Esta coluna sempre adotou o formato da impessoalidade. Nada de "EU" nestes escritos. Mas hoje é diferente, hoje estou muito zangado (evito o moderno liguajar chulo).
Pois bem, ou mal,
acordei sob o impacto da proibição de brasileiro visitar a
França. A razão oferecida culpa frontalmente o alto grau de
incidência e de expansão de coronavirus no Brasil. Ora, poder-se-ia
culpar o virus por sua virulência, porém a extensão de sua presnça
pelo Brasil afora se deve, também, ao comando da República. Em vez
de apoiar medidas que inibíssem a endemia, teve Jair Messias
por política minimizar a importância do ao chamá-lo de
"gripezinha", recomendando remédios que não remediam e
descartando a máscara para mostrar ao povão que macho é macho.
Belo exemplo.
Eis o resultado: a
expansão incontida no Brasil intimida as demais nações, tornando o
brasileiro um indesejável.
Já tendo pago o preço
da infecção, justo seria manter o costume que me leva à Paris para lá recarregar minhas baterias existênciais. Tal qual
peregrino, alimentar-me da harmonia urbana que, com elegância e
proporção humana dos edifícios concedem o privilégio de ver
o céu ensolarado e o crepúsculo que chega; meditar sob o raio
de luz, adensado pelo insenso, através dos vitrais da igreja gótica,
mergulhar no ouro outonal de suas árvores o lambusar-se na paleta da
primavera florida. Admirar as obras de insuperável arte salpicadas
dentro e fora dos museus. Caminhar ao longo do Sena, encontrar um ou
outro livro que não mais esperava ler, lembrar a história que
flui caudalosa entre suas margens dando substância à humanidade.
Instalar-se na Lipp ou no Voltaire, bebericar no Deux Magots,
apimentados por notáveis e beldades.
Reverenciar as
propoções e equilibrio do Arco do Triumfo, da Place Vendôme, da
rue Royale, com sua Madeleine. E a Place de Vosges com o vermelho das
veias de Henri IV, o Jardim de Luxembourg com seu imponente palácio.
e o belo Parc Monceau, margeando a Place Rio de Janeiro, com seus
portões imperiais. Deslumbram os olhos e a alma, provocam a
imaginação do ontem e do hoje.
Temo, quando voltar à
Paris, ter perdido a simpatia que nos dedicaram os franceses. Aquele
sorriso conspirador ao saber que somos brasileiros. Aquele encanto
que teem pelo nosso "canto" ao falar, com nossa
alegria, nossa simpatia. Temo que se rompa a empatia que nos aproxima.
Pois é... Paris só
depois de rencotnrarmos o Brasil que se perde.
2 comentários:
Viajei agora nas suas referências em Paris.
É mesmo muito triste...
Poética a sua Paris e muito triste não poder recarregar as suas baterias humanas e culturais, por esta falha politica. Paciencia! Vai passar...como dizem...
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