para questão Síria dentro do âmbito das Nações Unidas, confere ao nosso país o "gravitas" necessário para justificar sua ascenção ao Conselho de Segurança da ONU.

Ganha a União Européia que, atropelando as atitudes belicistas dos governos Britânico e Francês, recusou apoio à proposta de Washigton, optando por seguir  as determinações das Nações Unidas.

Ganha a China, sempre incomodada por incursões militares Norte-americanas, por serem elas prescedentes de consequência contrária aos interêsses de Beijing.

Ganham o Irã e o Iraque, aliados xiitas de Damasco, receosos de uma vitória Sunita e hostíl, às suas portas.

E ganham as populações, nas Américas, na Europa, e boa parte da Asia, onde as pesquisas de opinião revelam repúdio à solução armada e  apoio ao processo negociado.

Já as perdas se pousam, sobretudo, aos pés do Premio Nobel da Paz, que, contrariando seu perene discurso no repudio à guerra (exceptuando-se os "drones"), vê-se cair na armadilha mais surpreendente, sugado pelo roda-moinho do Oriente Médio. Barack Obama, expressamente desprezando a ONU, cortejou o desastre político ao desafiar as pesquisas e os políticos Republicanos e Democrátas, à sua proposta de ataque limitado. Às vésperas de uma possível derrota no âmbito doméstico, recebeu do presidente Russo o golpe de misericórdia, sendo obrigado a submeter-se, preliminarmente, às Nações Unidas. Acentuou sua canhestra condução da matéria ao insistir que se reserva o direito de atacar a Síria, caso a decisão do Conselho de Segurança não lhe agrade! Singular forma de negociar!

Perdem tambem a Grã Bretanha e a França, ao apoiarem o caminho da guerra apesar dos constrangimentos orçamentários, das pesquisas contrárias  e de ser o Primeiro Ministro derrotado no Parlamento Britânico e o segundo, o Presidente François Hollande,  em vésperas de sê-lo.

Tristes estarão as monarquias do Oriente Médio, tais como a Arábia Saudita, o Quatar, o Bahrein. Ainda pretendem esmagar os Xiitas da Síria, assim também reduzindo a proclamada ameaça Iraniana. Se lamentam terem perdido a contribuição Norte-americana.  Perde tambem a república Turca, hostíl a Assad.

Israel, satisfeito com a matança mútua entre as facções Sírias, lamenta-se não ter a ajuda de seu aliado preferêncial, os Estados Unidos, na destruição da infraestrutura militar de seu histórico inimigo. Vê, ainda, a sobrevivência do regime Assad, aliado do Irã, como ameaça permanente à integridade do Estado Judeu.

Mas, para aqueles que acreditam na previsibilidade do dossier Oriente Médio, que ponham as barbas de molho. A questão não esta definida, pois agora tudo depende da concordância de Bashar  Al Assad em cumprir, e de forma aceitável, o que Moscou propos à Comunidade Internacional.

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