quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Socorro, Obama


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SÃO PAULO, Brazil — Last month, more than 142,000 Brazilians signed a petition on the White House website. They asked President Obama to take a stand against the “Bolivarian Communist expansion in Brazil promoted by the administration of Dilma Rousseff.”

A noticia acima é, no mínimo, surpreendente. Sob o título “Nostalgia brasileira do ‘perigo comunista’”, o New York Times apresenta longo artigo relatando e ridicularizando a extrema direita por ver comunismo em todo canto.

Seja como for, todo cidadão tem o direito de pensar como bem lhe aprouver; o que desafia não apenas o bom senso, mas também o sentido de nacionalidade,  é o apelo a presidente de nação estrangeira para que interfira no quadro político nacional. Se nos idos de 1964 movimento semelhante ocorreu, sua repetição na realidade pós União Soviética não encontra sustentação. Reflete o pânico dos fracos, dos que abandonam a luta cidadã.  

Esta manifestação invulgar, onde 142.000 pessoas concluíram que o Brasil não abriga forças democráticas suficientes para resguardar sua democracia, diminui a nação perante os olhos daqueles que recebem tão esdrúxula súplica. Tal qual “banana republc” encontradiça nas costas do Caribe, os pedintes desavisados penduram-se nas vestes de Tio Sam, e assim reduzem o respeito internacional devido ao Brasil.

Estes cidadãos, em sua insensatez, reforçam a nefasta tese que “os ricos” não ligam para a pátria e sim para com sua conta bancária. Trata-se de alimentar a mais negativa das imagens que contamina a Oposição a qual, na sua luta contra o governo Dilma,  precisa de credibilidade e adesões crescentes, livre da pecha de  “vendida aos Estados Unidos”.

Ao líder Aécio Neves cabe repudiar, de público,  esta iniciativa anti-patriótica, deixando claro que as forças pró democracia, como bem atestam os resultados da recente eleição, são amplamente suficientes para que os brasileiros resolvam seus próprios problemas.


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Uma nova teocracia?



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Bibi Netanyahu

Sun Tzu defendia a tese que a melhor batalha é aquela ganha sem combate. Talvez o conflito que coloca Israel e Palestina em campos opostos há décadas se aproxime da constatação da trágica futilidade  de tantas vidas perdidas. Para tal, Israel deve abandonar sua agenda recôndita, onde a expansão territorial sobre todas as terras bíblicas é mandatória.

No desdobrar   deste contencioso,  a Palestina vem paulatina e seguramente perdendo o território que lhe foi alocado pelas Nações Unidas. Inversamente, Israel vem expandindo o seu. Tal expansão é classificada pelas Nações Unidas como ilegal, ferindo, assim, a Lei Internacional.

Respondendo  à  crescente e violenta oposição árabe à expansão Judaica na parte árabe de Jerusalém, reconhecida pelas Nações Unidas como a capital do Estado Palestino, e a latente ameaça de alteração do status quo  quanto  à inviolabilidade da mesquita  Al Acqsa,  o Primeiro Ministro Israelense apresentou projeto de lei  declarando  ser  Israel um Estado Judeu, tanto do ponto de vista político, social e individual, submetendo os árabes á condições draconianas..

O Presidente Israelense, Reuven Rivlin, manifestou-se contrário à proposta de Bibi Netanyahu, considerando ser ela anti-democrática, por submeter a população árabe à condição de cidadãos de segunda categoria. Assim opinou o consultor  geral do estado de Israel, por ser a lei proposta discriminatória contra 20% da população do país. Também a ela se opõem parte da imprensa bem como políticos e intelectuais.

Enquanto isso, no mundo Ocidental, nota-se a crescente impaciência com a truculência  do Likud, partido de Netanyahu. A recente  decisão da Suécia reconhecendo o Estado Palestino, bem como as iniciativas dos parlamentos Inglês e Francês, onde , por acachapante maioria recomendam à seus respectivos governos o reconhecimento do  Estado Palestino, refletem a mácula na imagem do estado de Israel, outrora por todos admirado.

Hoje será votada a controvertida lei. Caso aprovada, colocará Israel na condição de teocracia étnica, assim perdendo a condição essencial ao estado democrático.

Para o bem de Israel, dos árabes que lá vivem e dos Palestinos que aguardam sua independência, espera-se a derrota desta calamitosa proposta.






segunda-feira, 24 de novembro de 2014

COMENTÁRIOS RECEBIDOS SOBRE   "CONFLITO INTERNO?"



Gostei da expressão "infanto-econômica"!  O que me preocupa é a situação das pequenas empresas que não têm fôlego para pagar seus operários enquanto esperam por encomendas ou pelo pagamento de serviços já prestados, num país paralisado como está o nosso.  E se vier uma quebradeira geral? Já imaginou o tumulto?  Quem precisa de salário para comprar comida não pode esperar muito...  Será que Dilma se dá conta do que pode estar vindo por aí?  Ou ela superestima sua força?
Um abraço       Maria Luiza


Anna Maria escreveu: "Otimo artigo e mt preocupante"




Não tinha imaginado esta hipótese, mas faz sentido. A gravidade disto é que, se para cada decisão tiver que haver concordância entre os dois, o processo decisório ficará extremamente lento e a condução do país perderá a agilidade de que tanto precisa....
   Carlos Alexandre 

Quem diria.......Só o Lula pode nos salvar! Aguentar opiniões de Mercadante em economia -duro de aguentar.Assistimos esse filme e pagamos um preço de gerações. Lula foi sábio em afastá-lo no seu primeiro governo , rasgando todas suas propostas de calote da dívida externa e outras aventuras heterodoxas.
Paulo Antonio

sábado, 22 de novembro de 2014

Conflito interno?

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Alguns observadores argutos debitam a atual indecisão do Planalto para indicar o novo ministro da Fazenda à uma guerra intestina entre Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. A visão da Presidenta foi bem explicitada pelo seu ministro Mercadante, cuja habilidade na exposição teve o raro dom de ofuscar em debate a excelente jornalista Miriam Leitão. Ignorando os ensinamentos passados, persiste a política econômica atual na defesa de medidas artificiais de capacidade insuficiente para reverter a dura realidade de uma economia de déficit crescente.

Já o ex presidente parece defender a ortodoxia na Fazenda, tendo por base o notável sucesso  alcançado nesta área pelo seu governo. Afinal, difícil é ignorar a conquista do “investment grade” no mercado financeiro internacional, a pagamento integral da dívida brasileira junto ao FMI, a manutenção de superávit primário ao longo de seu governo, a contenção da inflação dentro das metas, etc... Numa realista avaliação dos resultados eleitorais, Lula compreende que a desorganização econômica do país redundará na sua reformulação política e o conseqüênte  esvaziamento do PT. Adeus ao domínio político tão sonhado.

Observa-se, assim, o surdo confronto que agita os bastidores entre Dilma e seu criador. Senão, como explicar-se-ia a hesitação ora observada, num momento em que as expectativas do mercado, dos empresários e dos próprios políticos atinge nível febril? A falta de uma indicação para a pasta da Fazenda prejudica, não tão somente as expectativas internas, mas, também, a avaliação que o mercado financeiro internacional possa fazer sobre o Brasil. Tomará o país o rumo da ortodoxia,que lhe garantirá a manutenção do “investment grade”, do fluxo de investimentos para a combalida Petrobrás, e, ainda, para a ampliação e modernização de nossa infra-estrutura? E quanto sofrerá o acesso das empresas privadas ao mercados extra-fronteiras? 

Muito parece pendente na escolha de um nome; bom ao mau. Já se observa como tal seleção produz efeitos imediatos. Dependendo do nome aventado, a Bolsa de Valores oscila vários percentuais  em poucos dias. A taxa de juro externa vem sofrendo crescente pressão, tornando os empréstimos públicos e privados cada vez mais onerosos. O Real ou se desvaloriza ou se recupera conforme os boatos que circulam. Enfim, um quadro volátil cujo principal resultado é a paralisia nas decisões empresariais, e a asfixia na captação de recursos  internacionais.


Se neste “cabo de guerra”, prevalecer  a exigência que parece emanar do ex presidente, a de colocar-se em ordem as finanças do país, ter-se-á algo que mereça uma esperança. Caso Dilma Rousseff prevaleça, com sua concepção infanto-econômica, sua aplicação levará o Brasil  ao retorno da inflação acelerada, ao aumento das taxas de juros internas, e à penúria paralisante dos cortes dos investimentos , locais e externos. Prejudicará, cruel ironia, as classes sociais dos pobres e excluídos, sem defesa para enfrentar  a tempestade.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

CURTAS




Paris indomável. Para aqueles que acusam a Cidade Luz de mesmisse, ainda que gloriosa, não deixem de ver o novo prédio da Fundação Louis Vuitton. Longe de ser mais um apelo ao  consumo desenfreado, que hoje domina a sociedade, o “prédio” desenhado pelo notável   arquitécto  Frank Ghery nenhum produto oferece a não ser a contemplação do belo. Desafia a imaginação e transforma a construção em obra de arte. Um misto de caravela alada e besouro dourado, propõe aos que o contemplam a nova noção do construído sem peso, da derrota da simetria, da permanência em movimento. Feliz o povo que recebe de seus milionários monumentos de inestimável valor para a beleza e engrandecimento de sua terra.



A complexidade geopolítica, as forças antagônicas que colocam o Ocidente contra a Rússia, o Império Eurasiano, todas estas são questões de imensa importância para os que se interessam (e preocupam) com o futuro pessoal e planetário.  Pois, para dar mais um passo na compreensão do conflito entre os Estados Unidos e a Rússia, vale a leitura do livro “The Colder War”.  Marin Katusa, o autor canadense de origem Yugoslava, não é, nem acadêmico, nem diplomata, nem político, mas sim um financista especializado no mercado global de energia. Sua profissão lhe impõe profundo conhecimento e compreensão das forças que se entrechocam, tanto no  mercado global quanto naquele do Leste Europeu. Sua origem eslava, lhe permite uma natural decodificação das atitudes russas. Assim, sabe filtrar as notícias distorcidas e até mesmo falsas,  que povoam a imprensa,  subordinadas que são aos  interesses político-comerciais  que impulsionam as partes em litígio.  



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Metástase




Vã foi a esperança que o insidioso tumor não se alastrasse. Juntam-se, em funesta soma, as dezenas de dúbios incidentes que vêm, ao longo da aliança PT-PMDB, conspurcar a administração das empresas estatais. Os personagens deste drama onde o Brasil se vê diminuído, perante o público interno e externo, são empreiteiras, quadros políticos e administradores públicos, gerando incontida infecção no organismo cívico. Constata-se, assim, a metástase.

O campo de manobra preferido pelos corruptos foi, compreensivelmente, a mais rica das empresas nacionais, a Petrobrás. Tomada de assalto por agentes políticos e, com  a cumplicidade de elementos empresariais,  em busca de enriquecimento pessoal e eleitoral, desvirtuou-se a primazia dos objetivos empresariais, onde o bem da empresa e de seus acionistas têm precedência. Pelo contrário, os negócios gerados o foram de forma a facilitar os objetivos inconfessáveis.

Assim, a empresa símbolo do país, não consegue, sequer, publicar seu balanço, alegando uma impossibilidade facciosa. Alega estar a direção da empresa  manietada pelas investigações ora em curso. Ora, haja ou não corrupção, a contabilidade segue seu curso, e a publicação de resultados, do balanço, e das demais informações em nada sofrem impedimento para sua pronta publicação. Na verdade é a recusa da auditoria da PriceWaterhouseCoopers de validar dados contábeis destituídos de confiabilidade que impede a divulgação determinada por lei.

A este quadro de calamidade moral e financeira soma-se o desmoronamento da confiabilidade do atual governo, onde membros do executivo e parlamentares formam uma  societas sceleris. O abandono proposto pelo governo  da imposição legal do superávit fiscal aliar-se-á ao sombrio quadro acima descrito, para ferir a credibilidade do país.

Não será apenas a Petrobras a merecer redução na sua gradação de risco nos mercados externos, mas correrá, também o Brasil, o risco de perder a condição de investment grade  conquistada a duras penas. 

Os efeitos negativos decorrentes são consideráveis pois ao reduzir a gradação de risco, aumentará a taxa de juro imposta às captações brasileiras, tanto no setor privado quanto ao nível soberano.  O efeito negativo sobre a taxa de cambio, que já se manifesta, deverá ter por resultado não apenas a alta da inflação graças aos custos dos importados, mas, também, o aumento relevante do custo de endividamento empresarial.


Porém há o lado positivo.  O trabalho excepcional da Polícia Federal, apoiado pelas instâncias judiciais, poderá dar início à derrubada da impunidade.  Desta aliança virtuosa chegar-se-á  à cura. A ver...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Espanha revisitada?



Após a derrubada do Rei Afonso XIII em 1931, formou-se um governo republicano, dominado pelos socialistas. Em 1936 militares monarquistas se rebelaram, liderados pelo já famoso general Franco. Assim começou na Espanha tres anos de cruenta guerra civíl. No combate foi testada a eficacidade de novas armas e o poder de novas ideologias. Os monarquistas foram apoiados pelo nazismo e fascismo, enquanto os republicanos (com os comunistas no comando militar) tiveram o suporte da Rússia e das brigadas voluntárias socialistas e anarquistas, vindas dos Estados Unidos, França, Inglaterra e outros países.


Assim, as duas facções passaram fazer o jogo das duas grandes potências, Alemanha e Rússia, alimentados que foram por homens e material bélico de toda ordem. Tanto Berlim como Moscou, finda a manipulação de suas marionetes espanholas, terminaram por se enfrentar na mais sangrenta das guerras.


Passemos à Ucrânia. O país está políticamente dividido, com o setor Oeste (Kiev) sob influência Euro-americana, enquanto o setor Leste (Donetsk e Luhansk) é ligado a Moscou. Se não houver um desarmamento de espíritos nas próximas semanas, será provável o recomeço do conflito, temporáriamente interrompido pela cessar fogo. Numa primeira fase, tal confronto provávelmente fará com que armas ocidentais e russas abasteçam, cada vez mais, os beligerantes; já numa segunda fase, é forte a probabilidade de envolvimento de “voluntários” dos dois campos, assim dificultando, cada vez mais, o retorno à mesa de negociações. A terceira fase seria a internacionalização do conflito, com a participação ostensiva da OTAN e da Rússia.


O que diferencia e agrava o atual conflito da experíência espanhola, é serem ambos os opositores potencias nucleares. Assim, seja por intenção, seja por “erro de cálculo”, o que começou como uma aventura geopolítica pode transormar-se numa guerra de consequências imprevisiveis.


O contencioso Ucraniano teve por inicio o indevido apoio Ocidental à derrubanda do presidente eleito do país. Empossado em Kiev o ultra direitista Primeiro Ministro rebelde, anunciou-se o cancelamento do regime bilingue, onde o ucraniano e o russo conviviam secularmente, bem como outras conceções à população russófona. Em resposta às “alterações nas regras do jogo cívico” seguiu-se o levante dos rebeldes, desta vez no Leste, com o inevitável apoio de Moscou.


As recentes eleições, tanto na parte Oeste como no Leste da Ucrânia agravam a situação, por enquistar e engessar os pólos em conflito. Legitimam uma facção, e relega o adversário à ilegitimidade.


Torna-se urgente desarmar-se as pressões bélicas de parte a parte, pois a crise promete deterioração incontida. Vale, neste momento onde soluções pacíficas se impõem, o exame da formula imposta pela OTAN para o conflito do Kosovo contra a Sérvia. A independencia da província separatista sérvia embasou-se em quatro critèrios:
1, o territorial (Utis Possidetes),
2, o étnico,
3, o idioma e
4, o religioso.


A formulação então propugnada pelos Estados Unidos parece aplicar-se, com surprendente fidelidade às condições que hoje se verificam na Ucrânia, como um todo, e nas duas partes contestatárias. Os rebeldes detêm a terra reinvidicada, a etnia é diversa do ucraniano, o mesmo se aplica ao idioma, que é o russo e a religião Ortodoxa, e não a Católica.


Aplicou-se, com sucesso a formula como base para ligitimização da separação do Kosovo. Parece aplicar-se, também, no caso Ucraniano. Resta formalizar o procedimento eleitoral e pacificador, com a aprovação de ambas as partes.


Há um ditado inglês que diz: “A visão do patíbulo aguça a mente” *. Se houver bom senso e boa vontade, outras alternativas, que não a apresentada acima, certamente surgirão. Antes que seja tarde.


* The sight of the gallows sharpens the mind