Vítima de seus sucessos anteriores, Putin foi capturado pelo Hubris, transformando-se de outrora hábil enxadrezista em fanático, vítima de sua própria infalibilidade. De defensor das fronteiras russas passou a desrespeitar a fronteira alheia, perdendo assim o essencial apoio da comunidade internacional.
A revolução tecnológica no campo de batalha aliada à determinação do exército ucraniano trouxe à tona o desmoronamento do bluff russo. Na espera que um avanço relâmpago de suas tropas levasse o inimigo humilhado à mesa das negociações o inverso acontece, trazendo à tona a desmoralização do exército russo.
A invasão, projetada para poucas semanas já se prolonga, inesperadamente, por muitos meses face aos mísseis destruidores dos tanques que não mais davam o essencial apoio à progressão da infantaria russa. Ainda, já no âmbito naval, os ucranianos (ou teriam sido outros velados aliados?). afundaram o cruzador Moskva com foguetes bem apontados.
A absorção pela força de terras estrangeiras tendo, apenas por base. a origem russa de parte de sua população, trás à muitas nações da região (especialmente a Estônia) um inaceitável ambiente de latente ameaça. Em suma, a aventura de Putin lembra a ocupação dos Sudetos tchecos, habitado por população de origem germânica, pelas forças de Hitler. Agrava-se a situação ao tentar Moscou validar a absorção de terra ucraniana pela realização de plebiscito sob a sombra de seus fuzis. À isto, diria o notável francês, Talleyrand: "c'est pire qu'un crime, c'est une faute,"
Um erro que já está custando caríssimo à Russia,
- perde a eficácia de sua política externa, não apenas junto aos países Ocidentais mas. o que lhe é vital, ao causar crescente desconforto ao seu único aliado de peso, à China. Conforme manifestações públicas, Pequim propugna a cessação das hostilidades.
- perde sua economia, estrangulada pelas sanções lideradas pelos Estados Unidos.
- perde pela forte instabilidade na política interna que resultará, seja de um fracasso, seja de uma escalada militar, com sérias consequências para o bem estar da população.
Assim, é possível, senão provável, um remanejamento na cúpula de poder. Em suma, pode-se esperar crescente oposição do povo e do estamento russo à Putin, seja ela sub-reptícia, seja ela ostensiva.
Nada mais perigoso do que um líder de nação nuclear que se considere ungido por missão auto-imposta. Neste momento, corre o mundo momento difícil e perigoso onde os limites se diluem pela ação corrosiva da emoção. Dentre as potencias nucleares, tanto os Estados Unidos, quanto a União Europeia, de um lado, e a Rússia, de outro, mais prudente será assegurar uma "porta de saída de aparência honrosa" nas negociações que virão. Encurralar um inimigo nuclear pode ser extremamente perigoso.
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