O Brasil acorda com os jornais declarando o fim da integridade constitucional. Tal se constata ao ver o Senado da República, em conluio com a Câmara dos Deputados, derrubar, mais uma vez, o limite de gastos públicos determinado pela Constituição brasileira. A votação seria unânime não fosse o único voto contrário do Senador José Serra do PSDB, portanto merecedor de admiração.
Assim, constata-se a perda da integridade constitucional do Brasil e do controle monetário e orçamentário da Nação. O subsequente desmonte da confiança do capital privado no trato da economia bem como na crença nos gestores das contas públicas, traduz-se pela alta das taxas de juros nominais e pela queda do valor da moeda.
Os detentores de ações e títulos de renda deverão buscar no mercado uma nova equação que lhes dê proteção em quadro tendente a afastar capitais do ciclo produtivo, estimulando a especulação. Em suma, trata-se de uma desorganização nos ambientes, não só financeiro mas, também político.
Ao observador, torna-se ´patente a ocorrência de fraude eleitoral. O atual presidente comprometeu-se, quando de sua eleição, respeitar as premissas conservadoras no ambito orçamentário; contudo, hoje, premido pela ambição de poder, revela ele nítida preferência pelo populismo de esquerda. Para fins eleitoreiros gera recursos inflacionários a revelia dos procedimento ditados pela Economia Liberal, a serem distribuidos aos segmentos eleitorais de sua preferência.
Ainda, tais medidas de inegável desrepeito orçamentário e constitucional se refletem no custo do crédito que o Brasil e suas empresas venham a merecer, assim afetando os setores privados e públicos, permeando, a seguir, toda a sociedade.
Porém, o que mais supreende o observador será a união de todos os partidos representados no Senado, onde os senadores (doravante merecedores de letra minúscula), ávidos pelos benefícios políticos dos recursos liberados, demonstram quão distante estão dos interesses do Brasil. A adesão pelo PT e demais partidos de oposição, atemorizados de se verem contrários à distribuição de benesses proposta pelo governo e seu aliado o Centrão, apoiaram o projeto, assim revelando quão imediatistas são ambos os extremos do atual quadro político. Assim, escancara-se a irresponsabilidade política, onde a ambição de poucos terminam por legar aos brasileiros o alto custo de sua voracidade política.
Esta conjunção de episódios negativos instala forte dúvida sobre o futuro regrado da Nação. O perigo que decorre do aumento da disparidade de renda que ora se observa, relegando as classes desassistidas a um futuro sem esperança, terá consequência política, provávelmente em direção de uma esquerda radical. Assim o Brasil torna-se vulnerável aos apelos populistas e autoritários. Deve ficar claro aos senhores que governam a Nação que a desmoralização do parlamento brasileiro abre as portas à "solução" ditatorial.
Como antídoto cabe às elites brasileiras reconhecer os graves desequilíbrios que se maifestam e se acentuam na sociedade brasileira bem como exercer sua influência e poder econômico na direção de governos responsáveis, onde a distância entre os que teem e os que nada teem se reduza, assim tornando-os solidários em seus objetivos para a Nação.
2 comentários:
Pedro, sou Ignez Costa e Silva. Como sempre, suas análises são muito lúcidas e objetivas. Gostei, especialmente do parágrafo final na referência as nossas elites burras e alienadas. Estamos dançando em cima de um barril de pólvora e todos continuamos muito animados!!!
Assim parece, Ignez. Existe forte relutância da elite em reconhecer o perigo político que reside no desequilíbrio social.
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