domingo, 4 de novembro de 2018

Bolsonaro e Trump



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Os brasileiros bem fizeram ao votar no jovem capitão. O retorno do PT ao comando da nação traria um retrocesso inaceitável. Porém, votar em Jair Bolsonaro não significa apoiá-lo quando se desvia do bom caminho. Pelo contrário, alertá-lo para erros e distorções significa, em última análise, não só um dever republicano como, também, uma colaboração para o sucesso de sua presidência.

Dizem ter o presidente eleito escolhido Donald Trump para seu "role model". Se assim for, não parece ser possível que Jair Bolsonaro esteja realmente familiarizado com a personalidade do líder norte americano. A não ser que tenha por objeto desrespeitar tratados, ignorar a lei internacional, abandonar alianças, acuar as nações mais fracas, e proclamar que apenas um país conta no mundo; o seu.

Mas para seguir estes passos existe um problema sério a resolver: como pode o líder de uma nação ainda capitulada como emergente emular o líder da nação mais poderosa do planeta. Que elementos de poder dispõe ele para impor, interna e externamente, a sua vontade? Terá uma moeda de aceitação mundial, terá uma economia cuja dimensão torna subsidiarias as demais, terá forças armadas que intimidem amigos e inimigos, terá uma capacidade de consumo interno que o torne insubstituível?

Onde, em que dimensão poderá Jair Bolsonaro emular Donald Trump? Estará disposto à tornar-se a ele obediente e subsidiário?

Sim, poderá seguir seus passos, afastando a China, a maior compradora de commodities brasileiras, a maior geradora de divisas, fator crucial na geração da confiança internacional no país. Poderá voltar aos tempos medíocres em que investimentos estrangeiros eram rejeitados por ameaçar a soberania nacional. Poderá também rejeitar o Mercosul, associação que traz ao país um saldo relevante e positivo em suas transações. Poderá intimidar os países sul-americanos, destruindo o magistral e hercúleo feito do Barão do Rio Branco, assim reavivando no seio das nações vizinhas o temor e a hostilidade? Poderá, tendo por único apoio sua crença em  versículo da Bíblia, apoiar Israel, hoje teocrático, em seu continuo desrespeito à lei internacional assim colocando em risco as relevantes exportações ao Oriente Médio? E rejeitará  a associação com os BRICS, reunindo países a quem exportamos? 

Se possível fosse, no túnel do tempo, retroceder aos tempos das invasões mongóis é bem possível que o perfil selecionado como exemplar atingisse grande sucesso no confronto com outros bárbaros. Mas no Século XXI? Neste mundo globalizado e multipolar? Um mundo onde a informação tornou-se instantânea e as mentiras desvendadas?

Quanto durará o fenômeno Trump? A Europa, o berço cultural do Brasil,  já dele se afasta. México e Canada, parceiros do NAFTA, já perderam a confiança nos Estados Unidos. Do outro lado do planeta, na Ásia, a região é pouco a pouco atraída pela força gravitacional chinesa. São problemas de imensa dimensão, dos quais o Brasil não deve participar.

Pelo contrário, esqueça o controvertido Donald Trump, presidente Bolsonaro. Conduza este Brasil continental e internacional, abençoado por imensas riquezas, guardando os limites do bom senso e da boa moral. Mantenha uma política externa diversificada, livre de ideologias, laica e, sobretudo, multilateral. Não precisamos de maus exemplos.




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