domingo, 23 de dezembro de 2018

De ferida à câncer


Resultado de imagem para foto fabrício queiroz
Fabrício Queiroz


Dentro do recente quadro ético brasileiro, onde os mais execráveis crimes de corrupção ocorrem, o "affair" Flavio Bolsonaro e Fabrício Queiroz seria irrelevante. Afinal, que importância tem os 1,2 milhões de reais citados pela COAF quando comparados com as dezenas de bilhões que ornam os mal feitos descobertos ao longo dos anos?

Mas na política a lógica se curva perante a psicologia de massa. O "caso" acima citado ocorre em momento onde um dos pilares que sustenta a eleição de Jair Bolsonaro é o repúdio e o combate à Corrupção.

O COAF, órgão da  Receita Federal, recém constatou e existência  de movimentação atípica nas contas de Fabrício Queiroz, onde pagamentos teriam sido feitos à pessoas ligadas ao Senador Flávio Bolsonaro. Em condições normais, caberia, então, aos dois, patrão e empregado, oferecer os esclarecimentos necessários às autoridades fazendárias. Contudo, contrariando as expectativas dos que apoiam o campo vitorioso na recém finda eleição, até o momento nada foi feito para apurar-se o que de fato aconteceu, deixando este vazio profunda consternação.

Como tal não aconteceu, torna-se possível, senão provável, que irregularidades existam. Ora tal silêncio só seria possível com a anuência, passiva ou ativa, do pai do Senador, o presidente recém eleito. Ainda no terreno das hipóteses, se tal conversa ocorreu, dela decorreria duas alternativas:

  • A primeira,  reconhecer o erro e pagar as multas e outras penalidades devidas., assim aceitando o dano politico imediato, desobstruindo o caminho para recuperação do capital político hoje esgarçado. Penoso, porém superável no tempo e no exemplo. 
  • A segunda,  negar tudo, impedir ou adiar o depoimento do Sr. Queiroz para depois da posse do Senador, então protegido pelo Foro Especial.
A primeira hipótese causaria um ferida dolorosa, porém curável. A segunda, mais parecerá um câncer cujo tempo agrava, causando grave dano.

O Presidente Jair Bolsonaro só poderá combater o colapso ético que a Nação enfrenta dando seu exemplo, elemento essencial e insubstituível. Sua imagem não pode associar-se à mensagem dos cínicos, onde "tudo continua na mesma", onde "muda-se os bandidos e permanece a corrupção". Sem expiar o crime, se houver, o Presidente será perseguido ao longo se seu mandato, sem que a ferida sare.

São poucos os dias que nos separam da posse do novo Presidente, são poucos os dias para fazer a coisa certa.

             






Nenhum comentário: