sábado, 18 de agosto de 2018

A visita do Cão Louco


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Não é tão grave quanto parece, é tão somente o apelido do General Jim Mattis, ministro da Defesa dos Estados Unidos, que agora nos visita.

Depois de longo período de afastamento e indiferença, os Estados Unidos iniciam uma reaproximação. Compreende-se que para Washington a América Latina não é prioritária, exceto quando algum evento ameace seus interesses.

No passado, quando os tentáculos comunistas a todos ameaçavam, quando o gigante Soviético expunha as suas garras, Washington dedicava especial atenção à América do Sul, agindo comercialmente, politicamente e, quando necessário, militarmente. Não tolerava concorrência em seu “quintal”. E sua ajuda era, para a maioria, bem vinda.

Com o desmoronamento soviético, outras prioridades ocuparam o tempo e pensamento do que se tornara o Império inconteste, relegando à plano terciário suas relações com a América Latina. Até chegar-se à emergência da China, sua expansão econômica e política no âmbito internacional, surpreendeu o mundo e, particularmente os Estados Unidos. Surgiu um desequilíbrio nocivo ao confortável status quo até então reinante.

Hoje a China é a maior parceira comercial do país, principal responsável pela invejável solidez das reservas cambiais do Brasil. O investimento direto no país ultrapassa, em 2017, chegando  a 40 bilhões de dólares, contrastando com a hoje modesta contribuição de capitais oriundos dos Estados Unidos.

À luz deste alerta, Washington abandona sua complacência, ao constatar que o vácuo deixado por sua anêmica politica vem sendo preenchido pela China, seu maior rival geopolítico. A missão do General Mattis parece visar, sobretudo, a reversão da atual tendência. O tom usado pelo militar foi de alerta contra a ameaça que a presença chinesa traria para a segurança brasileira  Destaca-se sua frase,“cuidado com os investimentos e presentes vindos da China”.

Outro item da agenda do general norte-americano é a Venezuela. Sua produção de petróleo é importante para os Estados Unidos; sua redução ou interrupção teria consequências relevantes para a economia norte-americana. A instabilidade política em região de importância estratégica, sua tendência socialista e, ainda, a aproximação russa e chinesa ao regime Chavista é, no mínimo, incômoda. Urge, portanto, uma correção de rumo.

A ascenção do novo presidente colombiano, Ivan Duque, discípulo do linha dura Alvaro Uribe, fiel aliado de Washington, sugere ambiente que permita  postura mais contundente de Washington para com Caracas. A ida de Mattis à Bogotá após esta visita ao Brasil reforça a suspeita de que uma intervenção militar, direta ou indireta, não deva ser descartada. A chegada à Colômbia de navio hospitalar da marinha dos Estados Unidos, especializado em medicina militar não parece ser irrelevante. Vale a especulação: estariam nas cartas uma reedição da aventura da Bahia dos Porcos (1) onde armas e apoio logístico colombo-americano seriam oferecidos à rebeldes venezuelanos?

Tendo a recente visita do Secretário de Estado norte-americano ignorado o Brasil em seu périplo pela America do Sul, não parece ser desimportante a escolha de um general chefe do Pentágono, a maquina bélica mais poderosa do planeta, como interlocutor com as autoridades brasileiras. Mais valerá falar com os generais brasileiros do que interagir com o segmento político nacional? Que dirão as entre-linhas? Qual a interface e relação entre os dois exércitos nos assuntos abordados? Tendo sido o canal militar preferido pelo governo Trump, parece  importante e necessário conhecer-se a extensão do diálogo ocorrido.

Para a sociedade brasileira, a sugestão de que sua relação pacífica com a China mereça atenção militar estrangeira é surpreendente e indesejável.. Parece contrariar a prioridade que cabe ao Brasil de expandir e diversificar sua presença comercial no planeta enquanto mantendo relações construtivas com todos os parceiros.

1) Invasão de Cuba por força paramilitar composta de refugiados cubanos, treinados e armados pela CIA.

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