Há poucos dias, o Secretário de Estado norte-americano, Michael Pompeu, declarou perante seus aliados
da OTAN o estabelecimento de uma “Nova Ordem” para o planeta sob
a liderança do presidente Trump. Segundo sua entrevista, este
reordenamento decorreria da busca pela paz e pela prosperidade
internacional.
Não é a primeira vez que esta
expressão é utilizada no cenário internacional. No início da
Segunda Guerra Mundial, Hitler assim denominou sua conquista do mundo
Ocidental, causando um dos mais sangrentos e destruidores cenários
do mundo civilizado. A “Neuordnung”, o a Nova Ordem, tornou-se o
bordão para o domínio das demais nações.
Neste quadro, onde
já ocorrem profundas mudanças no campo internacional, nada mais
relevante do que a personalidade de Donald Trump, cujos impulsos se
traduzem pelo tom impositivo de seu slogan: “America First”.
Sustentado pela maior economia e o maior poderio militar, tem em seu
arsenal seu desprezo pela assinatura aposta em tratados celebrados.
Desta forma, o presidente altera o equilíbrio até então vigente no
comércio internacional.
Ao fazê-lo,
pretende alterar, também, o status-quo político. Declara-se hostil
às organizações multilaterais, a começar pelas Nações Unidas,
instituição que tem evitado, ao longo dos últimos setenta anos, a
eclosão da guerra entre as grandes potências internacionais. Pouco
mérito confere Mr. Trump a este forum internacional. Como exemplo de
seu desprezo pela instituição, acaba de indicar para embaixadora
junto à ONU uma “âncora” de programa da Fox News, canal de
televisão americano, jejuna nas lides da política externa.
No campo econômico,
a unilateral revisão do tratado que engloba o México e o Canadá,
e, ainda, a imposição, também unilateral, de novas e maiores
tarifas sobre o comércio com seus parceiros destrói a confiabilidade
necessária ao ordenamento do fluxo de bens, serviços e capitais
dentre as nações.
No campo político,
esta Nova Ordem representa sério perigo no relacionamento
internacional. O rompimento unilateral de tratados como os de Paris
(ecologia) e de Teerã (nuclear), ambos contrariando seus aliados
Europeus e Asiáticos. Nos dois casos, aumenta-se, de forma
relevante, o perigo de degradação e conflagração no planeta.
Uma especial menção
às relações entre Washington e Pequim torna-se conveniente. Já
parece claro que a manter-se as tendências de crescimento econômico,
político e militar das duas nações, a China deverá superar os
Estados Unidos nas próximas quatro ou cinco décadas. Tal projeção,
conforme indica seu comportamento, torna-se inaceitável para Donald
Trump. Para reverter a tendência os Estados Unidos parecem dispostos
a usar todas as armas econômicas a seu dispor. O aumento draconiano
das tarifas impostas sobre produtos chineses direcionados à América
do Norte reflete esta nova política de contenção. Assim, do ponto
de vista das relações entre estas duas potências, tanto mais graves serão os efeitos quanto mais
eficaz for esta política.
Uma alteração
abrupta do equilíbrio reinante na geo-política internacional
dificilmente ocorre sem que haja reações estremadas. A China de
hoje deve sua estabilidade interna não apenas ao aparato
político-policial do partido comunista, mas, também, ao continuo
avanço na prosperidade de seus habitantes. Uma inversão relevante
deste cenário reduziria o apoio popular ao atual governo, alterando,
assim, as prioridades políticas do país. Por consequência, pode-se
presumir que à uma reversão relevante da trajetória econômica
chinesa sobreponha-se a prioridade no reforço da segurança
nacional, tanto interna quanto externa. Aumentar-se-ia, assim, o
risco de conflito.
Ainda, como
irritante adicional à um quadro em deterioração, o uso cada vez
mais amplo e frequente da nova arma no arsenal norte-americano, a
Sanção Econômica, abre um novo formato no conflito entre nações.
Esta, na sua conformação draconiana, tem um imenso poder
destrutivo; sem sequer derrubar um prédio, pode levar a nação
adversária à ruína. Em seu formato mais agudo, abrange a captura de indivíduos em seu emaranhado, como acaba de ocorrer com a chinesa
Meng Wanzhou, vice presidente de importante empresa chinesa. Trata-se
de uma transgressão da Lei Internacional, por colocar a jurisdição
norte-americana acima de nações independentes. Matéria para o
Tribunal Internacional.
É verdade que 1914
já vai longe, porém, vale a lembrança que por causa de um
indivíduo, o assassinato do Príncipe Herdeiro do Império
Austro-Húngaro, teve inicio a mais sangrentas das guerras até então.
Haverá retaliação chinesa? Qual será?
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