sábado, 4 de julho de 2020

Agora é pessoal...




Esta coluna sempre adotou o formato da impessoalidade. Nada de "EU" nestes escritos. Mas hoje é diferente, hoje estou muito zangado (evito o moderno liguajar chulo).

Pois bem, ou mal, acordei  sob o impacto da proibição de brasileiro visitar a França. A razão oferecida culpa frontalmente o alto grau de incidência e de expansão de coronavirus no Brasil. Ora, poder-se-ia culpar o virus por sua virulência, porém a extensão de sua presnça pelo Brasil afora se deve, também, ao comando da República. Em vez de apoiar medidas que inibíssem a  endemia, teve Jair Messias por política  minimizar a importância do ao chamá-lo de "gripezinha", recomendando remédios que não remediam e descartando a máscara para mostrar ao povão que macho é macho. Belo exemplo.

Eis o resultado: a expansão incontida no Brasil intimida as demais nações, tornando o brasileiro um indesejável.

Já tendo pago o preço da infecção, justo seria manter o costume que me leva à Paris para lá recarregar minhas baterias existênciais. Tal qual peregrino, alimentar-me da harmonia urbana que, com elegância e proporção  humana dos edifícios concedem o privilégio de ver o céu ensolarado e o crepúsculo que chega; meditar sob o  raio de luz, adensado pelo insenso, através dos vitrais da igreja gótica, mergulhar no ouro outonal de suas árvores o lambusar-se na paleta da primavera florida. Admirar as obras de insuperável arte salpicadas dentro e fora dos museus. Caminhar ao longo do Sena, encontrar um ou outro livro que não mais esperava ler,  lembrar a história que flui caudalosa entre suas margens dando substância à humanidade. Instalar-se na Lipp ou no Voltaire, bebericar no Deux Magots, apimentados por notáveis e beldades.

Reverenciar as propoções e equilibrio do Arco do Triumfo, da Place Vendôme, da rue Royale, com sua Madeleine. E a Place de Vosges com o vermelho das veias de Henri IV, o Jardim de Luxembourg com seu imponente palácio. e o belo Parc Monceau, margeando a Place Rio de Janeiro, com seus portões imperiais. Deslumbram os olhos e a alma, provocam a imaginação do ontem e do hoje.

Temo, quando voltar à Paris, ter perdido a simpatia que nos dedicaram os franceses. Aquele sorriso conspirador ao saber que somos brasileiros. Aquele encanto que teem pelo nosso "canto" ao falar, com  nossa alegria, nossa simpatia. Temo que se rompa a empatia que nos aproxima.

Pois é... Paris só depois de rencotnrarmos o Brasil que se perde.



2 comentários:

mmattoso disse...

Viajei agora nas suas referências em Paris.
É mesmo muito triste...

Regina Mayall disse...

Poética a sua Paris e muito triste não poder recarregar as suas baterias humanas e culturais, por esta falha politica. Paciencia! Vai passar...como dizem...