sábado, 5 de janeiro de 2019

Bolsonaro, Araujo e Brasil


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Começou um novo governo. Poderá significar a redenção do país, após os mal-tratos ideológicos, éticos e administrativos que assolaram a nação nestas últimas décadas. O Presidente conta com mais de 58 milhões de votos, entusiasmados e solidários, para, sobre esta base eleitoral realizar as reformas necessárias.

Esta é a boa parte. Inicia-se agora a árdua tarefa de colocar em prática as milhares de decisões que levarão o país à bom rumo. A Economia parece estar em boas mãos, assim como o Judiciário e a Segurança e tudo indica que os demais desafios de politica interna estejam sob comando competente.

Onde a "porca torce o rabo", contudo,  é na visão externa da equipe governante. Estando o Brasil inserido no planeta Terra, tendo por objetivo resguardar-se de inimigos e beneficiar-se de alianças políticas e comerciais no cenário internacional, cumpre aos dirigentes brasileiros aprimorar seu conhecimento das culturas e das histórias que interagem com a brasileira, das motivações e dos receios que impelem as demais nações, e como desenhar um comportamento que atenda aos interesses permanentes do Brasil. Permanentes, uma vez que o horizonte imposto ao exercício vai bem além da duração deste ou daquele governo, sem desprezar, é claro, os reajustes impostos por um mundo em constante reconfiguração.

Em outras palavras, cabe ao governante municiar-se de um profundo conhecimento da geopolítica que impele os principais players para melhor se posicionar neste jogo de xadrez internacional. A cada peça movida, as demais são afetadas. Ainda, o movimento de cada peça irá representar uma vantagem e uma desvantagem a ser negociada e precificada, de acordo com o interesse do país.

Ainda, uma compreensão objetiva e desapaixonada das forças e fraquezas da própria  nação torna-se  essencial na percepção do peso relativo das demais nações para melhor avaliar o sucesso das negociações pretendidas.

E assim chega-se ao momento presente, estando o Presidente Jair Bolsonaro e seu chanceler, Ernesto Araujo prestes reformulara uma nova política externa, não só diferente do modelo socialista do PT  (o que é bem vindo) mas, também, diferente da tradicional política externa brasileira (o que encerra alto risco). Com impetuosidade, condição desaconselhável no trato de tal matéria, lançam-se à piscina sem conhecer o nível da água. Oferecem vantagens sem ocupar-se do quid-pro-quo.

Em arroubo desaconselhável, o Presidente, nos jornais, oferece o Brasil como modesto escudeiro bélico dos Estados Unidos, talvez desconhecendo ser este responsável por mais de 20 guerras em sua curta história. Pari passu com as agruras orçamentárias que contêm o desenvolvimento do país, proclama-se disposto à mais dispendiosa das aventuras: a guerra. Terá percebido que, como aliado de poder nuclear sofrerá, em contrapartida, inimigos nucleares?

Parece ignorar que a política externa brasileira, essencialmente  pacífica, tem por objetivo a neutralização de ameaças e contra-ameaças em seu continente, buscando a preservação de  paz permanente face à  seus vizinhos.  Ainda, no campo extra-continental, é essencial o reconhecimento da extrema fraqueza militar brasileira face às potencias estrangeiras antes de dar passo maior do que as pernas?

Propõe, ainda, o Chanceler Ernesto Araujo, a rejeição da globalização, por ele vista como uma conspiração malévola! Parece ignorar que esta foi parida pelos Estados Unidos, vencedores da 2a Guerra Mundial, onde as Nações Unidas ponteia. Complementada pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e outras organizações multilaterais,  Washington e seus aliados construíram um edifício que vem, comprovadamente, estimular o crescimento econômico do planeta. Ao facilitar e tornar transparente o diálogo estruturado e permanente entre as grandes nações, conteve-se, também, o germe da desconfiança decorrente da diplomacia secreta, reduzindo a probabilidade de conflito entre as grandes potencias e uma devastadora terceira guerra mundial.

O abandono do multilateralismo significa, para o Brasil, descartar o arcabouço de mecanismos que protegem as nações menos favorecidas, tanto no campo politico quanto comercial. Trocar a proteção que decorre de tal organismo por aliança embasada em elementos transitórios, tal qual o instável presidente norte americano, Donald Trump, revela imprudência e açodamento, colocando em risco a Pátria. A tendência isolacionista daquele político, sua visão de America Primeiro, sua preferência pelas soluções violentas e impositivas o torna aliado pouco confiável e perigoso quanto aos interesses da Nação.




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