terça-feira, 3 de setembro de 2019
Quo Vadis Brasil?
Mussolini dizia, quando perguntado se era difícil governar a Itália. "Não é difícil, é inútil"
Por vezes, em momentos em que arroubos e impulsos parecem dominar o governo, se perguntado o colunista responderia, "Sim, pode bem ser inútil, mas é necessário."
Conversando sobre o caminho da política brasileira com amigos e conhecidos, encontram-se, basicamente, três categorias:
A primeira congrega a esquerda socializante, onde o debate torna-se difícil pela imposição ideológica. Onde, por mais honesto que seja, não consegue se desvencilhar da ingenuidade que cerca a tese da felicidade geral, onde a riqueza poderia ser compartilhada por todos sem que, no tempo, se transformasse em pobreza para todos.
A segunda compõe-se de bolsonaristas empedernidos, que justificam todos os atos do atual governo, por ter varrido o PT da atual arena política. O melhor argumento usado, que nos lembra o uso do retrovisor quando dirigindo pela estrada política, é aquele que afirma ter Lula e Dilma feito pior. Assim, abstém-se de, ou rejeitam, qualquer crítica ao governo. Seja lá o que for, melhores serão as iniciativas do atual governo do que aquelas que trariam o inimigo derrotado...
A terceira categoria compõe-se daqueles que apoiam os dois pilares principais da proposta do governo Bolsonaro: a política econômica liberal e o combate à corrupção no país. O faz apoiando as meditas corretamente tomadas, porém criticando àquelas que se lhes parecem equivocadas. Este grupo parece melhor compreender o interesse do país, pois acredita ser a crítica essencial para que o rumo da político se mantenha correto.
Assim, torna-se desaconselhável, para o bem da nação, ignorar os desvios maiores que se observa no encaminhamento da política de governo conforme a vontade, cada vez mais pessoal e menos consensual, do Presidente da República.
Até o momento as medidas tomadas na política econômica do governo parece conquistar o apoio majoritário da sociedade brasileira,tendo a Câmara .validado por larga maioria a reforma da Previdência, ainda que reste a decisão do Senado. Com a inestimável colaboração dos presidentes da Câmara e do Senado, justo esperar-se outras vitórias no campo econômico..
Porém, em diversos outros setores reina a discórdia:
A Política Externa deste governo se revela inadequada para atender os interesses brasileiros, sejam de curto ou longo prazo. Em vez de abrir as portas do bom entendimento com todas as nações relevantes para os interesses brasileiros, observa-se não apenas uma preferência pela aproximação aos Estados Unidos, por si só aconselhável, porém ao custo de "caneladas diplomáticas" tanto na Argentina (maior compradora da industria automobilística nacional), quanto na França (segunda maior investidora europeia no Brasil) e na China (maior parceira mundial ).
Por outro lado, a aliança "preferencial" com os Estados Unidos, por enquanto já custou ao Brasil
1. Imposição de cota nas exportações brasileiras de aço e alumínio.
2. Entrada livre de cidadão americanos sem qualquer receita consular e sem qualquer reciprocidade.
3. Exoneração de tarifa para importação de etanol americano, sem reciprocidade
4. Cessão da base espacial de Alcântara por valor irrisório, sem reciprocidade tangível
5. Continuação do boicote americano ao desenvolvimento do motor nuclear para a Marinha
6. Exigência de revisão do Tratado Anti-Nuclear vedando o enriquecimento de urânio
7. Boicote de qualquer tecnologia de foguetes e mísseis
8. Pressão para que o Brasil não se aproveitar dos espaços comerciais abertos no conflito USA-China
Ainda, a proposital degradação das relações Brasil-França, aliança das mais profícuas de nossa história (tendo por gênese um corte de cabelo presidencial !!!) é incompreensível. Ainda, o desrespeito público ao candidato oposicionista argentino fere o mais básico manual de política externa, onde nada deve ter motivação gratuita ou frívola. Fazê-lo contraria os interesses do Brasil.
No que concerne o Meio Ambiente, os efeitos uma política dúbia quanto à sua severidade, gera ansiedade e oposição na União Europeia, causando um animus hostil, potencializando futuras represálias quando da formalização do tratado Mercosul-União Europeia.. À troco de que, se perguntará o eleitor?
Já, com relação à pasta da Justiça, cresce a preocupação quando à perenidade do combate à corrupção, iniciativa que mereceu o claro apoio da base eleitoral do atual governo. A troca de peças no xadrez da anti-corrupção, evidenciadas pela emasculação investigativa da COAF ao ser transferido para o Banco Central, pelo afastamento da atual chefia da direção da Polícia Federal no Rio de Janeiro e pela eminente escolha de novo Procurador Geral da República teria por objetivo o desmonte da investigação que envolve o Sr Fabrício Queiroz e os demais participantes do "esquema"? Parece clara a insatisfação do Ministro Sergio Moro.
A pasta da Agricultura tem muito a se preocupar. Duas iniciativas podem prejudicar as exportações: 1) o abandono de uma política equidistante no Oriente Médio, agora privilegiando Israel por razões de culto evangélico, poderá conter as exportações de carne brasileiros àquela região; 2) a fragilização visível do acordo de Paris sobre o Meio Ambiente e as acusações de Jair Bolsonaro quanto à suposta malícia de países europeus na exigência de seu cumprimento, geraram relevante mal estar nas capitais europeias. Por resultado ter-se-ia um potencial boicote às exportações e financiamentos.
Serão as ações e estes conceitos compatíveis com um Estado moderno, democrático, um país que incorpore os avanços éticos e científicos conquistados ao longo dos Séculos, ou se arrisca o Brasil a perder o respeito internacional conquistado desde os tempos imperiais?
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