Alguns observadores argutos debitam a atual indecisão do
Planalto para indicar o novo ministro da Fazenda à uma guerra intestina entre
Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. A visão da Presidenta foi bem
explicitada pelo seu ministro Mercadante, cuja habilidade na exposição teve o raro dom de ofuscar em debate a excelente jornalista
Miriam Leitão. Ignorando os ensinamentos passados, persiste a política
econômica atual na defesa de medidas artificiais de capacidade insuficiente
para reverter a dura realidade de uma economia de déficit crescente.
Já o ex presidente parece defender a ortodoxia na Fazenda,
tendo por base o notável sucesso alcançado nesta área pelo seu governo. Afinal,
difícil é ignorar a conquista do “investment grade” no mercado financeiro
internacional, a pagamento integral da dívida brasileira junto ao FMI, a manutenção
de superávit primário ao longo de seu governo, a contenção da inflação dentro
das metas, etc... Numa realista avaliação dos resultados eleitorais, Lula
compreende que a desorganização econômica do país redundará na sua reformulação
política e o conseqüênte esvaziamento do
PT. Adeus ao domínio político tão sonhado.
Observa-se, assim, o surdo confronto que agita os bastidores
entre Dilma e seu criador. Senão, como explicar-se-ia a hesitação ora observada,
num momento em que as expectativas do mercado, dos empresários e dos próprios
políticos atinge nível febril? A falta de uma indicação para a pasta da Fazenda
prejudica, não tão somente as expectativas internas, mas, também, a avaliação
que o mercado financeiro internacional possa fazer sobre o Brasil. Tomará o
país o rumo da ortodoxia,que lhe garantirá a manutenção do “investment grade”,
do fluxo de investimentos para a combalida Petrobrás, e, ainda, para a
ampliação e modernização de nossa infra-estrutura? E quanto sofrerá o acesso
das empresas privadas ao mercados extra-fronteiras?
Muito parece pendente na escolha
de um nome; bom ao mau. Já se observa como tal seleção produz efeitos imediatos.
Dependendo do nome aventado, a Bolsa de Valores oscila vários percentuais em poucos dias. A taxa de juro externa vem
sofrendo crescente pressão, tornando os empréstimos públicos e privados cada
vez mais onerosos. O Real ou se desvaloriza ou se recupera conforme os boatos
que circulam. Enfim, um quadro volátil cujo principal resultado é a paralisia
nas decisões empresariais, e a asfixia na captação de recursos internacionais.
Se neste “cabo de guerra”, prevalecer a exigência que parece emanar do ex presidente,
a de colocar-se em ordem as finanças do país, ter-se-á algo que mereça uma
esperança. Caso Dilma Rousseff prevaleça, com sua concepção infanto-econômica, sua
aplicação levará o Brasil ao retorno da
inflação acelerada, ao aumento das taxas de juros internas, e à penúria paralisante
dos cortes dos investimentos , locais e externos. Prejudicará, cruel ironia, as
classes sociais dos pobres e excluídos, sem defesa para enfrentar a tempestade.
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