Como exemplo, constata-se que nos Estados Unidos os Meios de Pagamento triplicaram entre os anos de 2019 a 2021, redundando na forte pressão inflacionária que ora se observa. Como elemento complementar na pressão dos preços, tem-se a guerra ora em curso nas fronteiras russas e ucranianas e seus efeitos negativos no campo da energia e da alimentação.
Outro fator de desequilíbrio é a questão migratória. Já existente antes da pandemia, tornou-se mais aguda ao reduzir a oferta de emprego e acentuar a competição entre nativos e imigrantes pelas vagas disponíveis. Hoje atravessa-se profunda instabilidade e ansiedade onde o Ocidente, gradualmente perdendo sua vantagem econômica, entra em conflito com o Oriente., assim validando as previsões do magistral "1984" de George Orwell. A emergência da China ameaça, pela primeira vez, a tradicional supremacia Ocidental. Tal quebra da "regra do jogo, exige adaptação, durante a qual tem-se a crescente radicalização.
Enquanto a prosperidade age como vaso dilatador no intercâmbio econômico internacional, a crise econômica torna-se vaso constritor, erguendo barreiras políticas e econômicas. No âmbito interno a crise gera o reflexo político, onde os candidatos encurtam os horizontes face a premência na sua solução enquanto, pari-passu, exploram a insatisfação popular.
Já, o cenário externo, como fator complementar ao reajuste econômico, tem-se a rejeição à crescente imigração. Na Europa, a onda migratória dos refugiados foi inevitável. Estes, vítimas das aventuras militares da OTAN e de George W. Bush no Oriente Médio e da pobreza estrema das ex colônias africanas engrossaram o êxodo para a Europa. Já nos Estados Unidos observa-se forte inquietação devida à continua redução dos brancos na composição demográfica do país. esta devida a maior fertilidade dos não brancos e à perene onda de imigração advinda dos bolsões de pobreza no Mexico e na América Central.
Esta invasão de culturas e raças "estranhas" causa ao país receptor crescente insatisfação que, por sua vez, é explorada e mobilizada por políticos de pendor autoritário. O apoio eleitoral a Trump e à Marie le Pen retrata os temores dos cidadão à maré migratória.
A tais desequilíbrios soma-se a inédita emergência da China e da Russia², potências orientais, que contestam a primazia econômica e política imposta por Washington. A hegemonia romana durou cerca de 500 anos, e após longo intervalo, sucedeu-lhe o domínio Britânico, que, por sua vez, durou 450 anos, seguido pela liderança do império norte americano que cumpre 250 anos. Terá chegado a vez da Ásia?
A emergência da China representa relevante contestação à hegemonia norte americana. Se aliada à Russia, a população do bloco atingiria mais de 1,7 bilhões de habitantes. Sua área geográfica seria de 26 milhões de km². Ainda, neste território existem (sobretudo na Russia Siberiana), as matérias primas necessárias ao desenvolvimento do bloco. Seu PIB conjunto seria de aproximadamente US$ 20 bilhões, Ainda, tal aliança teria o maior arsenal nuclear do planeta. Porém, seu "calcanhar de Aquiles" seria a insuficiência da produção alimentar, cuja solução dependeria das vias marítimas de abastecimento.
Estas observações não pretendem descortinar o futuro, mas, sim, apresentar hipóteses onde as nações, levadas pela incompreensão dos desígnios de seus rivais, caminham para a confrontação. No entanto o conflito não é inevitável, desde que a ascensão econômica chinesa seja aceita como busca de crescente prosperidade e não como desafio..
Já, ao Brasil interessa o multilateralismo, tanto político quanto econômico. Se, por um lado, as boas relações com os Estados Unidos são essenciais, tanto na área financeira quanto na comercial, por outro. as relações comerciais com a China em muito supera o comercio com os demais países, tornando-se instrumento essencial para o desenvolvimento do Brasil.
1) Termo usado nos Estados Unidos para designar a pessoa branca.
2) Apesar de ser Moscou na Europa, a Russia tem 2/3 de seu território na Ásia
Um comentário:
Excelente.
Ignez
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