domingo, 27 de maio de 2018

Brasil paralisado

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Greve estranha. Na realidade um "lock-out". Empresários, autônomos ou empresas, decidiram peitar o governo e, mais ainda, o povo brasileiro, para atender suas conveniências operacionais e orçamentárias.

Trata-se de uma tentativa de redução de seus custos colocando a população como reféns.

Trata-se de ação ilegal.

No entanto, recebeu o apoio de boa parte dos cidadãos que, erroneamente, viram no movimento uma manobra para reduzir os impostos em particular e os gastos públicos em geral. Gente presa na armadilha política que hoje é este país. Milhões querendo, agarrando-se à soluções, venham de onde vier.

O governo federal, como primeira ação, resolveu atender as revindicações, reduzindo impostos e impondo congelamento no ajuste do preço dos combustíveis. Aumentando o abismo orçamentário que ameaça devorar a nação. Em outras palavras, Temer mandou mensagem inequívoca que as greves, as de agora e as do futuro,  compensam. Ainda, colocou-se em posição subordinada, atendendo imposições sem nada receber em troca. Como se viu, a greve ainda se estende como se nada fora acordado.

Após irrecuperável desmoralização, o presidente Temer chama as Forças Armadas para limpar as estradas. Estas, se não atuarem rápido e com firmeza, arriscam, também,  a desmoralização.

Ainda, adicione-se a visão internacional. Ao interferir na liberdade da Petrobras em determinar os preços de seus produtos, consolida-se a imagem de um país interventor, levando a incerteza aos investidores internacionais. 

Assim vemos um Brasil que se afunda no pântano político-administrativo, oferecendo aos radicais a supremacia nas urnas de outubro.


terça-feira, 22 de maio de 2018

No caldeirão do Oriente Médio


CONFIRMANDO OBSERVAÇÕES NESTE BLOG (vide coluna Trump e o Tratado de 9 de maio p.p,) A IMPRENSA ISRAELENSE (em 22 de maio p.p.) COMEMORA O USO EM COMBATE DE SEUS F35.


quinta-feira, 17 de maio de 2018

O novo Babi Yar


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Nos idos dos anos 1940, enquanto fervia a guerra, unidades nazistas cercaram milhares de judeus, velhos, jovens e crianças, na pequena localidade ucraniana  de Babi Yar. Lá, enfileiraram estes  judeus desarmados e iniciaram uma matança indiscriminada, em macabro tiro ao alvo. Somente anos depois, terminada a guerra, veio o mundo saber, horrorizado, deste assassinato em massa.

Quase 80 anos depois, já neste Século XXI, em um mundo escancarado, aberto à todos pela televisão e redes sociais outro assassinato em massa ocorreu. Milhares de palestinos, encarcerados em imenso campo de concentração que é a Faixa de Gaza, sem a resignação das vítimas de outrora, optaram por protestar contra seus guardas presidiários, o exército Israelense. O fizeram desarmados, estes velhos, jovens e crianças.

O fizeram à luz do dia, às luzes das câmaras de televisão, não num ímpeto singular e prontamente esquecido, tão pouco escondidos atrás de fronteiras em guerra. O fizeram à vista de todos ao longo de vários dias, protagonistas nas mais diversas redes de televisão. Às claras, e desarmados. Morreram às dezenas, velhos, jovens e crianças vítimas de macabro e organizado tiro ao alvo. Morreram sem que sequer um adversário se ferisse além de um arranhão. (Onde estará a honra deste exercito?)

De nada serviu a crescente manifestação internacional de repúdio, de condenação. Ignorado o apelo à lei internacional, o apelo à razão, o apelo à humanidade, em suma, um apelo da civilização contra a barbárie da força bruta.

Bibi Netanyahu não se deu o trabalho de uma resposta. Bibi, cujo apelido lembra carinho com as crianças, não levou sua mão ensanguentada ao telefone. "Basta" diria ele. Mas não aconteceu porque ao inaugurar a Embaixada Americana em Jerusalém, entendeu ele que a aliança carnal ora instituída com os Estados Unidos, lhe concede carta-branca, nada lhe fará prestar contas. Israel, potência nuclear, tendo por base o mais poderoso exército regional nada mais parece ter em comum com aqueles antepassados, vítimas de perseguições que mereceram, de todos, irrestrita solidariedade.

Vê-se, agora, um  Estado arrogante, poderoso, ainda potencializado, imprudentemente, pelo escudo  de Donald Trump. Quais serão seus limites?





 

terça-feira, 15 de maio de 2018

Ventos eleitorais



Resultado de imagem para fotos de urnas americanasSe por um lado o Comunismo se desmoralizou com a derrocada da União Soviética, por outro, a subsequente concentração de renda  vem levantando sérias questões quanto ao futuro solidário oferecido pelo Capitalismo.

Nos centros  do capitalismo moderno, os Estados Unidos e a Europa, tal concentração vem causando crescente mal estar social e político. No primeiro vê-se os primórdios de uma rearrumação partidária onde parcelas relevantes de eleitores não mais se sentem representados pelo comando partidário tradicional. Buscam candidatos novos ao sistema.

Especialmente no Partido Democrata americano observa-se crescente insatisfação com o desmantelamento do "Safety Net" outrora erguido pelo New Deal, hoje em vias de extinção. Ainda, é estatisticamente evidente que a classe média norte americano vê sua renda estagnada ao longo de década sem que o topo da pirâmide partidária, os Big Bosses, pouco fazem para reverter a tendência.

Os atuais líderes, afinados com a aristocracia política da Nova Inglaterra, parecem ter por objetivo  primordial exercer o domínio político, relegando à menor prioridade o alívio das agruras econômicas que afligem a maioria do eleitorado.

Tal insatisfação busca em candidatos externos ao "sistema" um novo caminho, um novo líder político. A eleição de Donald Trump reflete, sobejamente, a rejeição ao establishment. O surpreendente desafio à Hillary Clinton pelo Senador Bernie Sanders nas primárias Democratas reflete, também, crescente rejeição.

Já, na Califórnia, onde muitas vezes o futuro dos Estados Unidos se desenha, começa um movimento de repúdio, tanto à esquerda quanto à direita. "O sistema está manipulado", rigged, palavra pesada que cheira à fraude, é o tema predominante. Novos partidos ameaçam surgir.

Em junho próximo os americanos vão as urnas eleger seus Deputados. A ver...





quarta-feira, 9 de maio de 2018

Trump e o Tratado

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Com palavras inflamadas o presidente americano anunciou em 8 de maio  a retirada de seu país do acordo nuclear com o Irã. A decisão parece, a primeira vista, impulsiva. Porém, ao observar-se a sequência de fatos anteriores, lícito será concluir-se que cuidadoso planejamento antecedeu a declaração de ontem.

As recentes reuniões, presenciais e telefônicas,  entre Donald Trump e Benjamim Netanyahu parecem indicar, por objetivo, não apenas o  estreitamento dos laços entre os dois países mas, também,  preparar, quando conveniente, um ataque às instalações de misseis e centrífugas de urânio do Irã.

Ao repudiar o tratado, Trump declara um estado de pre-guerra com o Irã, uma vez que, descartando as obrigações contratuais assumidas pelo governo dos Estados Unidos, assume posição de intensa hostilidade. O faz em estreita consonância com Israel, a ponto de Netanyahu preparar uma justificativa pública através da mídia internacional, para, em seguida, finalizar o destrato.

Outros fatos reforçam esta suspeita. A cessão à Israel dos modernos F 35 à Tel Aviv, aviões com a autonomia necessária para executar  missões contra o Irã, não parece ser coincidência. Ainda, a recente aproximação de Israel à Arábia Saudita, intermediada por Washington, possibilita o sobrevoo da península Arábica, necessário para atingir-se o território iraniano.

Vendo-se liberado por Washington para a guerra, Israel não poupará os alvos na Síria e no Líbano onde se situam ativos militares pró-Irã. Tais ataques, ao ocorrerem, criarão sérios embaraços à Moscou, aliado de Damasco.

Existem, assim, neste  momento, todas as condições para o inicio de mais uma aventura bélica no Oriente Médio-Próximo, cujo consequente desmoronamento lembrará os efeitos da invasão do Iraque empreendida por George W Bush.

Mas os efeitos da retirada do tratado anti-nuclear não se limitam à inimigos e armamento. Afetam seriamente os interesses econômicos de seus aliados.

The international reach of US sanctions makes the US the economic policeman of the planet, and that is not acceptable, é a recente  declaração do Ministro  das Finanças francês, Bruno Le Maire.

O volume de negócios empreendidos pela União Europeia e o Irã em 2107 atingiu 25 bilhões de Euros. Em consequência das fortíssimas sanções econômicas  a serem aplicadas pelos Estados Unidos ao Irã, as empresas européia vir-se-ão compelidas a renunciar a seus negócios face à retaliação do Tesouro norte americano.

França e Alemanha já manifestaram sua extrema preocupação no que denominam de "sanções secundárias", ou seja, aquelas que penalizam a atividade de empresas europeias nos Estados Unidos, por negociarem com empresas e governo iranianos.(¹)

Alarga-e assim o fosso entre os interesses de Washington e Bruxelas. Já por diversas e cada vez mais frequentes manifestações levanta-se a questão de quão convergente será a atual política externa norte americana com àquela da União Europeia. A resposta vem sendo cada vez mais negativa.

1. Vide artigo desta coluna "Sanções e Crime" de 12 de abril p.p.



domingo, 6 de maio de 2018

Trump e Kim Jung-un

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Reina o suspense. Dois protagonistas, conhecidos pela sua imprevisibilidade, prometem encontrar-se para desatar o Nó Górdio sob o qual suspende-se a Bomba.

De um lado, Donald Trump exige a desnuclearização da Coréia do Norte; do outro,   Kim Jung-un promete a desnuclearização da Coréia do Norte. Não, não houve erro de redação; é isso mesmo. Porém, Satan aí está para embaralhar o que seria uma concordância; para isto servem os detalhes.

Ao participar desta reunião, é enorme o risco para Trump, pois sua presença só fará sentido caso saia vitorioso. O mesmo não se aplica ao jovem Kim, para quem ter no outro lado da mesa o líder do Império Americano por si só significa singular vitória.

Assim, o coreano sentar-se-a à mesa com mais fichas do que seu adversário, o que lhe permitirá melhor recorrer ao "bluff". Para Kim a desnuclearização é a arma com a qual pretende atingir  diversos objetivos.

Dentre eles se destaca a assinatura de um tratado de Paz, terminando o estado de guerra que até hoje prevalece entre as partes envolvidas. Os Estados Unidos e a Coréia do Sul por um lado, e a Coréia do Norte do outro. Neste quesito, a hábil co-optação do presidente Moon Jaein da Coréia do Sul pelo jovem ditador favorecerá os objetivos de Pyongyang.

Já as exigências de interrupção de manobras militares conjuntas ao Sul do paralelo 38(¹) bem como o permanente acantonamento de tropas americanas poderão constar do menu das negociações.
Também, a cessação das sanções econômicas estarão no rol das revindicações.

Mas como poderá Kim comprometer-se à desnuclearização tendo em vista a atual ameaça de Trump de renegar o tratado celebrado com o Irã? Qual o grau de confiabilidade que mereceria a assinatura norte americana?

Talvez, aí entre mais uma peça no xadrês, até agora encoberta; a entrada da torre chinesa. As idas e vindas do ditador coreano à Pequim que precedem a iminente conferência podem fazer suspeitar que outros players sejam mobilizados como garantes dos termos do tratado a ser celebrado. Dentre eles destacaria-se-ia Xi Jinping com todo o peso específico do Império do Meio.(²)

Estará Washington disposta à adotar a negociação como meio de chegar-se ao entendimento de interesse mútuo, ou prevalecerão as personalidades impositivas de Trump e Kim?

Ou será que estamos presenciando um projeto muito mais ambicioso, ao termos Xi Jinping usando Kim para atrair a Coreia do Sul para sua órbita?

(1) Linha de demarcação entre os dois países da península coreana.
(2) China

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Netanyahu mistificador

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Às vésperas da validação anual de Trump do tratado nuclear com o Irã, assim determinado pelo Congresso norte-americano, o Premier israelense semeia a intriga.

Em aparatosa apresentação de "informações inéditas" o político pretende demonstrar a pérfida e subreptícia atuação de Teerã, retirando-lhe a necessária confiabilidade que justificasse a prorrogação do tratado.

Porém, a tentativa de incendiar a opinião pública e as chancelarias das grandes potências não teve êxito. A resposta da comunidade anti-nuclear foi imediata, revelando o embuste. As informações dadas "em primeira mão" se revelaram fora de contexto e fora do rigor cronológico. A "montagem" foi desmascarada. Mesmo o New York Times, não raro pró Israel, revela hoje, 2 de maio, em editorial, a improcedência das denuncias emanadas de Tel Aviv.

Em suma, o incêndio pretendido por mais esta jogada de um primeiro ministro às turras com a lei por procedimento corrupto, não passou de uma flatulência, inconveniente mas passageira.

Espera-se, assim que Trump, alertado pelos líderes da França, da Alemanha e da Grã Bretanha, ignore o estertores de Netanyahu e abandone a declarada intenção de retirar os Estados Unidos do tratado preservando a desnuclearização iraniana.

Por outro lado, tudo indica que esta manobra decorre de uma conspirata entre comparsas, onde Israel supre os Estados Unidos com um pretexto (remember Bush e Iraque), por pior que seja, para engendrar mais um desastre no Oriente Próximo.