quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Moeda Privada




Neste mundo moderno, onde a constância é a primeira vítima, as mentes se abrem para o "novo", o inusitado que derrubam os muros dos antigos hábitos e crenças, assim abrindo o caminho para novas experiências. Desfazem-se as "caducas verdades". 

E não são poucas aquelas que trazem melhora para o bem viver. No campo da medicina, auxiliado pela capacidade e velocidade dos computadores, tem-se a crescente acuidade dos diagnósticos,  a geração de remédios, vacinas e próteses, transformando o que, há pouco, seria um futuro longínquo em realidade imediata, assim oferecendo à humanidade um notável avanço na expectativa de vida. 

Por outro lado. em senso contrário, tem-se no campo bélico o extraordinário desenvolvimento na letalidade das armas, submetendo  não só os militares mas, também, os civis à destruição. Não será exagero prever-se em futuro próximo, exércitos formados por robôs. Porém, e vale a reflexão, sempre será o ser humano na ultima linha de defesa.  

Contudo, é no campo das finanças que se observa a mais radical criatividade, cuja consequência é desconhecida. A robotização do dinheiro já ocorre com a moeda virtual, esta desligada dos elementos vitais que lhe deveriam dar sustentação. Dentre as moedas convencionais existe a vinculação à riqueza e a confiabilidade  do país emissor; mais procurada será a moeda quanto mais vinculada for à riqueza de seu emitente, respeitando-se sua relação quantitativa com a base que a sustenta.

Ao abandonar-se tal princípio, ao emitir-se moeda desvinculada ao elemento real de riqueza, perde-se a referência de valor, restando apenas a constante expansão de uma base monetária destituída de qualquer lastro reconhecido. Seu preço flutua conforme os humores de investidores e especuladores. Dá-se aos seus "responsáveis" o direito ilimitado de emissão, aumentando-se o denominador sob um numerador falso e inexistente. 


Tal circunstância leva o Sr. Jamie Dimon,  presidente do extraordinário banco JP Morgan-Chase, a declarar em 22 de setembro passado que as moedas sem referência, vide virtuais, nada mais são do que "Ponzi schemes", ou pirâmides financeiras.

Apesar da falta do embasamento lógico no caso da moeda virtual, decorrente da falta de referencial relativo a valor real (ouro, equilíbrio fiscal, pujança econômica e comercial, lastro em moeda "forte" etc...) a sociedade moderna amplia a sua proliferação através da gradual cooptação do sistema bancário, este promovendo transações e criando fundos de aplicação solidária, assim sugerindo legitimidade à um instrumento ilegítimo. 

E o Banco Central do Brasil, deveria permitir o livre curso daquilo se se tornou moeda, ainda que sem lastro e sem emissor confiável? E a circulação crescente destas moedas virtuais, até que ponto se tornam meios de pagamento com reflexos na expansão da moeda? E a segurança ( do instrumento, não do lucro) que deve ser assegurada aos detentores de moeda legítima? E de que forma a moeda virtual se diferencia de uma moeda falsa?  E a emissão privada de moeda encontra guarida na legislação? Quais seriam as consequências para o mercado financeiro caso houvesse uma forte e simultânea queda de tais moedas?

Certamente estas hipóteses já foram analisadas pelas autoridades competentes, porém não deveriam elas instruir o publico investidor de como se proteger em caso de colapso? Teriam elas condições de interferir neste mercado em caso de crise?

A este observador parece estar em curso a gestação de um sério problema. Parece ser oportuno uma guidance do Banco Central.  

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O texto abaixo, obtido no Google, revela quão difundido está este mercado, alimentado pela ânsia do rápido enriquecimento. 

"Segundo a agregadora de dados CoinMarketCap, atualmente existem mais de 10.800 tipos de moedas virtuais listadas. Somente no primeiro semestre de 2021, foram criadas 2.655 novas criptomoedas.24 de mai. de 2022

O volume total do mercado de criptomoedas das últimas 24 horas é de R$441.75B(¹), o que representa 16.38% de aumento do volume total do mercado de criptomoedas em 24h."

A ver...

1) Aprox. US$ 80 Bilhões. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Qual Lula será?



Contrariando a expectativas de alguns que esperavam ver Lula mais sóbrio e prudente, amadurecido pela experiência prisional recente,  nota-se pelas notícias publicadas que corre-se  risco de ver o Brasil novamente sob o receituário ideológico do seu partido.

Todo brasileiro de bom senso deseja ver um Brasil reduzindo o fosso que separa as classes média e alta d'aqueles que mal tem o que comer. Porém, para atingir-se este objetivo o governante deve respeitar os pontos cardeais que regem o comportamento da economia: o Livre mercado, o Equilíbrio orçamentário, a Atração dos investimentos, o limite da Dívida  Pública, etc...

Infelizmente, as notícias que nos chegam parecem desenhar um desprezo pelas bons procedimentos econômicos que a Nação exige para que possa prosperar. Porém não é este o quadro que decorre das atuais manifestações do Grupo de Transição, onde a maior preocupação parece ser a de "furar o teto", onde o Auxilio Brasil parece ser a gazua para o arrombamento da porta fiscal. 

Conquanto a relevância do programa social representado pela Bolsa Família parece inquestionável, a experiência do observador político vislumbra o risco de ser ela acompanhada de outros gastos, estes com intuito partidário e eleitoreiro. Ainda é cedo para conclusões, mas o "animus gastandi" é um virus instalado no organismo político, sem que haja vacina que o contenha; esta regra política tem inconteste capacidade regenerativa.

Acentuando o quadro de preocupação neste momento que parece indicar o futuro andamento do governo Lula, sua frase ao recomendar paciência para com a forte queda da Bolsa e o aumento do dólar parece revelar preocupante desconhecimento das regras necessárias à uma economia ascendente. 

O tempo que falta para a posse do novo presidente é a ocasião para refletir sobre um Brasil em mutação, onde as redes sociais surgiram, alterando e exacerbando a configuração eleitoral e, até mesmo, o exercício do poder. A inconstância se torna moda, bem como a intolerância e o fanatismo, como bem demonstrou esta última eleição presidencial, onde o vitorioso é eleito por margem ínfima. 

Lula deve refletir que sua vitória não se deve apenas ao Partido dos Trabalhadores, mas, também, àqueles que repudiaram Jair Bolsonaro. Não parece haver espaço para a implantação demagógico-popular, onde as regras essenciais ao crescimento econômico sejam ignoradas em favor de artimanhas de benefícios de  curto prazo onde o alto custo revela a seguir. A receita nada tem de novidade, bastará a Lula seguir o caminho exitoso, tanto no econômico quanto no social, de seu primeiro governo em 2003.

Escolher o caminho do populismo milagroso que parece surgir da divulgação de declarações levianas, poderá causar o rombo fiscal, a inflação e a desvalorização da moeda, sendo estes elementos cruéis para a sobrevivência dos mais pobres. Ainda, o consequente desaranjo da economia causará a perda de fidelidade de milhões de eleitores, estes aliados por serem contrários a Bolsonaro, assim fragilizando a base política de Lula e, em última análise, sua sustentabilidade ao longo de seu mandato.

 

            

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Ainda não acabou


Em nota, ministério comandado pelo general Paulo Sérgio Nogueira, informou que relatório será divulgado na quarta (9)

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Em experiência inédita tem-se a vitória de Lula por ínfima margem, ficando para 19 de dezembro  a data limite para sua diplomação. Em outras palavras, somente após este ato será a vitória de Lula consagrada. Porém, no dia 9 de novembro ter-se-á o relatório do Ministério da Defesa, validando ou contestando a confiabilidade das urnas e, por consequência, o resultado do pleito. Causa estranheza ter-se alongado por nove dias tal manifestação.  

Esta esdruxula etapa surge, de forma inédita na história eleitoral brasileira, graças à decisão do Ministro  Luis Roberto Barroso do STF de desarmar a polêmica então vigente sobre a validade do voto digital. Infelizmente, tal desdobrar do processo eleitoral revela fragilidade institucional ao criar-se mais uma etapa de possível contestação uma vez que a diplomação do vencedor ainda não se deu.    

Na improvável hipótese de ter-se uma avaliação negativa quanto à confiabilidade das urnas pelo Ministério da Defesa, corre-se o risco de criar-se um vácuo institucional, assim abrindo uma Caixa de Pandora onde põe-se em risco a própria Democracia.

Razoável estranhar-se o tempo levado para finalizar tal análise, já ha mais de uma semana após o término da eleição. Tal avaliação pelas FA's torna-se inócua pois recusar a validação das urnas eletrônicas redundaria em aguda instabilidade politica e social restando tão somente a opção de  validação como  exigência para a garantia da paz pública.  

domingo, 23 de outubro de 2022

O Planeta Inquieto





A inquietação domina o ápice da política internacional, este composto pelas grandes potências. Três  núcleos de poder, sejam  eles político, militar ou econômico,  parecem dividir o planeta. O mais poderoso tem os Estados Unidos por líder de uma aglomeração de nações, tanto nas Américas, quanto na Europa e na Ásia. 

Seu poder se estende pelos cinco continentes, cimentado pela comunhão de interesses de segurança e prevalência comercial. Subordinados aos interesses norte-americanos estão, também, a Australia, o Japão e a Coréia do Sul. Este bloco contém mais de um bilhão de pessoas e o seu PIB se aproxima de 52 trilhões de dólares.

O  bloco que se lhe opõe é liderado pela China e pela Rússia, esta última dominando a Belarus e vários países da Ásia Central, chegando sua influência ao Irã, este às portas do trafego de petróleo que abastece todos os "blocos". Sua população  não chega à dois bilhões de almas e sua produção anual de riqueza fica aquém de dois trilhões de dólares. Contudo, a riqueza mineral (vide petróleo) da Russia, de valor estratégico, torna-se disponível à China.  

Os dois primeiros blocos se caracterizam, também, por enorme arsenal nuclear, tendo a capacidade de atingir qualquer ponto terrestre.

Já um terceiro grupo  de países se identificam por política externa de engajamento político-internacional variável e inconstante quando não neutra. Neste aglomerado desponta a India, o Paquistão, a Indonésia, as Filipinas, o Brasil e a Argentina, a Nigéria e a Africa do Sul e os países petroleiros do Oriente Médio. Sua população supera dois bilhões de pessoas enquanto seu PIB conjunto não chega à 1,7 trilhão de dólares. Porém a influência qualitativa do petróleo da a este último grupo influência que supera sua baixa densidade econômica. É significativa posição geográfica de países como a India, bordejando a China, o Brasil dominando a América Latina, a Indonésia guardando o acesso à Australia e os Estados Petroleiros no entroncamento entre Ásia e Europa.

Tivesse este grupo ação coordenada, teria ele o poder de ser um relevante "tertius" no cenário internacional, negociando com vantagem o apoio pontual a este ou aquele bloco e dele extraindo o benefício desejado. Contudo, seu medíocre nível, tanto na adequada distribuição de riqueza quanto o de  acesso à educação lhe dificultam o luxo de ação coordenada entre seus membros visando um arcabouço estratégico de longo prazo. Assim sendo, seus membros oscilam dentre as suas limitações e preferências individuais de curto prazo, sejam elas políticas ou econômicas, tornando-se, episodicamente, importantes ou insignificantes.

Hoje, o planeta Terra enfrenta o maior risco de sua existência. Dentro de um quadro de crescente proliferação de armamento nuclear, um erro de cálculo poderá deslanchar uma guerra nuclear.  De um lado, este liderado pelos Estados Unidos, fica estabelecido que nenhuma nação poderá pretender igualar-se o superar a prevalência econômica ou militar norte-americana. Tal ocorrência significa para Washington um real perigo para sua sobrevivência, a qual depende de sua capacidade de impor políticas externas que convirjam com seus interesses. 

Estabelece-se, assim, regra não escrita no mundo da Pax Americana hoje prevalente, apesar dos inúmeros conflitos travados para garantir este conceito. A missão de America Duxit é impositiva e não negociável,  mesmo correndo-se o risco do conflito nuclear.

Vis-a-vis a China , Washington tem-se manifestado contrária ao crescimento de sua economia. Tem se ampliado as iniciativas explicitas desenhadas para conter e abafar o crescimento chinês. Preferindo o conflito restritivo à abertura econômica, sendo esta pacificadora pelos interesses comuns gerados entre as partes, as sanções impostas à Pequim nada fazem senão gerar crescente animosidade entre as partes. 

Pretender que a China abandone sua caminhada para a prosperidade econômica não parece ser realista nem se conforma com os direitos inerentes a qualquer nação de prosperar. Pretender negá-lo apenas posterga o dia do "acerto de contas".

Neste momento se desenha a armadilha que Washington prepara. Emulando o ocorrido na questão Russia-Ucrânia, onde a pressão de cooptar Kiev para a OTAN levou Putin ao erro estratégico causado pela invasão, vê-se situação similar na relação China-Taiwan. Neste caso, a crescente influência norte americana na política de Taiwan poderá provocar imprudência similar ao caso acima mencionado. Uma invasão de Taiwan traria o opróbio da "comunidade internacional" cujas sanções interromperiam o ritmo de crescimento da economia chinesa.    

As últimas declarações de Xi Jinping, se corretamente traduzidas do chinês,  sugerem  que tal processo já tenha se iniciado. “A influência internacional, o apelo e o poder da China para moldar o mundo aumentaram consideravelmente” (1), disse Xi ao dar início ao congresso do Partido Comunista, que ocorre a cada cinco anos e no qual ele recebe do Politburo um terceiro mandato, rompendo com a tradição do país. “A modernização chinesa oferece à humanidade uma nova opção para conseguir..." (1)

Tal fraseologia pode indicar um retrocesso na política internacional até então adotada por uma China  contida no seu expansionismo apesar de sua enorme expansão comercial. O texto acima citado do presidente Chinês, sugere  um messianismo que substituiria a racionalidade, onde as palavras encerram ameaça em vez de colaboração e compartilhamento.  A ver... 



1. Publicado no jornal Valor em 17.10.2022

segunda-feira, 10 de outubro de 2022




AOS AMIGOS LEITORES INFORMO QUE, POR MOTIVO DE VIAGEM,                                             

             O BLOG SERÁ  SUSPENSO TEMPORÁRIAMENTE

               

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                    RETORNAR NO MÊS DE NOVEMBRO


 

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Um novo Hitler?




Vítima de seus sucessos anteriores, Putin foi capturado pelo Hubris, transformando-se de outrora hábil enxadrezista em fanático, vítima de sua própria infalibilidade. De defensor das fronteiras russas passou a desrespeitar a fronteira alheia, perdendo assim o essencial apoio da comunidade internacional. 

A revolução tecnológica no campo de batalha aliada à determinação do exército ucraniano trouxe à tona o desmoronamento do bluff russo. Na espera que um avanço relâmpago de suas tropas levasse o inimigo humilhado à mesa das negociações o inverso acontece, trazendo à tona a desmoralização do exército russo. 

A invasão, projetada para poucas semanas já se prolonga, inesperadamente, por muitos meses face aos mísseis destruidores dos tanques que não mais davam o essencial apoio à progressão da infantaria russa. Ainda, já no âmbito naval, os ucranianos (ou teriam sido outros velados aliados?). afundaram o  cruzador Moskva com foguetes bem apontados. 

A absorção pela força de terras estrangeiras tendo, apenas por base. a origem russa de parte de sua população, trás à muitas nações da região (especialmente a Estônia) um inaceitável ambiente de latente ameaça. Em suma, a aventura de Putin lembra a ocupação dos Sudetos tchecos, habitado por população de origem germânica, pelas forças de Hitler. Agrava-se a situação ao tentar  Moscou validar a absorção de terra ucraniana pela realização de plebiscito sob a sombra de seus fuzis. À isto, diria o notável francês, Talleyrand: "c'est pire qu'un crime, c'est une faute,"   

Um erro que já está custando caríssimo à Russia, 

- perde a eficácia de sua política externa, não apenas junto aos países Ocidentais mas. o que lhe é vital, ao causar crescente desconforto ao seu único aliado de peso, à China. Conforme manifestações públicas, Pequim propugna a cessação das hostilidades.

- perde sua economia, estrangulada pelas sanções lideradas pelos Estados Unidos. 

- perde pela forte instabilidade na política interna que resultará, seja de um fracasso, seja de uma escalada militar, com sérias consequências para o bem estar da população. 

Assim, é possível, senão provável, um remanejamento na cúpula de poder. Em suma, pode-se esperar crescente oposição do povo e do estamento russo à Putin, seja ela sub-reptícia, seja ela  ostensiva.

Nada mais perigoso do que um líder de nação nuclear que se considere ungido por missão auto-imposta. Neste momento, corre o mundo momento difícil e perigoso onde os limites se diluem pela ação corrosiva da emoção. Dentre as potencias nucleares, tanto os Estados Unidos, quanto a União Europeia, de um lado, e a Rússia,  de outro, mais prudente será assegurar uma "porta de saída de aparência honrosa" nas negociações que virão. Encurralar um inimigo nuclear pode ser extremamente perigoso.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Manifest Destiny

Seria a Hipocrisia um biombo ao qual grandes potências recorrem quando suas iniciativas imperiais atropelam os limites da Lei Internacional?  Ou, ainda, seria ela mais uma arma política das nações poderosas como justificativa de suas ações dominadoras? Até que ponto este "jogo de espelhos" dá ao perpetrador a roupagem da respeitabilidade atribuindo, "urbe et orbi"o ônus do malfeito ao adversário?.

Dentro de quadro político-psicológico caminham as relações internacionais dos Impérios e grandes nações. Não raro, a eles se aplicam as fábulas de La  Fontaine e Esopo, que já ensinavam que o mais forte exerce o seu domínio através da manipulação de falsos argumentos que justifiquem sua prepotência. Quase sempre a raposa fazia de vilão, e por vezes o escorpião,  mas sempre a lebre/coelho eram a vítima de ocasião.

Relevante será a estória da raposa acusando o coelho de lhe poluir a água que do rio bebia. O coelho argumentou que a bebia a jusante do lobo, e portanto não poderia poluí-la. Mas de nada valeu-lhe o argumento. Assim às potencias cabe exercer seu poder; seja qual for o argumento; sempre terá razão em detrimento do mais fraco.   

Envolta em "righteous" manto, a Nação Americana exerce uma política de resultados práticos; mas o que a diferencia das demais potencias é a crença de cumprir ela uma "missão divina", denominada "Manifest Destiny" e de merecer proteção de "In God we Trust". O pathos nacional é o de a todos superar:

"Manifest Destiny, a phrase coined in 1845, is the idea that the United States is destined—by God, its advocates believed—to expand its dominion and spread democracy and capitalism across the entire North American continent." 

Hoje, esta política prevalece, mediante uma diplomacia com matízes impositivos tais como a aplicação de sanções quando possível, e através da guerra, quando necessário.  Assim, tem-se, como parte de seu arsenal conceitual/ideológico, um Estado que, por auto libertar-se de culpa pode cometer graves atropelos.

"Fast forward"  aos tempos atuais, tem-se o conflito político entre os Estados Unidos e a Rússia enfraquecida.  esta uma pálida imagem do que fora a União Soviética, cuja população, capacidade industrial, e forças armadas diluíram-se quando de seu desmonte.  

A partir do governo Gorbashev deu-se a desconstrução do império Soviético, verificando-se inédito apaziguamento político, seguido de desarmamento militar entre as duas potencias. Sob seu comando a União Soviética concedeu a independência à nações a ela  anexadas no tempo de seu Império, voluntariamente enfraquecendo-se política, econômica e fisicamente. Resulta, assim uma nova Russia, pálida versão dos tempos czaristas e comunistas,  perdendo perto de 20% de seu território e mais de 50% de sua população.  

Condizente com o processo de conciliação, o presidente Boris Yeltsin (1991 - 1999) ordenou  a dissolução do Pacto de Varsóvia e o retorno à Russia de seus exércitos, tomando por base promessa do alto escalão Norte Americano de ação recíproca com relação à OTAN. Tal não ocorreu; pelo contrário como se observa abaixo, foi notável a sua expansão:


Yeltsin consolidou-se na presidência, derrotando os resquícios comunistas reforçando, ainda, as relações cordiais com os Estados Unidos, nações outrora inimigas. Em clara  manifestação de entendimento pessoal entre Clinton e Yeltsin, foram celebrados tratados contendo a produção das armas nucleares e permitindo inspeção aérea mútua, assim encerrando o anterior processo de instigação mútua. Visitas recíprocas às suas capitais cimentaram as relações e abriam as portas para um mundo livre da ameaça e desconfiança dominante desde o término da Segunda Guerra Mundial.

Mas não haveria de ser. Os anos seguintes revelaram uma OTAN não abolida; pelo contrário não só manteve sua postura anti-Russia, mas, a partir de 1999 expandiu sua presença nas nações do Leste europeu libertas do comunismo. Ainda, a crescente interferência americana nos assuntos internos russos, inclusive na rebelião da Chechênia,  agastou e terminou por romper os laços de amizade construídos entre Washington e Moscou. 

Sentindo-se novamente ameaçado, Yeltsin designa Wladimir Putin como candidato para sucedê-lo; este eleito, toma posse em  maio de 2000. Excepcionalmente e demonstrando solidariedade, Putin, nos meses que se seguiram à derrubada das torres em 2001, ofereceu auxílio aos Estados Unidos permitindo o uso de suas bases militares em apoio às operações contra os terroristas da Al Qaeda.

Já, em 2008, um novo capítulo de provocação ocorre na Georgia (2008), onde a interferência norte-americana tenta torná-la hostil a Moscou. Não foi bem sucedida. Em 2014 a Secretária de Estado norte americana, Hillary Clinton designa sua subordinada, Victoria Nuland, com a missão in loco  de, em conluio com as forças de oposição, provocar a derrubada do presidente eleito ucraniano, Viktor Yanukovich, próximo à Russia. Por resultado Petro Porochenko o substitue e anula os direitos de cidadãos ucranianos de raises russa, causando uma cisão interna com o apoio de Moscou,  e inicia negociações para a inclusão da Ucrânia na OTAN.      

Hoje, tem-se um conflito que não parece possível ser revertido; extinta a União Soviética, constata-se que a Rússia  em vez de expandir territorialmente fez o oposto, reduzindo seu território. Para tal concedeu a independência à diversas e relevantes províncias anteriormente parte do império russo, sendo elas de relevante contribuição econômica, como o Cazaquistão e o Azerbaijão, ricas em petróleo, minérios e recursos humanos porém, não aceita a presença potencialmente inimiga em suas fronteiras.

Contrariando a imagem expansionista da Russia que prevalece no Ocidente, a perspectiva histórica revela um quadro de enfraquecimento voluntário russo o qual, em vez de pacificar as relações internacionais com os Estados Unidos, como pretendiam tanto Gorbachev quanto Yeltsin, demonstrou uma fraqueza que Washington avaliou como uma oportunidade.

A partir de 1999, promove-se a expansão da OTAN na Europa Central assim impedindo um entendimento duradouro com Moscou. O último capitulo deste confronto decorreu da insistência norte americana para atrair a Ucrânia, fronteiriça à Russia,  para a OTAN. A reação de Moscou foi inevitável conforme opina Kissinger, levando Putin a  cair na armadilha  e cometer o grave erro de invadi-la em vez de seduzir a Alemanha e a França (vide a dependência por energia) para a causa da paz na região.

Por resultados destes eventos mantem-se crescente pressão exercida por Washington, causando forte aumento de  tensão entre as dois polos nucleares, Estados Unidos e Europa por um lado, e Russia e China no outro. Este momento a política externa norte-americana evidencia o pathos da Manifest Destiny que perdura no âmago nacional, impondo a subordinação, tanto da Russia quanto da China,