sábado, 30 de julho de 2022

Degradação


 

As hostes governistas, valendo-se da maioria que lhe concede o Centrão, aliada à cupidez eleitoral de uma oposição desnorteada,  preparam manobra legislativa para a aprovação de mais uma das inúmeras PEC's criadas para fins político-partidário. Após o êxito deste projeto, com nítido objetivo eleitoreiro, fura-se, mais uma vez, o teto das despesas públicas, abrindo-se as portas ao retorno da outrora irresponsável política fiscal e à ressureição de inflação crônica de tempos passados.       

Em sequência à esta manobra, empreende-se mais uma tentativa de alteração constitucional. O presidente, refém de sua natureza impulsiva e atrabiliária, torna-se, hoje, sujeito à imputação por  diversos Crimes de Responsabilidade.  Em frontal desrespeito aos objetivos permanentes da Constituição e através de manobras imediatistas e personalistas, as forças políticas que compõem o governo iniciam uma manobra que visa levar o Presidente, caso derrotado nas próximas eleições, ao cargo vitalício de Senador.

Tal manobra encerra sérios perigos para o país. Sendo um Senador, no caso "vitalício", inimputável na vigência de seu mandato, obteria ele imunidade face aos atos porventura criminosos enquanto presidente. Em tal circunstância receberia o presidente em exercício, "salvo conduto" para a ilegalidade, durante e após o período de seu governo. Ainda, a partir do pedestal senatorial, preservaria ele forte influência sobre o segmento radical de direita, aprofundando a clivagem que ora fere a Nação.

Ainda, conforme o conceito de isonomia, torna-se provável que tanto os presidentes anteriores quanto os futuros, mereçam o  acesso vitalício ao Senado, assim tolhendo a necessária renovação da casa. Por razões respeitáveis tal procedimento não ocorre nos países relevantes que compõem o mapa político do planeta.  Já, a Itália, país conhecido por sua instabilidade política, é o único exemplo relevante da existência de tal privilégio, ainda que os senadores vitalícios lá não gozem nem do direito de voto. nem se beneficiem da anistia que o cargo no Brasil lhes confere. 

Degrada-se, assim, o país ao criar mais uma caixa de surpresas, uma "jabuticaba" bem brasileira,  com nítido vies irresponsável. 

   

2 comentários:

Anônimo disse...

Coitado do nosso Brasil;de pleno acordo com você.

Anônimo disse...

Mais um absurdo que vai corroendo a nossa pobre democracia.
Ignez