quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Vacina e política
domingo, 18 de outubro de 2020
Tempos modernos
No princípio da cinematografia surge o filme "Tempos Modernos", dirigido e interpretado por Charles Chaplin. Tendo por tema a chegada explosiva da modernidade, Chaplin, com insuperável humor descreve os desafios e ansiedades humanas que acompanhavam e revolução industrial em curso.
Os dias de hoje bem se assemelham àqueles tempos.
Quanto mais tecnologia mais se aceleram as mudanças na sociedade e nos segmentos que a compõe. Um deles é a atividade bancária, onde a velocidade da luz dos circuitos aceleram as relações entre clientes e bancos. Acelera-se também o treinamento, a maturação do homem técnico que, ao dominar os labirintos virtuais, potencializa a capacidade de análise e solução de problemas.
Nos tempos idos do Século XX, o administrador de banco maturava qual vinho, colhendo com o tempo a experiência na lide dos fatores relevantes, tanto sob o aspecto operacional da mecânica financeira quanto sob a ótica mais abrangente do comportamento e motivações do mercado nas suas diversas fases.
O que demandava o instrumental humano como centro da análise e previsão dos diversos fatores de risco que permitissem o sucesso do projeto, hoje os algoritmos reproduzem infinitas hipóteses e oferecem soluções para os mais variáveis cenários.
Porém, esta revolução cibernética talvez não tenha ainda incorporado em suas equações o peso da ambição e da malícia que se escondem e se confundem no caleidoscópio das emoções humanas. As pulsões do Bem e do Mal, em permanente conflito bíblico, dificilmente serão dominadas pela arregimentação dos bytes.
Assim, duas realidades se criam, àquela gerada pelo consenso cibernético, que em processo circular cria e valida sua própria "verdade mecânica" e a "verdade humana" que, poderá chegar (após tempo e prejuízo) à contestação de tal validação.
A capacidade de gerar, propagar, mobilizar e cooptar os fatores necessários para a geração de uma proto-realidade pode, também, tornar-se o germe de um grande engodo.
O que nos traz aos momentos atuais de re-desenhamento do sistema bancário brasileiro, este dirigido por uma nova geração, sob a égide da "verdade virtual". O surgimento das quinhentas novas "Fintecs" e milhões de novos "Pix" propõe aumento de eficiência e velocidade que, no tempo, trarão benefícios aos mercados financeiros e seus clientes.
Contudo, toda atividade que envolve valores monetários exigem especial cuidado tendo em vista sua natureza fungível, passível de manipulação e artifícios. A eficiência, eficácia e prudência na movimentação da poupança é de extrema relevância sócio-econômica, sendo também parâmetro de confiabilidade política. Ainda, por sua complexidade e vulnerabilidade, exige conhecimento, experiência e ética na sua condução.
Assim, a cautela se impõe no período de instalação e ajuste na implementação de novos sistemas, quando além das variáveis conhecidas surgirão as ainda por conhecer, sobretudo no que envolve a segurança das partes.
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
Plano inclinado
Contrariando os interesses fundamentais do Brasil, o Itamaraty acaba de juntar-se aos Estados Unidos e o Japão para, nada mais nada menos, posicionar-se contra o seu maior parceiro comercial, a China! Sob a batuta do jejuno ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o governo Bolsonaro emite comunicado conjunto com os países acima mencionados.com o intuito de retirar à China as suas atuais condições de participação na Organização Mundial do Comércio.
Assim o Brasil, imprudentemente, posiciona-se contra os interesses da maior importadora de seus produtos, responsável pela manutenção do invejável saldo de moeda forte brasileiro, esteio de sua credibilidade fiscal e financeira no exterior.
Simultaneamente, e na direção oposta, as estatísticas de nosso comercio exterior revelam uma precipitosa queda nas trocas comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Esta queda já se manifesta a partir de 2019 e ainda mais agravada em 2020, como resultado da política de "America First" instituída por Donald Trump. Apesar das inúmeras concessões do Brasil aos interesses norte-americanos, desde os estratégicos, aos comerciais. as tarifas norte americanas sobre nosso produto vem aumentando continuamente.
Ao Brasil cabe juntar-se aos Estados Unidos quando tal iniciativa condiga com seus interesses. A subserviência do governo Bolsonaro, que se observa desde seu início, ameaça a estabilidade econômica brasileira, a qual tem por parceiro comercial insubstituível, a China.
Surpreende o alheamento do Congresso e das Forças Armadas quanto às consequências que redundariam de hostilidade gerada para com a fonte de riqueza crucial ao nosso desenvolvimento e segurança.
A atual política externa brasileira, contrariando todo o seu histórico republicano, aproxima-se de crime de responsabilidade, por conspirar com potência estrangeira contra os interesse permanentes do Brasil.
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Milicia e democracia
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Debate ou embate?
O que se observou no dia 29 de setembro em Cleveland, Ohio não foi um debate mas sim um embate. Em vez de seguir as regras enunciadas pelo mediador Chris Wallace, o que permitiria aos espectadores em teor bem mais pacífico do que muitos chamariam de "the Great Bully".
Em vez de oferecer ao espectador as ideias e propostas dos candidatos, o que se viu foi um pugilato verbal iniciado e provocado pelo presidente Donald Trump. Ameaçado de ser descartado e anulado, Joe Biden teve que reagir, ainda que ris Wallace, mesmo sendo comentarista do canal Fox News, pró governo, tendo por natureza simpatia pelo atual presidente, viu-se levado a responsabilizar Donald Trump pelo fiasco.
O Presidente, em vez de pautar-se por um debate disciplinado, falando e deixando falar, lançou-se em ataques e interrupções, impedindo que o público assistente pudesse ouvir e compreender as declarações, de Joe Biden, seu adversário. Segundo o moderador, Trump interrompeu Biden 77 vezes, assim provocando a resposta do adversário em 22 vezes.
Porém, bem mais grave, foi Donald Trump exibir, de forma explicita, sua vocação ditatorial. Em vários momentos revelou não estar preparado para comandar dentro de balizamento democráticos, atropelando-os em compreensão desvirtuada dos limites de seu poder.
Arrastado por sua arrogância
1. revela não aceitar os resultados das urnas se estes lhe forem adversos, predeterminando serem fraudados os votos pelo correio, estes preponderantes em condições de pandêmia.
2. não admite críticas a seu governo e sua pessoa sem que reaja colérico. Como exemplo repudia a realidade ao se auto conferir eficiente combate à pandemia. Descarta ter desprezado o uso da máscara, o isolamento social, o respeito à medicação de fontes científicas, etc...
3. promete invalidar, por fraudulentos, os votos a serem enviados pelo correio. Ameaça formação de grupos "fiscalizadores" nos locais eleitorais servindo, assim, para intimidar opositores.
4. conta com o apoio das milícias armadas da Supremacia Branca
5. não hesita recorrer à mentiras facilmente verificáveis para embasar seus argumentos
6. apesar de defender o conceito de "Law and Order" desrespeita regras pré estabelecidas que venham a lhe tolher seus interesses
7. rompe as regras de educação e respeito devido em debate político ao acusar de drogado o filho de Joe Biden.
Ainda mais relevante do que suas observações políticas durante o embate, Donald Trump revelou-se psicológicamente despreparado para o cargo que ocupa. Revelou ao público impetuosidade e falta de auto-contrôle verbal e mental. Sua irrascibilidade, seu desrespeito às regras do debate democrático revela um ethos refratário ao que conteste sua vontade. Suas reações são incontroláveis, dentro do quadro de "custe o que custar", mesmo quando sabendo ser contrário ao seu interesse posterior ao imediato.
Esta "amostra" de sua personalidade dixa claro à nação norte-americana que a eleger-se Donald Trump à presidência não só o país ver-se-á sob as incertezas de uma mente inquieta, impulsiva, e, ainda, destituído das defesas que um arcabouço cultural propicia, dando-lhe referências essenciais ao bem governar.
Já, fora de fronteiras, cabe ao Brasil e seus governantes , meditar sobre os perigos de uma excessiva dependência a governo de alto risco para si e para a ordem internacional.