quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

20 Minutos


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20 MINUTOS – UM RELATO QUE BORDEJA A VERDADE

No dia 9 de janeiro deste novo ano, com 20 minutos de atraso, o Presidente Donald Trump adentrou a Sala de Imprensa da Casa Branca, seguido de séquito de importância nunca vista nestas ocasiões.

Acompanhavam-no o Vice Presidente, dois generais, um deles o Chefe do Estado Maior, e os Secretários (leia-se ministros) das Relações Exteriores e da Defesa.

Amparado pelo mais poderoso estamento político-militar do país, a imprensa presente pre-sentia, antecipava nas palavras do Comandante em Chefe a conflagração prometida, a nova guerra no Oriente Médio. A retaliação Iraniana, prometida e já cumprida sobre as bases americanas no Iraque, Al Assad e Erbil, exigiria resposta conforme promessa do Presidente: destruição de 52 alvos iranianos, já predeterminados.

Porém, contrariando a mise en scène, a montanha pariu um coelho. Cercado por intimidantes uniformes, Donald Trump derramou-se em apelos pacíficos, ridicularizando os efeitos dos misseis iranianos, alegando a incolumidade das suas tropas. Defendeu, então, a desescalada, a interrupção das represálias, a busca de solução pacífica.

Com aparente alívio para uns e desapontamento para outros os jornalistas registraram as notícias pacificadoras., e dispersaram-se. Mas algo estava errado neste relato oficial; perguntas importantes ficaram sem resposta:
  1. Porque a presença de elementos militares da mais alta patente e dos ministros mais envolvidos no contencioso se a mensagem era de paz?
  2. Tendo havido onze vítimas militares americanas, ainda que não fatais, atingidos que foram nas bases militares alvejadas, porque o fato não foi divulgado na reunião com a imprensa?
  3. Qual teria sido o teor do comunicado original, cuja alteração, segundo informação posterior da Casa Branca, retardou por 20 minutos a chegada do presidente e de seu séquito?

Para buscar-se resposta, vale um passo atrás. Juntando-se as peças, muito indica que a reunião na Casa Branca, convocada por Donald Trump, teria por objetivo anunciar a retaliação ao Irã. Prisioneiro de suas próprias promessas nos dias anteriores, o Presidente não mais poderia retroceder. Os alvos iranianos pré-selecionados seriam aniquilados. Este seria o comunicado original, o pretendido.

Compreende-se, assim, o porque da presença do alto comando militar norte americano. Esta, somente seria justificada caso uma operação militar fosse anunciada.

Face à oposição militar, a intenção do Presidente não se cumpriu. Os Generais presentes, preocupados com a insuficiente presença de tropa americana naquele teatro, e, ainda, surpreendidos pela sofisticação e precisão do armamento iraniano, capaz de causar sério dano durante os vulneráveis momentos que acompanhariam a mobilização sua força militar, teriam vetado a decisão presidencial, impondo o abrandamento da mensagem a divulgar.

Assim, tornou-se necessária a modificação do texto originalmente proposto; em vez de guerra, optou-se pela paz, mesmo que temporária. Da formalização das objeções dos Generais até a revisão do texto, lá se foram os 20 minutos.


P.S. Publicado pelo New York Times em 24 de janeiro, 2020:

34 Troops Have Brain Injuries From Iranian Missile Strike, Pentagon Says

The statement contradicts President Trump’s dismissal of concussion symptoms felt by the troops as “headaches” that were “not very serious.”







2 comentários:

f tavares disse...

- A presença do aparato burocrático-militar de alto coturno, não pretendia constituir ameaça ao Irã: a missão estava consumada! A óbvia intenção era divulgar o apoio consensual à decisão que, aqui mais que óbvio, jamais teria sido praticada isoladamente, em reflexão aprofundada no banheiro presidencial privativo do salão oval...

pedro leitão da cunha disse...

Boas observações, Tavares. No caso em pauta, o comunicado à imprensa poderia ser, de duas, uma: 1. retaliação violenta americana ou 2: sem retaliação. A segunda vingou. O artigo pretende explicar o porque.