domingo, 9 de dezembro de 2018

A Nova Ordem


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Há poucos dias, o Secretário de Estado norte-americano, Michael Pompeu, declarou perante seus aliados da OTAN o estabelecimento de uma “Nova Ordem” para o planeta sob a liderança do presidente Trump. Segundo sua entrevista, este reordenamento decorreria da busca pela paz e pela prosperidade internacional.

Não é a primeira vez que esta expressão é utilizada no cenário internacional. No início da Segunda Guerra Mundial, Hitler assim denominou sua conquista do mundo Ocidental, causando um dos mais sangrentos e destruidores cenários do mundo civilizado. A “Neuordnung”, o a Nova Ordem, tornou-se o bordão para o domínio das demais nações.

Neste quadro, onde já ocorrem profundas mudanças no campo internacional, nada mais relevante do que a personalidade de Donald Trump, cujos impulsos se traduzem pelo tom impositivo de seu slogan: “America First”. Sustentado pela maior economia e o maior poderio militar, tem em seu arsenal seu desprezo pela assinatura aposta em tratados celebrados. Desta forma, o presidente altera o equilíbrio até então vigente no comércio internacional.

Ao fazê-lo, pretende alterar, também, o status-quo político. Declara-se hostil às organizações multilaterais, a começar pelas Nações Unidas, instituição que tem evitado, ao longo dos últimos setenta anos, a eclosão da guerra entre as grandes potências internacionais. Pouco mérito confere Mr. Trump a este forum internacional. Como exemplo de seu desprezo pela instituição, acaba de indicar para embaixadora junto à ONU uma “âncora” de programa da Fox News, canal de televisão americano, jejuna nas lides da política externa.

No campo econômico, a unilateral revisão do tratado que engloba o México e o Canadá, e, ainda, a imposição, também unilateral, de novas e maiores tarifas sobre o comércio com seus parceiros destrói a confiabilidade necessária ao ordenamento do fluxo de bens, serviços e capitais dentre as nações.

No campo político, esta Nova Ordem representa sério perigo no relacionamento internacional. O rompimento unilateral de tratados como os de Paris (ecologia) e de Teerã (nuclear), ambos contrariando seus aliados Europeus e Asiáticos. Nos dois casos, aumenta-se, de forma relevante, o perigo de degradação e conflagração no planeta.

Uma especial menção às relações entre Washington e Pequim torna-se conveniente. Já parece claro que a manter-se as tendências de crescimento econômico, político e militar das duas nações, a China deverá superar os Estados Unidos nas próximas quatro ou cinco décadas. Tal projeção, conforme indica seu comportamento, torna-se inaceitável para Donald Trump. Para reverter a tendência os Estados Unidos parecem dispostos a usar todas as armas econômicas a seu dispor. O aumento draconiano das tarifas impostas sobre produtos chineses direcionados à América do Norte reflete esta nova política de contenção. Assim, do ponto de vista das relações entre estas duas potências, tanto mais graves serão os efeitos quanto mais eficaz for esta política.

Uma alteração abrupta do equilíbrio reinante na geo-política internacional dificilmente ocorre sem que haja reações estremadas. A China de hoje deve sua estabilidade interna não apenas ao aparato político-policial do partido comunista, mas, também, ao continuo avanço na prosperidade de seus habitantes. Uma inversão relevante deste cenário reduziria o apoio popular ao atual governo, alterando, assim, as prioridades políticas do país. Por consequência, pode-se presumir que à uma reversão relevante da trajetória econômica chinesa sobreponha-se a prioridade no reforço da segurança nacional, tanto interna quanto externa. Aumentar-se-ia, assim, o risco de conflito.

Ainda, como irritante adicional à um quadro em deterioração, o uso cada vez mais amplo e frequente da nova arma no arsenal norte-americano, a Sanção Econômica, abre um novo formato no conflito entre nações. Esta, na sua conformação draconiana, tem um imenso poder destrutivo; sem sequer derrubar um prédio, pode levar a nação adversária à ruína. Em seu formato mais agudo, abrange a captura de indivíduos em seu emaranhado, como acaba de ocorrer com a chinesa Meng Wanzhou, vice presidente de importante empresa chinesa. Trata-se de uma transgressão da Lei Internacional, por colocar a jurisdição norte-americana acima de nações independentes. Matéria para o Tribunal Internacional.

É verdade que 1914 já vai longe, porém, vale a lembrança que por causa de um indivíduo, o assassinato do Príncipe Herdeiro do Império Austro-Húngaro, teve inicio a mais sangrentas das guerras até então. Haverá retaliação chinesa? Qual será?






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