20 MINUTOS – UM RELATO QUE BORDEJA A VERDADE
No dia 9 de janeiro deste novo ano, com 20 minutos de atraso, o Presidente Donald Trump adentrou a Sala de Imprensa da Casa Branca, seguido de séquito de importância nunca vista nestas ocasiões.
Acompanhavam-no o Vice
Presidente, dois generais, um deles o Chefe do Estado Maior, e os
Secretários (leia-se ministros) das Relações Exteriores e da
Defesa.
Amparado pelo mais
poderoso estamento político-militar do país, a imprensa presente
pre-sentia, antecipava nas palavras do Comandante em Chefe a
conflagração prometida, a nova guerra no Oriente Médio. A
retaliação Iraniana, prometida e já cumprida sobre as bases
americanas no Iraque, Al Assad e Erbil, exigiria resposta conforme
promessa do Presidente: destruição de 52 alvos iranianos, já
predeterminados.
Porém, contrariando a
mise en scène, a montanha
pariu um coelho. Cercado por intimidantes uniformes, Donald Trump
derramou-se em apelos pacíficos, ridicularizando os efeitos dos
misseis iranianos, alegando a incolumidade das suas tropas.
Defendeu, então, a desescalada, a interrupção das represálias, a
busca de solução pacífica.
Com
aparente alívio para uns e desapontamento para outros os jornalistas
registraram as notícias pacificadoras., e dispersaram-se. Mas algo
estava errado neste relato oficial; perguntas importantes ficaram sem
resposta:
- Porque a presença de elementos militares da mais alta patente e dos ministros mais envolvidos no contencioso se a mensagem era de paz?
- Tendo havido onze vítimas militares americanas, ainda que não fatais, atingidos que foram nas bases militares alvejadas, porque o fato não foi divulgado na reunião com a imprensa?
- Qual teria sido o teor do comunicado original, cuja alteração, segundo informação posterior da Casa Branca, retardou por 20 minutos a chegada do presidente e de seu séquito?
Para
buscar-se resposta, vale um passo atrás. Juntando-se as peças,
muito indica que a reunião na Casa Branca, convocada por Donald
Trump, teria por objetivo anunciar a retaliação ao Irã.
Prisioneiro de suas próprias promessas nos dias anteriores, o
Presidente não mais poderia retroceder. Os alvos iranianos
pré-selecionados seriam aniquilados. Este seria o comunicado
original, o pretendido.
Compreende-se,
assim, o porque da presença do alto comando militar norte americano.
Esta, somente seria justificada caso uma operação militar fosse
anunciada.
Face
à oposição militar, a intenção do Presidente não se cumpriu. Os
Generais presentes, preocupados com a insuficiente presença de tropa
americana naquele teatro, e, ainda, surpreendidos pela sofisticação
e precisão do armamento iraniano, capaz de causar sério dano
durante os vulneráveis momentos que acompanhariam a mobilização
sua força militar, teriam vetado a decisão presidencial, impondo o
abrandamento da mensagem a divulgar.
Assim,
tornou-se necessária a modificação do texto originalmente
proposto; em vez de guerra, optou-se pela paz, mesmo que temporária.
Da formalização das objeções dos Generais até a revisão do
texto, lá se foram os 20 minutos.
P.S. Publicado pelo New York Times em 24 de janeiro, 2020:
P.S. Publicado pelo New York Times em 24 de janeiro, 2020:
34 Troops Have Brain Injuries From Iranian Missile Strike, Pentagon Says
The statement contradicts President Trump’s dismissal of concussion symptoms felt by the troops as “headaches” that were “not very serious.”
2 comentários:
- A presença do aparato burocrático-militar de alto coturno, não pretendia constituir ameaça ao Irã: a missão estava consumada! A óbvia intenção era divulgar o apoio consensual à decisão que, aqui mais que óbvio, jamais teria sido praticada isoladamente, em reflexão aprofundada no banheiro presidencial privativo do salão oval...
Boas observações, Tavares. No caso em pauta, o comunicado à imprensa poderia ser, de duas, uma: 1. retaliação violenta americana ou 2: sem retaliação. A segunda vingou. O artigo pretende explicar o porque.
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