domingo, 9 de agosto de 2020

Esperanças e Temores

Um resumo dos 4 primeiros dias do governo Bolsonaro


O combate à corrupção  pela denominada Lava Jato, tomou conta da Nação. A cada processo, a cada inquirição, a cada julgamento, a cada condenação a grande maioria  do povo brasileiro se exaltava em júbilo. Até que em fim chegou a hora de acabar com a corrupção endêmica que afligia o Brasil. O combate ao rosário de crimes, a constelação de roubos dos cofres  públicos, o desfile dos poderosos até então impunes levava  o brasileiro à confiança no futuro e ao vislumbre de um novo país.

Um após o outro era encarcerado, não mais "fichinhas"  desimportantes;  as grades recebiam políticos orgulhosos por longo saque dos bens públicos, empresários endinheirados e acumpliciados com o poder se viam acompanhados pelo "japonês", inesperado símbolo asiático em terras tupiniquins.

E o reconhecimento, sim, o agradecimento àqueles jovens e corajosos procuradores e juízes, que contestando a tradição da criminosa tolerância,  decidiram derrubá-la.

Dentre eles, Sergio Moro, o juiz de imensa coragem, enfrentaram o até então invicto establishment, rompendo as barreiras jurídicas e políticas. Anteriormente protegida, a caterva  surpreendida, recuava, tergiversava, caluniava em busca desesperada por atenuantes. Porém o "Todo mundo faz" não mais tinha o peso de justificativa. O desnudar-se das Caixa 2 rompeu a opacidade que protegia o mal feito. O Brasil mudava, se iluminava pelo fim da impunidade, pela proteção ao erário, pela responsabilização do mal feitor.

Mas esse foi o primeiro Ato de uma peça de fim ainda desconhecido. Jair Bolsonaro, sustentado por  três colunas, Justiça sob Sérgio Moro, Economia sob Paulo Guedes e Política Externa sob Ernesto Araújo  deu início a seu governo com notável apoio eleitoral.

Passados 18 meses, sob o comando do Tenente², necessário se faz avaliar qual o estado da União? 

No que tange a Justiça, observa-se a tentativa de politizá-la e, por vezes,  subvertê-la.

- Demissão do Juiz Sérgio Moro, peça chave quando da eleição do Presidente;
- Dossiers sobre cidadãos opositores elaborados em sigilo;
- Politização da Polícia Federal e da ABIN;
- Escolha de Procurador Geral da União, ignorando a tradicional lista tríplice que busca isenção;
- Devassa nos processos da Lava Jato em busca de imperfeições jurídicas, assim favorecendo a      anulação das sentenças contra o ex-presidente Lula;
- Ocultação de suspeito de crime, procurado pela polícia;
- Aliança com o Centrão e o retorno às práticas políticas anteriormente criticadas, com abertura de    cargos administrativos em troca de apoio parlamentar.
- Acumpliciamento com a produção de Fake News.

Quanto à Economia, justo dizer-se que a ocorrência da Pandemia impede uma avaliação clara de sua condução. Contudo, a decisão estratégica de adiar-se a votação das reformas Tributárias e Administrativas ainda em 2019, quando o poder político do Presidente encontrava-se no ápice, não tem explicação convincente, a não ser a própria indecisão do Presidente.

Divergindo de suas iniciais  afirmações contrárias à Bolsa Família, Bolsonaro revela o pendor populista ao inverter sua posição, propondo o Renda Brasil, ainda mais generoso que o antecessor. Suas invectivas repetidas contra os "vagabundos", leia-se "pobres",  parecem esquecidas, tendo em vista o objetivo de captura maciça de eleitores.

Já na Política Externa, desfaz-se a secular construção de nossa respeitada imagem no exterior. O chanceler, Ernesto Araújo, discípulo do "filósofo" Olavo de Carvalho, teve seu nome secundado pelos filhos Bolsonaro. Dentre os diplomatas, a sua visão terra-planista mereceu o desprezo e antipatia das grandes nações Ocidentais.

O novo Itamaraty, sob novo comando, tornou-se fonte de constrangimento dentro e além fronteiras:

- Como represália às críticas francesas à política brasileira do meio ambiente, optou-se por insultar a Primeira Dama da República Francesa, cuja nação é berço da cultura Ocidental e grande investidora no Brasil.
- Perder importante contribuição financeira apoio da Noruega e da Alemanha ligada à preservação da Amazônia.
- Intervir nas eleições argentinas ao apoiar, ostensivamente, o candidato perdedor; não alertado pela derrota, acentuou sua intervenção criticando o presidente da Argentina (como coadjuvante, o ministro Paulo Guedes, ignorando o nosso importante comércio com aquele país, declarou "não precisamos da Argentina!".
- Emitir declarações ofensivas à China.
- Contrariar a clara posição da Organização das Nações Unidos, da qual o Brasil participa desde sua criação, ao defender o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel assim prejudicando as importantes  relações comerciais com os países árabes da região.
- Aceitou acumpliciar-se aos Estados Unidos no boicote à OMS, organismo crucial para as exportações brasileiras, abandonando sua participação em troca do apoio norte americano no ingresso à OECD não efetivado.
- Autorizou a importação isenta de tarifa sobre o Etanol norte-americano enquanto o governo Trump acabara de impor novas tarifas sobre a exportação de aço e alumínio brasileiro.
- Abriu mão de sua soberania ao permitir instalação de base de foguetes americana em Alcântara, aumentando sua vulnerabilidade externa.
- Designou e subordinou Oficial General brasileiro ao Comando Militar Sul do Exército norte-americano, onde o Brasil não participa das decisões.
- Apoia a decisão de Washington em vetar tradicional indicação de presidente latino-americano para  o Banco Interamericano.
- Celebra tratado militar com os Estados Unidos sem que sejam conhecidos seus termos.

A política externa deve cuidar dos interesses permanentes da Nação, evitando compromissos visando  benefícios pontuais e imediatos, porém contrários à conveniência de prazo mais longo. A aliança celebrada com o governo de Donald Trump bem exemplifica os perigos que encerram  esta opção. Atrelar o Brasil aos interesses inconstantes, temporários e voluntariosos de um mandatário externo pode representar sério risco à continuidade diplomática brasileira.

Quanto ao campo da saúde pública, tem-se a trágica anomia do governo ao enfrentar a pandemia. Não soube avaliar o perigo, nem soube coordenar os governadores em busca de comportamento uniforme.

Já, no Ministério da Saúde, a demissão sequencial de ministros, homens com preparo profissional para o cumprimento da tarefa, hoje substituídos por militar afeito à logística e não à saúde pública, fragilizou, em momento critico, a contenção do flagelo.

A intromissão pública do Presidente, alheio à ciência,  na seleção e recomendação de medicamento para enfrentar a pandemia reflete a irresponsabilidade no enfrentamento de tão dramático perigo sanitário.

A população, incentivada pelo exemplo presidencial descrevendo os efeitos do Covid19 como mera "gripizinha" (registram-se, hoje, cem mil mortes),  explicitamente desprezando as medidas preventivas de isolamento e o uso de máscara, favoreceu a aceleração na disseminação do vírus

São muitas outras áreas que merecem observação e preocupação. A desproteção ao Meio Ambiente merece repúdio nacional e internacional. A integridade da Amazônia está indissoluvelmente ligada ao futuro da nação. Nação agrícola por excelência, o favorável regime de chuvas  e a fertilidade de seu solo são essenciais ao seu bem estar econômico  .

A pasta da Educação já sofre o seu terceiro ministro sem demonstrar, até o momento, a que veio. Tentativas de ideologizar a estrutura do ensino e o currículo repete o erro, com sinal trocado, a nefasta experiência da esquerda.

A responsável pelo Ministério dos Direitos Humanos, Damares Alves, evangélica, prisioneira na estreita  e ultrapassada realidade puritana, tem por principio a intolerância à diversidade de gênero, realidade inconteste no quadro social e político. A adaptação aos padrões internacionais nesta matéria será inevitável face a inter-relação e interdependência hoje imposta pela realidade.

Apesar das insuficiências acima relatadas, restam ainda longo tempo para o governo Bolsonaro repensar seus erros e acertos, assim corrigindo o seu rumo.

A ameaça de retorno das lideranças de esquerda corrupta,  hoje encarceradas, ao pleno exercício político deve servir de alerta para a manutenção de severa postura do Judiciário face à criminalidade.
Colocar em dúvida a integridade jurídica de processos recém passados abre as portas à revisão e anulação de condenações passadas.

No campo econômico, conquanto auxílio às camadas mais pobres seja essencial face à pandemia, também importante ater-se à dosagem cuidadosa para que não se torne distributívísmo demagógico.

Quant à política externa brasileira, mais difícil será a correção de rumo, pois os fatores não são apenas endógenos, mas, sobretudo exógenos. Depende-se da percepção das demais nações sobre o Brasil, sobre o país que deverá agir segundo as convenções que regem as boas relações internacionais, negociando divergências e acentuando convergências estratégicas da Nação..

Pelo que vai acima, o Brasil enfrenta sérios problemas. Somente seus cidadãos poderão protegê-lo.

                                                             


sábado, 1 de agosto de 2020

Leapfrogging

La red 5G ofrece un futuro prometedor para las compañías


Theodore Roosevldt, no início do Século XX, deu grande impulso à presença global norte-americana. Seu lema era "Speak softly and carry a big stick". Hoje, Donald Trump alterou o lema: "Speak loudly and carry a limp stick."

No ocaso do Século XIX e início do XX, os Estados Unidos marcavam o novo Século com sua vitória sobre a Espanha, assim conquistou as Filipinas no longínquo Oriente, ainda colocando Cuba e Porto Rico sob sua tutela. Eram tempos gloriosos onde a Doutrina Monroe  validavam a interferência nos assuntos Latino Americanos mas vedando a presença extracontinental.

Já, Donald Trump, guindado ao poder apesar do voto popular minoritário, transformado em vitória pela alquimia do Electoral College¹, assume o poder em condições bem diferentes de seu longínquo antecessor. Após décadas de insucessos militares e guerras inconclusas², não mais podendo o Presidente acenar com o "Big Stick", resta-lhe  a opção, não mais do "speak softly", mas sim do grito e ameaças, traduzidas em sanções econômicas. 

Restabelecendo em seu governo a anteriormente abandonada intervenção explícita em assuntos pan-americanos, o embaixador norte-americano, desembarca no Brasil com singular mensagem. 

Em entrevista concedida ao O Globo, em 28 de julho, Todd Chapmen, abandonando a linguagem diplomática que deveria sugerir mas nunca impor, recorreu à uma frase impositiva, neo-colonialista e imprópria quando envolve dois países soberanos: "Se o Brasil escolher o sistema 5G da chinesa Huawey, haverá consequências".

Ainda, como justificativa do veto alegou tal opção "permitiria o roubo de propriedade intelectual de empresas americanas" assim fragilizando a segurança dos Estados Unidos. Ora, as comunicações de matriz e filial  não abrangem segredos de propriedade intelectual, estes sempre resguardados com o maior empenho nos labirintos jurídicos das Matrizes. 

O bom senso indica que a real razão por detrás deste pretexto é a política norte-americana de cercear, por todos modos possíveis, o desenvolvimento da China que vê como ameaça à sua hegemonia, seja, ou não, do interesse  dos países hóspedes. 

O Embaixador ainda apela pelos sentimentos "democráticos" da opinião pública brasileira, lembrando  o regime ditatorial chinês. Contudo, tais pruridos não impedem, nem ao Brasil nem aos Estados Unidos negociarem ativamente com países ditatoriais. A proximidade de Washington a Riad é bem conhecida, seja como peão importante no jogo géo-político do Oriente Médio, como o principal produtor de petróleo bem como o mais importante comprador de armas norte-americanas. 

A política externa brasileira tem por finalidade  zelar pelo interesse tanto econômico quanto político do Brasil. 

Se uma Venezuela, vizinha geográfica do Brasil, despreza suas obrigações democráticas, o Itamaraty levará em conta os perigos de tal proximidade e tomará medidas para sua proteção.  O mesmo não acontece, como é o caso da China separada do Brasil por oceanos, onde as relações comerciais não interferem na política interna das partes nem representam perigo para os interesses brasileiros. E assim ocorre com os demais países. 

Esta mesma visão política é compartilhada pela política externa norte-americana onde, na relação econômico-política, também segue seus interesse. Recorre, contudo,  à expressões "moralistas" quando lhe convém potencializar seus objetivos e não como elemento limitador.   Mr. Todd Chapman o faz neste momento.

Sob o ponto de vista do interesse brasileiro, necessário é enfatizar que Brasil constata queda abrupta em seu PIB nos últimos três anos, e, ainda,  vê ameaçado seu desempenho econômico nos próximos dois anos devido à epidemia.

Este acumulo de fatores negativos terão consequências indesejáveis no campo social e político, tendentes a favorecer a Esquerda. Neste cenário que se desenha, o Brasil não pode perder tempo. Não pode apenas depender de sua agricultura. Deve se aproveitar da geração de divisas que o campo nos traz para potencializar investimento em tecnologia de última geração, antes  que a concorrência o faça.  

Abrir mão, do hoje disponível 5G.  é perder tempo e substância econômica, é subordinar o crescimento e sofisticação na "indústria virtual" por razões que não nos dizem respeito. É curvar-se aos  interesses de outro país. Qual será o custo para a Nação por atrasar por uma ano ou mais o salto tecnológico de comunicação e computação?
          
Para recuperar o tempo perdido e para acelerar o tempo a ser ganho ao Brasil se impõe o "leapfrogging"³. O pulo por cima do atraso tecnológico para assim atingir-se o a última geração às nossas portas. O 5G, neste momento,  nos proporciona exatamente isto.



1) Sentido diferente do conceito de colégio eleitoral brasileiro 
2) Coréia, empate; Vietnam, derrota; Iraque, inconclusa; Afeganistão, inconclusa; Granada, vitória.
3) Leapfrogging é Pula Carniça em inglês.

  

domingo, 26 de julho de 2020

Guerra ou Paz


“LARGEST TRADE WAR IN ECONOMIC HISTORY” – INcontext ...


Bill Clinton, ao emergir do lamaçal criado pelo caso Monica Lewinsky e a subsequente tentativa de seu impeachment, salvo que foi pelo voto do Senado, buscou nesta guerra pela independência do Kosovo, então província da Sérvia, desviar a atenção do eleitor. Este, impelido pelo apelo patriótico que a guerra aguça deu ao titular a vitória esperada. Clinton teve pleno sucesso sem correr qualquer risco nesta guerra burlesca, pois o inimigo Sérvia  era militarmente insignificante.

O mesmo tema, porém em escala muito maior, é hoje encenado por Donald Trump. Enfrentando crescente rejeição eleitoral causada  por seu estilo impetuoso e imprudente no combate ao Covid-19 , busca a reversão desta tendência cadente. O faz recorrendo ao confronto com a China, à pseudo ameaça à segurança nacional. Envolve-se na bandeira em busca do voto patriótico.

Tendo iniciado seu governo em clima de cordialidade e colaboração com o governo chinês, onde troca de elogios era a norma,  vê-se uma inversão nesta relação. Porém, os efeitos negativos deste "novo normal" não devem ser desprezados. Um crescente número de empresas chinesas vêm suas operações prejudicadas ou interrompidas por condições leoninas somente agora impostas por Washington.

Dentre elas, a ameaça de exigência de registro de dirigentes de empresas chinesas como "representantes de nação estrangeiras"  inaugura uma nova relação que se afasta do campo empresarial para o terreno político. Ainda, o impedimento de acesso  do sistema 5G da Huawey ao mercado, e a proibição de venda de chips e outros produtos tecnológico à China inverte abruptamente o histórico comercial entre as duas nações, assim gerando relevantes prejuízos financeiros e estratégicos.

Dentro deste quadro de crescentes obstáculos, contrários ao livre comércio, investimentos e fluxo de capitais evidencia-se a estratégia desnudada de conter-se o ritmo crescente da economia chinesa, hoje já maior do que a norte-americana pelo critério PPP (Purchasing Power Parity). Além de crescentes sansões comerciais e financeira aplicadas a Pequim, até mesmo vedar  à China o uso da moeda dólar já estaria sendo contemplado, de acordo com fontes extra-oficiais.

Já no campo militar, o chanceler norte americano, Mike Pompeu, subindo o tom, anuncia ser  a expansão chinesa risco para a segurança dos Estados Unidos e da América Latina! Dando "dentes" à retórica, Trump manda fechar o consulado chinês em Houston, dando ao conflito nova dimensão.

Resta a pergunta, qual a reação da China? Quais as "linhas vermelhas" que não poderiam ser cruzadas. A habilidade de Xi Jin Ping está sendo posta em jogo, tanto interna como internacionalmente. Face à corrida eleitoral ora em curso nos Estados Unidos, prudente seria evitar a radicalização. O Primeiro Ministro sabe que as respostas devem ser temperadas pela atual indefinição do quadro eleitoral americano, onde a eleição do Democrata Joe Biden poderá lhe ser benéfica quanto à intensidade da atual controvérsia. O acirramento daria à Trump vantagem indesejada.

Quais seriam as respostas do outrora Império do Meio, e como poderiam elas afetar, não somente o seu  adversário, mas, também, as demais nações. A notável expansão comercial chinesa, permeando todos os continentes, dá à atual desavença um conteúdo pandêmico. De uma forma ou outra o atrito USA - China poderá provocar marolas planetárias com poucos ganhadores, se algum.

No cenário econômico, uma interrupção da cooperação comercial traria substanciais prejuízos, tanto à  América quanto à China. A dependência mutua é substancial, sobretudo na área tecnológica. Na área agrícola, tanto um quanto outro sofreriam graves perdas com a queda abrupta na venda de grãos. Na área financeira, vale notar a substancial posição chinesa em títulos do Tesouro norte-americano e os efeitos da perda de tal financiador. 

Também relevante  será avaliar o cenário militar. Pequim não tem como projetar sua força armada muito além de suas fronteiras próximas, tanto no mar quanto na terra. Sua força aérea não lhe permite incursões a grande distância por não ter os pontos de apoio para tal. Poderia manter, e até mesmo ampliar seu domínio sobre o Mar do Sul da China e o mar da China a Leste ao neutralizar as bases norte americanas, tais como Guam, Okinawa, Subic Bay e outras. Porém as hostilidades levariam a perda do livre acesso às rotas marítimas hoje essências à sua sobrevivência.

Como desdobramento estratégico, seria possível uma maior aproximação politica e comercial Pequim-Moscou que abriria as portas à China para as imensas reservas de petróleo e outras matérias primas. Contudo, o temor histórico quanto ao vizinho chinês por sua latente ameaça à integridade russa na descampada Sibéria, levaria o Kremlin a hesitar em maior engajamento militar com seu aliado . Mais um movimento no complexo xadrez asiático.

Já, a marinha americana, com sua arma aérea, secundada, ainda, pela força submarina capacitada para o lançamento de mísseis, seria um adversário insuperável desde que distante das margens chinesas Porém, os "boots on the ground", essenciais à uma vitória militar, não parece possível visto o perfil geográfico e demográfico da China. Os dados, de parte a parte, parecem indicar que, se guerra houvesse, chegar-se-ia a um impasse a ser resolvido politicamente.

E enquanto a inimizade se aprofunda, a União Europeia se vê confrontada coma "escolha de Sofia", onde sua preferência política pelos Estados Unidos se vê atenuada pelo interesse econômico que o mercado chinês lhe traz. Ainda, a cadente ameaça russa à integridade europeia enfraquece, também, os vínculos criados pela OTAN, hoje não mais sacrosanta. Assim, observa-se uma gradual diluição da outrora inquestionável dependência interatlântica. Aliança, sim, mas até que ponto?

As suposições acima nada mais são do que um exercício sobre um tema onde reside a permanência da Paz e sua consequente prosperidade mundial. É  torcer para que ambos os lados tenham juízo. Enquanto isso, o mundo não engajado no conflito observa, ansioso, quais serão as consequências.








quarta-feira, 22 de julho de 2020

Uma vez eleito...

EM NOVEMBRO DE 2018 ESTE BLOG PUBLICOU A MATÉRIA QUE SEGUE  ABAIXO. 

BOLSONARO PRESIDENTE OFICIAL - YouTube


O eleitor brasileiro deve desvencilhar-se da síndrome Fla-Flu onde um lado representa todo o mal e o seu candidato, tudo de bom. 

Esta coluna considera o candidato do PT inadequado para dirigir o país, menos por sua pessoa do que pelo partido que representa. Se eleito, as ações que será levado a tomar, impelido pela ideologia de seu partido refém do populismo e da desonestidade criminosa constatada nos tribunais, grande mal trará à Nação.

A preferência pelo candidato Jair Bolsonaro se deve a duas principais razões; a primeira, por impedir a ascensão de Fernando Haddad à presidência e o retorno dos vícios que tanto feriram o Brasil; a segunda, por ter Bolsonaro afirmado adotar, quando eleito, os princípios da economia ortodoxa, a mais coincidente com os interesses do país.

Mas tal preferência não permite ao cidadão-eleitor desviar sua atenção dos enormes desafios que se colocam diante de um candidato sem qualquer experiência administrativa e despido do habito de lidar com as grandes questões que deverá enfrentar.

Pelo contrário, será o aconselhamento e. por vezes, a critica construtiva, a maior ajuda que poder-se-á oferecer a Jair Bolsonaro no aprendizado que provavelmente se iniciará em janeiro de 2019.   
Seu carácter impulsivo, por vezes violento, e simplificador encerra perigos que não devem ser ignorados. O forte apoio que necessitará deve ser aquele que favoreça a realização dos grandes objetivos nacionais, porém com a prudência e respeito democrático na escolha do instrumental para lá chegar.

A  seleção de seus colaboradores revelará ao público o tom de seu governo. Para que tenha sucesso, necessário será que se cerque com os conhecimentos que lhe faltem e não daqueles que, por preferência pessoal, se lhe assemelhem. 

domingo, 19 de julho de 2020

Relações Internacionais

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O ministro Salles, do meio ambiente, mostrou talento ao inovar procedimento administrativo do governo; aproveita a pandemia e faz "passar a boiada". Em outras palavra, o faz enquanto não estão olhando.

Assim, enquanto se erra na Amazonia, nas relações exteriores o Chanceler Ernesto Araújo "passa as suas boiadas"... Lastreado nas teorias do pseudo filósofo Olavo de Carvalho, o diplomata adotou diversos procedimentos apesar de tendentes ao alheamento do Brasil face as demais nações cuja relevância não se pode ignorar tanto no  político quanto no econômico.

 A nova prioridade da política externa brasileira tem por lastro uma aliança integral  com os Estados Unidos da América, desprezando a inversão ora constatada nas prioridades internacionais daquele país. Não mais é aquele que, ao longo do Século XX, demonstrou a sabedoria de criar uma rede de solidariedade e responsabilidade mútua tendo por centro a Organização das Nações Unidas. Manteve suas fronteira tarifarias competitivas estreitando laços econômicos e políticos. Assim, a aliança de país como o Brasil com o gigante do Norte favorecia o diálogo multilateral, tendo por resultado o crescimento da prosperidade mundial. 

Porém, a eleição de Donald Trump, jejuno em política interna, canhestro nas relações humanas e desprovido de conhecimento internacional, iniciou nova fase na política externa norte-americana, Substituiu as décadas de cooptação e cooperação de países de visão política convergente por uma formulação neo-isolacionista. No momento, promove  o retorno da visão Mercantilista onde as relações entre países somente beneficiam o lado mais forte, onde a soma algébrica seria Zero. Ou ganha um, ou ganha o outro, negando o benefício mútuo que traz o comércio.

De  acordo com esta visão, Donald Trump optou pela contenção e reversão da expansão econômica e política chinesa,  cujo avanço implicaria em ameaça à segurança dos Estados Unidos.

Apesar da posição auto centrada de Washington, tendo por objetivo principal o isolamento da China, o Chanceler Ernesto Araújo, com o beneplácito de seu chefe, defende uma estreita aliança com os Estados Unidos. Coloca em risco, assim, os benefícios insubstituíveis que as importações chinesas trazem à agricultura brasileira, único setor que diferencia internacionalmente a nação brasileira, bem como o relevante fluxo de recursos aqui investidos.

Porém, igualmente grave, é a recente divulgação de relatório norte-americano onde a China é colocada como ameaça militar grave, abrangendo, não apenas os Estados Unidos mas, também a America Latina. Isto posto, insere-se no cenário geo-político, situação pre-conflito militar envolvendo o Brasil e suas forças armadas, e, em última análise, o seu povo. A recente entrevista de almirante Craig Faller, titular do Comando Sul  norte americano encarregado da segurança Latino Americana, destaca a importância do Brasil neste novo quadro militar, onde oficiais generais brasileiros estão sob o seu comando (...they work for me).

Não fora a aliança militar (Special non-NATO ally) ora vigente entre Brasil e Estados Unidos, tais manifestações seriam relevadas; ocorre, contudo,, que, considerando a vigente aliança militar recém celebrada, sujeita à  condições ainda desconhecidas pela opinião pública brasileira, necessário, e até mesmo impositivo se faz a plena divulgação do texto dos documentos relevantes.



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sábado, 11 de julho de 2020

Está na hora


Da amizade entre negros e brancos – revistaokoto – Medium


Poucos assuntos são tão fascinantes como a História. Com ela mergulha-se no passado, ilimitado na sua extensão, desvendando de onde, como e porque aqui chegamos. Conta a história de terras e culturas passadas que influíram na nossa, de gente esquecida que nos moldaram. A História ilumina o nosso Presente por dar-nos compreensão e, ainda, nos ajuda a estimar o que está por vir.

Ao mergulhar no mundo que se foi aprendemos quais eram  as regras do jogo da vida; desde o passado ainda selvagem na sua luta pela sobrevivência e poder, e a atual e sofisticada luta pela sobrevivência e pelo acumulo de riqueza e poder. Muda a aparência, mantem-se a substância.

Outras coisas não mudam; a busca pela posse da terra, o único bem reconhecidamente finito.  Mesmo  passando pelo gradual ordenamento da sociedade, essencial à sua perenidade, onde o homem  submete-se ao bem comum de sua tribo, o imperativo competitivo não esmorece. Apenas muda de forma e configuração. Ao longo da história  o conflito torna-se a regra, seja em busca do material, seja do simbólico.

Em sua trajetória guerreira, a humanidade mostrou sua ferocidade e impiedade, recorrendo à escravidão, tanto dentro dos limites de sua própria raça quanto na conquista de outras.   Já no Século XVIII, surge o Iluminismo e sua compreensão e sacralização do ser humano. Confrontando  a dubiedade das religiões preponderantes a nova visão abriu as portas do Ocidente para o entendimento da solidariedade humana.

Cada qual no seu tempo, a escravidão existiu em todas as terras, em todas as sociedades, e, cada qual no seu tempo, a repeliram.

Porém, ainda resta o germe desta praga com a permanência do racismo. Este é o inimigo real e atual, não as estátuas de outros tempos, de outras leis, de outros entendimentos. O que importa é o aqui e agora; deixar claro que a cor da pele é neutra pois nem valoriza  nem desvaloriza. Os protestos que ora ocorrem em busca de igualdade racial merece o apoio de todos, mas não basta. Essenciais são as políticas de valorização das classes menos favorecidas com acesso à saúde à educação e à moradia para que assim adquiram o instrumental que lhes abra as portas à  igualdade cidadã.

Ainda que, respeitando o arcabouço da livre "economia de mercado", não se pode esperar que o mito da "Trickle down economy" prevaleça. A experiência não a valida. Perante a realidade sócio econômica do país o Estado deve liderar, seja por ação direta, seja por estímulos e incentivos, o preenchimento do abissal fosso ora existente.

Ainda, o alerta está dado face ao desmoronamento econômico post pandemia, cujas consequências na base da pirâmide sócio-econômica exigem ação emergencial.  A perdurar a situação atual, o Brasil estará cada vez mais ameaçado pelas falsas promessas de  uma esquerda radical ou de um messias aventureiro.

sábado, 4 de julho de 2020

Agora é pessoal...




Esta coluna sempre adotou o formato da impessoalidade. Nada de "EU" nestes escritos. Mas hoje é diferente, hoje estou muito zangado (evito o moderno liguajar chulo).

Pois bem, ou mal, acordei  sob o impacto da proibição de brasileiro visitar a França. A razão oferecida culpa frontalmente o alto grau de incidência e de expansão de coronavirus no Brasil. Ora, poder-se-ia culpar o virus por sua virulência, porém a extensão de sua presnça pelo Brasil afora se deve, também, ao comando da República. Em vez de apoiar medidas que inibíssem a  endemia, teve Jair Messias por política  minimizar a importância do ao chamá-lo de "gripezinha", recomendando remédios que não remediam e descartando a máscara para mostrar ao povão que macho é macho. Belo exemplo.

Eis o resultado: a expansão incontida no Brasil intimida as demais nações, tornando o brasileiro um indesejável.

Já tendo pago o preço da infecção, justo seria manter o costume que me leva à Paris para lá recarregar minhas baterias existênciais. Tal qual peregrino, alimentar-me da harmonia urbana que, com elegância e proporção  humana dos edifícios concedem o privilégio de ver o céu ensolarado e o crepúsculo que chega; meditar sob o  raio de luz, adensado pelo insenso, através dos vitrais da igreja gótica, mergulhar no ouro outonal de suas árvores o lambusar-se na paleta da primavera florida. Admirar as obras de insuperável arte salpicadas dentro e fora dos museus. Caminhar ao longo do Sena, encontrar um ou outro livro que não mais esperava ler,  lembrar a história que flui caudalosa entre suas margens dando substância à humanidade. Instalar-se na Lipp ou no Voltaire, bebericar no Deux Magots, apimentados por notáveis e beldades.

Reverenciar as propoções e equilibrio do Arco do Triumfo, da Place Vendôme, da rue Royale, com sua Madeleine. E a Place de Vosges com o vermelho das veias de Henri IV, o Jardim de Luxembourg com seu imponente palácio. e o belo Parc Monceau, margeando a Place Rio de Janeiro, com seus portões imperiais. Deslumbram os olhos e a alma, provocam a imaginação do ontem e do hoje.

Temo, quando voltar à Paris, ter perdido a simpatia que nos dedicaram os franceses. Aquele sorriso conspirador ao saber que somos brasileiros. Aquele encanto que teem pelo nosso "canto" ao falar, com  nossa alegria, nossa simpatia. Temo que se rompa a empatia que nos aproxima.

Pois é... Paris só depois de rencotnrarmos o Brasil que se perde.