segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Metástase




Vã foi a esperança que o insidioso tumor não se alastrasse. Juntam-se, em funesta soma, as dezenas de dúbios incidentes que vêm, ao longo da aliança PT-PMDB, conspurcar a administração das empresas estatais. Os personagens deste drama onde o Brasil se vê diminuído, perante o público interno e externo, são empreiteiras, quadros políticos e administradores públicos, gerando incontida infecção no organismo cívico. Constata-se, assim, a metástase.

O campo de manobra preferido pelos corruptos foi, compreensivelmente, a mais rica das empresas nacionais, a Petrobrás. Tomada de assalto por agentes políticos e, com  a cumplicidade de elementos empresariais,  em busca de enriquecimento pessoal e eleitoral, desvirtuou-se a primazia dos objetivos empresariais, onde o bem da empresa e de seus acionistas têm precedência. Pelo contrário, os negócios gerados o foram de forma a facilitar os objetivos inconfessáveis.

Assim, a empresa símbolo do país, não consegue, sequer, publicar seu balanço, alegando uma impossibilidade facciosa. Alega estar a direção da empresa  manietada pelas investigações ora em curso. Ora, haja ou não corrupção, a contabilidade segue seu curso, e a publicação de resultados, do balanço, e das demais informações em nada sofrem impedimento para sua pronta publicação. Na verdade é a recusa da auditoria da PriceWaterhouseCoopers de validar dados contábeis destituídos de confiabilidade que impede a divulgação determinada por lei.

A este quadro de calamidade moral e financeira soma-se o desmoronamento da confiabilidade do atual governo, onde membros do executivo e parlamentares formam uma  societas sceleris. O abandono proposto pelo governo  da imposição legal do superávit fiscal aliar-se-á ao sombrio quadro acima descrito, para ferir a credibilidade do país.

Não será apenas a Petrobras a merecer redução na sua gradação de risco nos mercados externos, mas correrá, também o Brasil, o risco de perder a condição de investment grade  conquistada a duras penas. 

Os efeitos negativos decorrentes são consideráveis pois ao reduzir a gradação de risco, aumentará a taxa de juro imposta às captações brasileiras, tanto no setor privado quanto ao nível soberano.  O efeito negativo sobre a taxa de cambio, que já se manifesta, deverá ter por resultado não apenas a alta da inflação graças aos custos dos importados, mas, também, o aumento relevante do custo de endividamento empresarial.


Porém há o lado positivo.  O trabalho excepcional da Polícia Federal, apoiado pelas instâncias judiciais, poderá dar início à derrubada da impunidade.  Desta aliança virtuosa chegar-se-á  à cura. A ver...

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