sábado, 27 de abril de 2013


As bombas de Boston

Somente há pouco tornam-se conhecidos os responsáveis pelo ato terrorista. Que motivo  levou à ação os autores deste atentado impiedoso? Terá sido engendrado na longínqua Chechênia ou à sombra das melhores universidades norte-americana?

Na busca de compreensão, há de procurar-se  o conceito de Causa e Efeito, e suas manifestações. Após “9-11” os Estados Unidos da America lançou-se em guerra contra segmentos Islamitas terroristas. Contudo o embrião desta  guerra já se desenvolvia  bem antes do atentado às torres. A semente desta guerra foi plantada  nas colinas ondulantes da Palestina e vem se alastrando, desde então, mundo afora.  O conflito seminal teve início nos últimos anos da década  de 1940, quando expulsos de suas terras e casas iniciou-se a diáspora semita, desta vez árabe-semita. 

Povos que antes já coabitavam com dificuldade tornaram-se inimigos e o inconteste líder Ocidental escolheu um lado, não o equilíbrio entre os dois. Deu-se a centelha, criou-se novo ser que haveria de crescer na busca de retribuição, de compensação, e de vingança. Este recorreu ao terrorismo indesculpável do qual já havia sido vítima. O que vemos hoje é o desdobramento deste ser, agigantado política e geograficamente pelo fomentado ódio e alimentado pelo perene descaso ao seu sofrimento. A  injustiça de viver emprisionado, de ver sua terra roubada, contaminou o povo árabe, e por fim recrutou a sua religião, feroz quando provocada.

Conforme relata o Financial Times, a última tentativa dos membros do Conselho de Segurança nos últimos dias de 2012, visando o congelamento dos assentamentos Israelenses, foi derrotada pela ameaça do veto Norte Americano. Todos os outros membros do Conselho, incluindo França, Reino Unido e a Alemanha estavam dentre os vencidos pelo veto. Novo exemplo de parcialidade e até de subordinação aos interesses exclusivos de um aliado. Novo exemplo de desprezo e descaso para com um povo que tornou emblemático através do Oriente Próximo. Nova Causa? 

Assim se confirma e se fortalece a seqüencia  de Causas e Efeitos complementares que se acumulam na política externa de uma nação poderosa e impositiva.  A aliança incondicional com Israel que resulta no domínio de um natimorto  Estado Palestino, a invasão injustificada do Iraque e seu fracionamento, a imprudente transformação da guerra a Bin Laden em guerra aos  Talibãs,  o apoio aos estados Autocráticos do Oriente Médio, constituem-se em Causas seqüenciais de Efeito disperso e intenso.  Os menos avisados perdem, ou fingem perder,  o fio desta meada assim como a capacidade de compreensão ou correção de rumo.

A resposta “Low Tech” às ações “High Tech”  revela-se insuspeita e eficaz. Torna-se nociva, psicologicamente, e politicamente desestabilizadora,  dentro e fora das fronteiras norte-americanas. Nega-se, assim,  à mais poderosa maquina militar do Universo, a vitória, se definida como o domínio pelas armas e a total submissão política do território inimigo. Nem no Iraque foi possível,  nem no Afeganistão parece concebível  alcançar-se  estes objetivos. O Iémen mantêm-se instável, a Síria e Líbia turbulentas. A desestruturação destas nações, face ao insucesso do projeto que visa tão somente a eliminação do terrorismo, ou seja, o Efeito,  provoca,  perversamente, novos focos rebeldes, trazendo maior ônus político, econômico e militar para Washington e para o mundo.  Será a hora de enfrentar as Causas?

A pensar...

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