Nunca,
na história moderna deste país, candidatos tão pouco respeitados e
admirados compõem o quadro eleitoral. Na análise individual, a soma
das suas qualidades é, não raro, suplantada pela de seus defeitos.
Ainda,
desde os idos de 1964, nunca o país esteve tão polarizado entre
esquerda e direita. O ódio surge do âmago de propostas ideológicas
conflitantes potencializando às palavras e estimulando a violência.
O inaceitável atentado contra a vida do deputado e candidato Jair
Bolsonaro comprova a supremacia da emoção sobre a razão.
O
colapso da ética no governo, da educação em massa, do respeito
orçamentário, das projeções previdenciárias, da estruturação
político-partidária, aponta para uma falência institucional cuja
correção de rumo parece exigir o esforço de diversas gerações.
O
ingênuo e ineficaz distributivismo tropical se confronta com a
lógica da pre-condição da poupança e do investimento que, por sua
vez, decorre da experiência invernal onde a frugalidade se impõe.
Observa-se
o profundo fosso que separa os que investem seu tempo na busca da
educação e aqueles que, por vezes pressionados por necessidades
básicas, buscam solução no imediatismo, assim abandonando as
oportunidades inserção econômica.
Agravando
um quadro já instável, tem-se a perda da supremacia católica, tão
presente na história brasileira, graças à fragmentação dos
cristãos dentre as mais diversas denominações. A rivalidade pela
captação das almas se dá pelo espiritualismo conservador católico,
de uma lado, e pelo impositivo materialismo calvinista. Mais uma
divisão na sociedade.
Esta
combinação de circunstâncias parece sugerir sérias dificuldades
na preservação da democracia no seu atual formato, com ambos os
lados do espectro político desejando o seu "salvador da
pátria". Busca-se no autoritarismo a solução.
Dando
substância ao pessimismo que se alastra, o Brasil enfrenta uma
expansão demográfica que ocorre nos segmentos de maior pobreza,
onde o baixo nível
educacional
reduz a produtividade da mão de obra nacional. No sentido inverso,
torna-se preocupante o "brain drain" que sofre o país,
onde crescente número de seus jovens da classe média migram para
terras mais promissoras.
No
campo econômico, a PEC 241 que limita, talvez excessivamente, as
despesas orçamentárias parece divergir das prática vitoriosa
adotadas por países desenvolvidos, como Estados Unidos e União
Europeia, no enfrentamento das recessões que assolaram estes
países. Enquanto lá amplia-se a base monetária, expandindo o
crédito, reduzindo os juros, chegando-se à subsídios explícitos
em áreas de influência sistêmica, já no Brasil aperta-se o fluxo
monetário, aumenta-se as taxas de juros, permite-se a criação de
oligopólios, concentra-se a atividade econômica. Em ambos os casos
expande-se a dívida pública.
Não
fora a atividade agrícola e sua contribuição para com as reservas
cambiais do país, e a consequente confiança que inspira, a taxa de
investimentos na economia brasileira seria ainda mais modesta. Por
resultado cai o investimento publico e privado, reduzindo o
potencial, tanto de produção quanto de emprego e consumo.
Como
corolário da "malaise" econômica, o governo busca
reforçar o erário mediante medidas pontuais, vendendo seus ativos
e seu futuro na bacia das almas. A venda da Embraer reflete não
apenas a desnacionalização de empresa bem sucedida, mas,
sobretudo, a venda de parte relevante de seu futuro tecnológico.
Na mesma linha observa-se o arrendamento da base de Alcântara,
outrora núcleo da engenharia espacial no passado, sufocado pelo
veto norte-americano. Na Embrapa, a politização de segmentos
administrativos vem minando a qualidade de sua exemplar atividade na
área agrícola. Desmonta-se, assim, a base tecnológica essencial à
modernização e competitividade do produto "made in Brasil".
Ainda,
a crescente pobreza causa a expansão da criminalidade observada em
todos os quadrantes da nação. A intervenção militar no Rio de
Janeeiro ainda não deu os frutos esperados. A insistência de
criminalizar drogas como a reconhecidamente inofensiva maconha,
alimenta o tráfico e a gestação contínua de novos contingentes
criminais.
Voltando
às eleições, fica a questão: qual o candidato mais apto a
enfrentar tamanho desafio? Se for ele de esquerda, onde as soluções
econômicas preferidas pelo destributivismo radical desafiam o bom
senso e a realidade, ter-se-á um agravamento do quadro atual.
Inversamente,
se o candidato vencedor da ala direita ignorar as exigências sociais
das classes desassistidas ainda vítimas de enorme déficit na
oferta dos serviços públicos essenciais tais como educação,
saúde, habitação, segurança e transporte, então poder-se-á
adiar para um longíquo futuro a redenção deste Brasil.
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