Turbulência
Francesa
A França
também, mas Paris muito especialmente, está em pé de guerra por causa do
casamento Gay.
A direita
de Sarkozy, empolgada ilicitamente por Copé, aproveita a natural indignação para repudiar o golpe que a blásfema
esquerda se prepara contra o sacramento do matrimônio (heterodoxo) o que
considera ser a mais sagradas das instituições, amantes a parte, é claro. Qualquer
gaulês, digno de sua linhagem remontando a Vercingetorix, tem o sangue a
subir-lhe à cabeça, e com olhos esbugalhados de fúria, denuncía mais esta
afronta à República. As manifestações são intensas, tráfico interrompido,
escoriações e prudentes fugas quando perseguidos pelos Gendarmes.
Já os
fascistas de Marine Le Pen estão apopléticos. Como a turma é da pesada, difícil
será prever a extensão de sua oposição. Todo cuidado é pouco.
À bem da
verdade, até um reduzido grupo de socialistas repudiam a proposta do Sr.
Hollande, que impávido, no cume de seus 22% de aprovação pública, mantêm o rumo,
cumprindo promessa eleitoral. Calcula-se que o segmento Gay teria de fato
eleito o presidente socialista, pois
superou, de longe, a diferença que lhe concedeu a vitória sobre Sarkozy. Já os
comunistas, que por definição (deles) são todos machos, não parecem gostar da
idéia.
Preocupações
sobre o desemprego, a divida, a cadente economia foram colocadas na geladeira,
enquanto assuntos nacionais mais importantes são debatidos.
Mas como Paris
é multifacetada, observamos que algumas coisas prosseguem seu.curso. Nenhum parisiense de boa cepa e boa
conta bancária abandona seu encantamento com o luxo. Assim, atropelando as
limitações que afligem os menos prósperos, os antiquários e endinheirados lançaram-se
às compras do acervo do Hotel Crillon, que, após 228 anos de regalar felizardos
na Place de la Concorde, ora se despede para sempre. Móveis de bom gosto,
prataria, candelabros, obras de arte hão de fazer a felicidade dos futuros
compradores, massacrados que estão pelo aumento desmesurado dos impostos
socialistas.
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