sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Novamente, o Irã


Armamento dito ser Iraniano
Foi uma grande surpresa. Em operação militar de grande sofisticação, os rebeldes Houthis do Iêmen revindicam o extraordinário feito de destruir, num só golpe, boa parte da produção de petróleo saudita.

Massacrados já há mais de quatro anos por bombardeios impiedosos, tendo tanto soldados quanto civis por alvo, os primitivos guerrilheiros Houthis conseguem levar ao coração da poderosa Arábia a sua resposta. Heroico? Sem dúvida. Verdadeiro? Pouco provável.

Contrariando esta versão, a CIA norte-americana diz ter constatado que a operação contou com drones e foguetes, cuja trajetória rente ao solo justificaria a não detecção pelos sauditas, e o resultante sucesso da operação. Dizem ainda os mestre-espiões que o ataque partiu do Norte-Noroeste do alvo. Insistem, ainda,que o material bélico usado provêm do Irã. 

Ora, considerando que o Irã está à Leste do alvo saudita e os Houthis, ao Sul, só restariam, como origem geográfica, os desertos do Iraque e da Síria. Tal hipótese pode ser descartada por não terem estes países a tecnologia necessária para tal operação. Ainda, o transporte de tal material para ambos estes países dificilmente se daria sem detecção nem sem sua destruição graças aos permanentes voos israelenses, já habituados à neutralizar as ameaças vindas de elementos Xiitas,  seguidores de Teerã naquelas regiões.

Resta realizar um exercício para aprimorar a solução deste enigma: "à quem interessa este ataque?". Veja-se, primeiro, o principal suspeito:o Irã. A partir da retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear, Teerã tem sofrido severas e crescente sanções econômicas de Washington.

Nem por  isso se intimidou em derrubar um sofisticado drône norte  americano, voando à dez mi metros de altura sobre território persa. Em novo episódio,  em resposta à apreensão ilegal de seu navio tanque em águas internacionais vizinhas à Gibraltar, novamente o governo iraniano   não hesitou em apreender dois navios britânicos. Foram operações lastreadas em conceito aceito de resposta compatível com a gravidade de cada caso, não arranhando a lei internacional.

Já, a operação em pauta assume muito maior dimensão, pois não se protege no conceito de retaliação. Seria, para muitos, uma ação agressiva, deliberada, que ofereceria aos Estados Unidos e seus aliados a oportunidade de uma resposta devastadora. Ou seja,o risco pareceria excessivo para Teerã.

Ainda, outro ponto contesta a origem iraniana. Nos destroços exibidos pela Arábia Saudita, consta parte do que seria o míssil. Este exibe uma numeração ocidental, MC-75050, e não uma numeração persa. Outros detritos colhidos no alvo, exibem estruturas calcinadas de pequenos drones cujo raio de ação jamais alcançaria o objetivo desejado. A coleção de "sobras" mais parece uma tentativa de enganar o espectador.

E finalmente, qual o elemento determinante, ou seja, a origem geográfica da operação? À Norte-Noroeste está Israel, o país que mais se  beneficiaria deste bombardeio. Instados por este ataque atribuído ao Irã, a subsequente resposta militar dos Estados Unidos e Arábia Saudita  eliminaria, em poucos dias, a frota de misseis iranianos,que constituem a maior ameaça à Tel-Aviv.

Será este o veredito final? Certamente Não. Porém, ates de chegar-se à conclusões precipitadas, melhor será o estudo e a reflexão.

Finalizando estas observações, bem possível será que tal exercício seja irrelevante, uma vez que, com a proximidade das eleições presidenciais  norte-americana, dificilmente Donald Trump optará por mergulhar os Estados Unidos, mais uma  vez, no caldeirão do Oriente Médio.



ATUALIZAÇÃO EM 23 DE SETEMBRO, TRÊS DIAS DEPOIS DE PUBLICADO ESTE BLOG...





Ver abaixo foto publicada pelo jornal israelense Haaretz em 23 de setembro, onde não mais consta a numeração no foguete retratado no texto inicial deste Blog


Saudi military spokesman Turki al-Malki displays what he described as an Iranian cruise missile and drones used against Saudi installations, Riyadh, September 18, 2019.


















































































































































































































































































































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