domingo, 25 de novembro de 2018

Assassinato?..e daí?


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Assassinatos autorizados pelo Estado  ocorrem regularmente nos países que compõem o Oriente Médio. O assassinato decorre da natureza das ditaduras, políticas ou ideológicas, e sua frequência se constata na história daqueles países.

Porém, a morte de Mohammed Adnar  Khassogy no consulado Saudita em Istambul chocou a comunidade internacional por razões específicas: um  pacífico jornalista, residente nos Estados Unidos, foi vítima de bárbara morte, não por oferecer perigo à integridade da Arábia Saudita, mas por criticar o governo do  Príncipe Herdeiro Mohammed Bin Salman. As provas colhidas pelo governo turco e compartilhadas com seus aliados Ocidentais, onde a barbárie do estrangulamento da vítima e seu  posterior desmembramento revelam a responsabilidade pessoal e intransferível do dirigente Saudita.

Em desdobramento surpreendente, este crime deverá ser seguido por seis outros assassinatos. O próprio mandante do crime, em operação de queima de arquivo, condenou à morte seus seis agentes, algozes escolhidos para a execução de Khassogy.

Este episódio se soma aos ventos contrários que ora vêem sacudindo a Tríade criada sob a proteção e participação dos Estados Unidos, tendo Israel e Arábia Saudita como participantes, em  aliança visando o domínio da região. Explorando a coincidência de objetivos teológicos e geo políticos, o Estado Judeu uniu-se ao Estado Wahabita (1), em nítida conformação teocrática, com o objetivo de destruir a teocracia adversária, o Irã.

Como se ofendesse a ira de alguns Deuses, o projeto parece não estar dando certo. A par com o assassinato acima descrito, retirando ao príncipe assassino a imagem que pretendia  de homem moderno e inovador, tem-se Bibi Netanyahu às voltas com a polícia por malfeitos financeiros. Completando um  quadro pouco respeitável, o presidente Donald Trump vem a publico declarar que aos Estados Unidos mais importa vender armas, relevando o comportamento pessoal, criminal,  de seu aliado.

Na esteira de tal declaração, vale a pergunta: como se posicionarão Senado e Câmara  em Washington. Qual será a reação da Comissão para Direitos Humanos do parlamento norte-americano?  Até onde as imensas contribuições financeiras Sauditas, multipartidárias e pessoais, atenuarão a indignação? Até que ponto a liturgia moral nas relações entre estados sera submersa pelos interesses financeiros?

No entanto, nem Trump nem seus assessores parecem entender a extensão do grave dano que sua decisão pode causar à sua politica externa. O respeito ostensivo (senão real)(2)à ética deve prevalecer nas relações internacionais. Por ética entende-se a soma de comportamentos que favoreçam o relacionamento construtivo entre Estados ou pessoas.  Assim como os tratados entre os países devem ser respeitados, para que haja no conjunto de relações internacionais condição de estabilidade e segurança jurídica, o comportamento dos governos deve se ater à lei consensualmente prevalente. Já a aceitação do assassinato como ato de governo, conforme  neste caso se observa, retira validade à assinatura do perpetrante, à sua credibilidade,  por ser quebra explícita da Ética entre as nações.

Ora, confrontado com inegáveis provas e instado a revelar qual a atitude que caberia a seu governo, Donald Trump optou pela prevalência do interesse econômico que une as duas nações. Segundo o Presidente norte-americano, as vendas de armas e a imperiosa necessidade de estabilizar-se o mercado do petróleo, colocam considerações éticas em segundo plano. Enfatizou a prioridade: "America First" e ao fazê-lo deu à frase um novo significado. A supremacia norte americana deve ser obtida a qualquer preço, dentro ou fora da lei. Tal desprezo aos limites éticos também já se manifestaram no rompimento unilateral de tratados ratificados pelo Congresso americano. Ao assim declarar-se, Donald Trump fere, novamente, o Soft Power da nação.


1. Variante radical da religião Muçulmana-Sunita estreitamente ligada à criação da Arábia Saudita.
2. Ditado francês: A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude.






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