domingo, 13 de setembro de 2015

Será o início ?



Quem conhece um tal de Jeremy Corbyn ? Pois bem, este político britânico, tido por excêntrico até há pouco pela maioria de seus correligionários do Labour (Trabalhista) Party, acaba de revolucionar tanto seu partido como o cenário politico de seu país. Com maioria absoluta no primeiro turno das eleições partidárias, Corbyn atingiu mais de 54% enquanto seu competidor mais próximo atingiu 15% e o representante dos seguidores de Tony Blair, apenas chegou a 4,5%.

Corbyn, político extremado, ainda acredita em estatização, em solidariedade social, em abolição das guerras e outros itens utópicos. Não promete ser um bom governante, se por acaso, muito acaso, chegar ao cargo de Primeiro Ministro. No entanto sua vitória espelha algo que parece estar se disseminando pelo mundo capitalista anglo-saxão e seus seguidores: o crescente protesto contra as desigualdades que decorrem de seus excessos liberais.

Não deve ser esquecida a derrota recente do Partido Trabalhista quando de recentes eleições, redundando em estrondoso fracasso assim fragilizando as lideranças tradicionais do partido. Este desdobramento traumatizou os até então expoentes do partido, redundando no repúdio da formulação da Terceira Via de Tony Blair. A mudança ora ocorrida deu-se, porém, com viès extremista, o qual dificilmente terá o apoio da massa eleitoral quando de novas eleições nacionais.

O protesto político eleitoral que ora se verifica na irriquieta Albion, se revela convergente across the pond com a surpreendente popularidade do candidato Democrata de tendência socialista, Bernie Sanders, nas primarias de Iowa e New Hampshire (USA), ameaçando temporariamente a liderança de Hillary Clinton.

Servem estes episódios como alerta contra o crescente fosso que separa, nos países líderes do “capitalismo de mercado”, os 20% mais ricos dos restantes 80%. Os primeiros recebem aproximadamente 80% da riqueza nacional gerada no ano, enquanto os segundos recebem apenas 20%. Como exemplo, um aumento hipotético do PIB de 4% trará, como benefício, 3,2% para o segmento abastado, ou seja 20% da população, deixando 0,8% a ser dividido dentre 80% da população remediada.

Dificilmente tal situação poderá se perpetuar. Provável será seu questionamento político.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Não mexam com as Forças Armadas


O decreto recém promulgado  por Dilma Rousseff, que lhe permite apropriar-se da administração  interna das Forças Armadas, revela estar em andamento manobra de extremo perigo para a República.

Do ponto de vista administrativo, tal iniciativa fere todos os princípios de eficiência e eficácia que devem reger as Forças Armadas.  A politização decorrente de tal Decreto fere, não somente sua estrutura funcional pela diluição da meritocracia, substituída que será pelo apaniguamento,  mas, ainda, injeta o germe do partidarismo político-ideológico nas cantinas, nos quartéis, violando a isenção que cabe á Instituição.

No lado político observa-se, em curta sequência, ameaças explícitas do ex-presidente Lula da Silva, prometendo colocar seu “exército” nas ruas,  em defesa das propaladas conquistas petistas. A estas seguiram-se manifestações beligerantes do Movimento sem Terra tornando plausível a desconfiança de estar a Nação sob ameaça.

Ao pretender assumir o direito de nomeação e promoção dos oficiais do Exército, Marinha e Aeronáutica o braço político interfere na configuração ideológica de seu quadro de oficiais, pretendendo assegurar, assim, a fidelidade armada aos seus desígnios político-sociais. Seguindo a cartilha Bolivariana, o Decreto parece  buscar os instrumentos que lhe permita intimidar o processo político, encontrando na força o que lhe é negado pela opinião pública.

O decreto, estapafúrdio se tão grave não fosse, afetaria o âmago da eficiência e confiabilidade dos soldados, que têm por missão defender a Pátria e a Constituição. Defender a Pátria de todos, não apenas àquela que o PT vislumbra, e defender a Constituição votada por dois terços dos congressistas, e não àquela almejada pelo populismo que se revela, já sem sombra de dúvida,  incapaz e incompetente.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Comentários  sobre  "A culpa de todos nós"


Já nos acostumamos com as das crianças do Holocausto, já as banalizamos, e agora precisamos de outras fotos mais atuais e mais chocantes assim seguimos em marcha ao consumo da galinha pintadinha afogada!
Marcio Paredes Crato      

Maravilhoso, sobre uma pequena vitima cuja imagem me chocou como poucos outros horrores das guerras
José Cândido Pimentel Duarte

Choremos,
Daisy Malaguti

Pois sim que a culpa é nossa, já ouviram falar no ISIS? A única solução é o mundo se juntar contra os nazistas e por fim  nesses  malucos. Mas alguém quer isso?
Philip

N sabia de sua veia poética !!!!
Gostei imensamente de s análise em o Ajuste Ajustado.
Abco
Helio

Comovedor em cena absolutamente chocante...
Lina

Choramos todos nós por essa vida tão curta, mas que tanto nos ensinou!
Angela





Comentarios sobre "Ajustes e desajustes"

 Com a constituição contingenciando 92% das receitas, com o Legislativo e o Judiciário gastando sem dar satisfação ao governo, com os privilégios protegidos por lei, com o partido do governo sendo ideologicamente contra o corte de gastos, com o Congresso agindo dentro do princípio suicida do "quanto pior, melhor", não vejo a menor chance de se cortar despesas de verdade. Pode até haver um arremedo de corte, mas não vai nem fazer cosquinha.

Carlos Alexandre

Concordo em gênero, número e grau com sua manifestação intitulada “Ajustes e desajustes”.
O aspecto mais preocupante do quadro que você desenhou, com sua costumeira propriedade e fina percepção, reside no fato de  nossa “presidenta” ser incapaz de detectar onde residem os erros ,  que finalmente ela mesma  acabou por reconhecer ter praticado. Por  via de consequência, a mais completa ignorância de perceber quais sejam tais erros a impossibilita de  apontar o caminho a ser seguido, de molde a tomar as medidas necessárias para, se não puder corrigi-los, pelo menos mitiga-los, de maneira a evitar uma situação catastrófica perfeitamente previsível a continuar nesse reconhecimento de desconhecimentos que, no seu confuso entender,  oferece uma “transparência”   suficiente para o encontro de uma solução do mal que ela jamais conseguiu entender.    Como diria o inesquecível personagem incorporado por Paulo Gracindo, como Odorico Paraguaçú  prefeito da mítica cidade de Sicupira, somos todos “brasilienses inconformantes e não merecendentes de tamanha descondescendência com o futurismo desconsiderante”  que nos depara.
Pedro Augusto

Levy é da escola de Chicago. Nelson Barbosa desenvolvimentista de Campinas. Difícil o entendimento e a Sra. Presidenta junta à sua incapacidade, a de arbitrar. Abraços, Chacel.
Julian


Não gerou confiança a entrevista concedida por Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, à uma plêiade de jornalistas. Não convenceram. Ao seu término observa-se que, do seu lado, Levy revela, nas entrelinhas, que o Executivo ainda não promoveu as economias necessárias ao reequilíbrio das contas públicas, e do lado de Barbosa, o ajuste é impedido pela oposição do Parlamento. Somando-se as duas avaliações, a primeira vítima é o povo.
Avalia com seu olhar Jornalístico
Perfeita análise!!
Como sempre  
Marianne

Vamos torcer, Pedro querido. Se tivermos alguém melhor em 18, agradeceremos todos
Bebel

Muito boa a análise de nosso "trágico" momento nacional ....
Lina







sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A culpa de todos nós


Resultado de imagem para fotos de aylan kurdi


Recostado, como se dormindo estivesse
recebendo o vai e vem do mar insensível
lá estava Aylan Kurdi

Sem saber nem como nem porque, perdeu-se
na busca do direito à vida que era seu
lá ficou Aylan Kurdi

Fugindo das trevas do homem-animal
partiu em viagem em busca do sol
lá se foi Aylan Kurdi

Em vã esperança de ver bondade
vontade de abrir braços e apertá-lo
lá chorou Aylan Kurdi

Sem entender o porque das coisas
sem conhecer nem Bush nem Bahgdadi
lá morreu Aylan Kurdi

Tênis e racismo


Seguindo tradição desta coluna, abre-se espaço para contribuições valiosas como esta de Brenno Mascarenhas, Juiz de Direito já aposentado, e tenista em longa e plena atividade. Seu texto torna-se mais um passo na direção da concórdia entre os homens. É uma honra recebê-lo.





Em 1992, em entrevista à revista “People”, Arthur Ashe, o consagrado tenista negro norte-americano, campeão de Wimblendon, do Aberto da Austrália e do US Open, afirmou que mais pesado que o fardo da AIDS (que contraíra em transfusão de sangue) era para ele o fardo da raça.


É difícil saber o que exatamente Ashe tinha em mente, que efeitos o fardo da raça produziu na sua alma. O que é certo é que o romeno Ilie Nastase, número um do mundo em 1973, costumava se referir a Ashe como “negroni” e chegou a chamá-lo de “nigger” (algo como crioulo), no calor de uma partida no Havaí, episódio relatado pelo próprio Ashe na autobiografia Days of grace.


Com ações, omissões e reações, a dinâmica que envolve o preconceito racial acaba produzindo situações curiosas. Em uma noite de jogos beneficentes programada pela Fundação Arthur Ashe para combate à AIDS, reuniram-se antigos campeões do naipe de John McEnroe, Steffi Graf e Martina Navratilova. As famílias de Ashe e de seu velho amigo Stan Smith ocupavam o mesmo box, em lugar de destaque nas arquibancadas. Estaria tudo bem se a filha de Stan Smith, descendente de ingleses, não tivesse presenteado a filha de Ashe com uma boneca loura. Ashe, ao perceber que a televisão mostrava insistentemente a imagem da filha se distraindo com o brinquedo novo, previu a avalanche de críticas que viriam de setores engajados da comunidade negra, críticas centradas no que seria a incapacidade dele de impedir que ela assimilasse falsas noções de superioridade dos brancos. Ansioso por evitar constrangimento dessa natureza, Ashe optou por ser prático e, discretamente, sumiu com a boneca da filha.


A verdade é que a coisa vem de longe. Importado da Inglaterra, o tênis foi introduzido nos Estados Unidos ainda na década de 1870. Tudo indicava que o tênis na América seria para sempre um esporte de branco, como na Europa, dadas as barreiras sociais, econômicas e institucionais que impediam o acesso de negros aos clubes de brancos, à United States Lawn Tennis Association (USLTA) e aos torneios mais importantes, organizados por essa entidade.


Mas os negros começaram a experimentar e a gostar de tênis. Em 1912 e 1916, foram fundados respectivamente o The Chicago Prairie Tennis Club, primeiro clube de tênis de negros nos Estados Unidos, e a American Tennis Association (ATA), que se incumbiu da realização torneios para tenistas negros.


De fato, por várias décadas, a USLTA, sem qualquer justificativa razoável, se recusou a filiar negros. O aberrante confinamento dos tenistas negros norte-americanos à ATA somente caiu, às custas de muita pressão e penosas negociações, em 1950. Nesse ano a fabulosa Althea Gibson, negra do Harlem, Nova Iorque, depois de passar pelo constrangimento de comprovar que era mulher, se inscreveu na USLTA e disputou o Campeonato Americano, em Forest Hills.


Já campeã de Wimblendon e reconhecida como melhor tenista do mundo, Althea Gibson parecia chamar mais a atenção por sua afro-ascendência do que por seus feitos tenísticos. No Brasil, o festejado Henrique Pongetti, em crônica de julho de 1958 publicada na revista Manchete, faz menção a derrota de Maria Esther Bueno para Althea Gibson e comenta que a brasileira “teve a simpática mulatinha em suas mãos e deixou a vitória escapar-lhe”.


De Althea Gibson até hoje muito se avançou. A África do Sul do apartheid foi banida da Copa Davis em 1970, tenistas negros da classe de Yannick Noah, Zina Garrison, Jo-Wilfried Tsonga e Gael Monfils se destacaram em torneios do mais alto gabarito e as irmãs Venus e Serena Williams, também negras, fizeram entre si nada menos que oito finais de Grand Slam.


Muito se avançou, mas o mal é resistente. Há alguns anos, Lleyton Hewitt, australiano ainda em atividade, jogando contra o negro James Blake, inconformado com as decisões de um juiz de linha negro, não se intimidou diante do grande público presente. Dirigiu-se ao árbitro de cadeira e disparou: “Olhe para ele e para ele”, falou Hewitt, apontando primeiro para o juiz de linha e depois para Blake, “me diga sobre a semelhança”.


Como se vê, se equivocaria o desavisado que pensasse que racismo no tênis é problema superado. A luta continua.





terça-feira, 1 de setembro de 2015

O ajuste desajustado

Resultado de imagem para foto levy e nelson barbosa
Levy e Barbosa
Não gerou confiança a entrevista concedida por Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, à uma plêiade de jornalistas. Não convenceram. Ao seu término observa-se que, do seu lado, Levy revela, nas entrelinhas,  que o  Executivo ainda não promoveu as economias necessárias ao reequilíbrio das contas públicas, e do lado de Barbosa, o ajuste é impedido pela oposição do Parlamento. Somando-se as duas avaliações, a primeira vítima é o povo.

O recente ato de contrição da Presidenta Dilma Rousseff, reconhecendo ter errado no passado na condução da economia nacional, pouco significa se não tiver a coragem de tomar, urgentemente, as medidas de ajuste econômico que se impõem. Constata-se assim, que após toda a mise en scène do mea culpa, prevê-se o substancial déficit de R$ 30 bilhões no ano de 2016.

Torna-se conveniente a tradução destes fatos e número para o português social. Este déficit se traduz, internamente, por um provável aumento dos impostos, onerando as atividades econômicas, reduzindo o consumo e provocando crescente desemprego. Ainda, a redução da capacidade de investimento, tanto interno como externo (este sob o espectro da perda do investment grade) provavelmente redundará em forte pressão inflacionária, insuflada pela desvalorização do Real, redundando em forte perda de poder de compra do povo. O temível cenário de stagflation parece surgir, antevendo-se a prolongação do mal estar. Neste quadro conturbado, talvez do dólar valorizado virá uma luz de esperança, desde que a indústria exportadora brasileira aproveite o bonus de competitividade que lhe será oferecido.

Em suma, as classes médias e menos favorecidas, com  sua capacidade de consumo exaurida, ver-se-ão comprimidas, afastando-se cada vez mais da promessa de crescente participação na riqueza nacional.
A endêmica corrupção, promovida pelo Partido dos Trabalhadores, junto às empresas estatais contribui para agravar o quadro acima descrito.

Triste figura fez Dna. Dilma no passado. Porém, hoje, neste presente conturbado, a Presidente precisa se convencer da urgência de medidas corretivas. Como se não bastasse o trato da questão nacional, não se deve desprezar a incógnita Chinesa. As bilionárias bolhas, o enorme endividamento interno, as Bolsas artificializadas e questionadas podem transformar-se em catalisador de crise com desdobramento internacional. Quanto menos preparado estiver o Brasil, maior e pior seria o impacto.