sábado, 25 de agosto de 2018

A nova Doutrina Monroe


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Já lá vão 200 anos. O então presidente James Monroe promulgou a Doutrina Monroe, onde os Estados Unidos considerava contra seus mais profundos interesses qualquer ingerência política Européia nas Américas e, muito menos, qualquer veleidade expansionista ou  ação armada tendo por alvo as Américas. A aplicação do "ukase" cabia, exclusivamente, ao colosso Americano. Assim, tanto o Centro como o Sul do continente tornou-se, em graus diferentes, um quintal dos Estados Unidos.

À expulsão da Espanha do solo Americano seguiu-se a guerra, concedendo lhe grandes vantagens econômicas e estratégicas. Ainda, as intervenções armadas, diretas ou indiretas, no Caribe e países centro americanos fez parte da politica externa de Washington até os anos 80 do Século XX.

Com a queda da União Soviética tal política abrandou-se, uma vez que o que poderia ser considerado ameaça à segurança dos Estados Unidos não mais se manifestava. A solução armada  tornou-se obsoleta.

Porém, o Século XXI apresenta relevante mudança no quadro geo-político. A expansão geométrica da economia chinesa e a resultante independência econômica-militar que se seguiu permitiu a Peking  sua liberação das pressões e advertências norte-americanas. Defronte de desafio hercúleo de trazer prosperidade para um bilhão e trezentos milhões cidadãos, a China, com produção insuficiente em alimentos e matérias primas, busca no comércio internacional as condições de suprimento estável e crescente.

Para fazê-lo, torna-se imprescindível reforçar a constância no relacionamento internacional. Ou seja, Xi Jinping tem interesse em garantir o longo prazo de suas relações geo-políticas. Tornar seus investimentos e compras no exterior em elemento de fricção política seria visceralmente contrário a seus objetivos; inversamente, a boa vontade gerada por tais investimentos e comércio junto às nações receptivas reforçaria a confiabilidade dos suprimentos de que tanto necessita. Quanto ao Brasil, face à penúria que aflige o erário brasileiro, onde capitais faltam para a retomada de seu desenvolvimento.

Eis quando surge o renascimento da Doutrina Monroe. Enunciada por diferentes agentes  do governo norte-americano, a mensagem começa a chegar às capitais latino-americanas. Do pequeno El Salvador ao gigante Brasil a advertência é clara: capitais chineses são perigosos, devem ser evitados, sua proliferação é contrária aos interesses da região, vide Washington.

As eventuais retaliações não são do conhecimento público. A extensão da agenda trazida recentemente pelo General Mattis é desconhecida apesar de sua advertência ter chegado à imprensa. Já no caso de El Salvador  a ameaça foi divulgada: não atendimento resultará em represália econômica.

Neste contexto vale lembrar a nova arma no arsenal dos Estados Unidos, cada vez mais usado em suas controvérsias internacionais: as Sanções financeiras. Sem o uso sequer de uma bomba ou um tiro, esta nova arma pode destruir uma nação, pois a sua decretação obriga a solidariedade, ainda que involuntária, dos demais "players" na economia mundial.

Estarão as Américas diante de um retrocesso Imperial, onde os súditos não terão  alternativa senão curvar-se?

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