domingo, 30 de dezembro de 2018

Juros e política


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O Brasil não é para principiantes; e, por vezes, nem para profissionais. Há poucos dias, os jornais das grandes capitais estampavam matéria paga, ocupando páginas duplas, onde a mensagem da Febraban, associação dos bancos brasileiros, reconhecia a necessidade de baixar as atuais taxas de juros.

Afinal, o altíssimo custo dos empréstimos pessoais, combinado com os efeitos recessivos da economia post Dilma geraram um exército de inadimplentes, estimados em 60% do total de atuais devedores. Estes se inserem nos 12 milhões de desempregados com ínfima capacidade de consumo tornando evidente o peso que inibe a retomada da economia nacional.

Esta situação depressiva se espelha na baixa participação do consumo da famílias na formação do PIB nacional.

Parece claro? Não, não é. Na semana seguinte ao "mea culpa" estampada nos jornais nacionais, o sistema bancário, em surpreendente reviravolta,  anuncia o aumento dos juros. Desprezando o fato de serem estes juros brasileiros campeões internacionais, a imprensa e outros meios de comunicação agem como se fossem eles "normais", assim impedindo que a sociedade se aprofunde nas suas causas e vislumbre correção possível.

Tudo indica que, sob o governo Bolsonaro, a economia deverá retomar o rumo positivo. O modesto índice de investimento deverá melhorar substancialmente, tendo em vista o ambiente "pro-business" do governo que se inicia. No entanto, o efeito recessivo das exorbitantes taxas de juros não deve ser ignorado. A manter-se, deverá adiar a recuperação da capacidade de compra de enorme contingente anteriormente consumidor, hoje exaurido.

Tanto governo, através do Banco Central, quanto os bancos, por intermédio de sua  Febrabam, devem unir esforços para repensar a atual equação creditícia, cuja permanência manterá o ritmo da  retomada aquém de sua potencialidade. O custo político da inação, ao adiar-se a cooptação da massa trabalhadora para o campo do capitalismo esclarecido, servirá para engrossar as fileiras do PT e congeneres. Neste século XXI, onde reina a comunicação instantânea, os desnivelamento sócio-econômicos assumem crescente dimensão política. Ignorá-los representa alto risco.


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