quarta-feira, 10 de abril de 2024

O Golpe de 1967




Muito se fala do Golpe de 64 e pouco se fala da política destrutiva trazida por João Goulart nos idos d'aquele ano.

Impelido por febre demagógica, acometido de ímpeto distributivista infantil, anunciava ele o confisco de terras produtivas e empresas para doá-las ao lumpen despreparado para explorar e gerir a base da estrutura econômica brasileira. Pari passu, gerava a desídia nas forças armadas em discursos pregando e causando a quebra da disciplina dentre marujos e soldados.

O projeto de João Goulart levaria ao país a desestruturação de suas instituições, ao colapso da propriedade privada como pedra angular e, consequentemente, ao desmonte do ordenamento político, este substituido por um desgoverno em busca de novas regras e novos equilíbrios para uma República atônita e uma nova elite despreparada.

O Brasil fervia nestes dias de outono prevendo um gélido inverno sócio-político. Enquanto os núcleos contestatários espalhavam-se no entorno político, já a burguesia brasileira, intimidada pela violência dos discursos ameaçadores vindos tanto dos governantes quanto de setores radicais e incontidos, buscaram proteção nas Forças Armadas.

Estas não faltaram; Minas Gerais se rebela e suas tropas se dirigem ao Distrito Federal, arrastando consigo as tropas paulistas. No Rio, Jango foge e, em sinal de vitória, os tanques guarnecendo o palácio presidêncial aderem à Carlos Lacerda.    

Terá sido um Golpe Militar ou uma ação preservando a República brasileira, não restando à Nação outro instrumento que à protejesse? Apesar de instaurado um Regime de Exceção, a preservação do Congresso e do Supremo Tribunal Federal e das eleições indiretas mantiveram a base necessária à redemocratização. E assim projetava o Gen. Humberto Castello Branco o retorno à democracia que, gradualmente permitiria o desmonte da repressão. 

Contudo, não era esta a visão do Alto Comando Militar, sob a direção do Gen. Costa e Silva. Ao tomar posse em 1967, este proclamou o Ato Institucional no. 5 onde as garantias constitucionais tornam-se  subordinadas aos atos de repressão. 

Talvez tenha sido esta a real data do Golpe. Em 18 de julho daquele ano morre Castello Branco em estranho acidente aéreo, em colisão com avião da FAB. Resta saber se, realizado o projeto de redemocratização defendido por Castello Branco,  evitaria ele as reações violentas de parte a parte que dilaceraram o Brasil nas décadas seguintes.    

No entanto, tendo por consequência um novo e próspero Brasil, este redemocratizado, com a Direita e Esquerda políticas em jogo regrado, alcançou o país novos índices de desenvolvimento dentro de um quadro social estabilizado e justo. 


4 comentários:

Anônimo disse...

Ótima análise, mas parece que o milagre econômico do período da ditadura não foi bem assim, não? Abs

pedro leitão da cunha disse...

Caro Anônimo, não houve milagre, porém boas reformas econômicas (Bulhões) tais como queda da inflação, reforma do mercado acionário,
adoção da correção monetária, orçamento equilibrado, etc...

PLC

Anônimo disse...

Pedro,
Acho que em 1964, o Brasil, a América Latina e o resto do mundo ocidentalizado se encontrava sob fortíssima influência da muito bem engendrada máquina da propaganda soviética, que transmitia informações totalmente falsas, e, sob rigorosíssima repressão do regime comunista. O fenômeno chegou a tal ponto que até o governo americana chegou a ter medo de estar ficando para trás, diante do avanço ( falso) da economia, tecnologia e força militar soviética.
Então, Jango e companhia compraram a ideia falsa de que o regime comunista era um sucesso e a elite brasileira comprou também a ideia de que a URSS tinha meios capazes de implantar no mundo suas teorias, e pelo mesmo motivo ficou apavorada.
A experiência de Cuba, que nunca foi comunista e sim uma cleptocracia, que simplesmente trocou uma ditadura por outra, fez o medo tomar conta das elites, classe média e militares no Brasil.
O golpe ou revolução, como queiram chamar, começou arrumando uma casa que estava, realmente, muito desorganizada, sem rumo, com inflação alta, muita corrupção etc.
Ela se perdeu, infelizmente, quando a repressão se fez muito violenta, a censura onipresente e a oposição aniquilada.
Foi mais uma das várias oportunidades perdidas em nosso país.
Ignez

pedro leitão da cunha disse...

Ótimo comentário querida Ignez. Quanto à Cuba, onde morei por algum tempo, a kleptocracia do Batista foi substituida pelo regime de ferro de Fidel, com enorme derramamento de sangue cubano e uma desorganização economica que perdura até hoje. A democracia pre-existente ofercia, pelo menos, o direito de mudar de ladrão.
Abraço, Pedro