Ao longo de décadas, os Estados Unidos
tem ignorado a importância do Brasil, tanto no cenário Latino
Americano quanto no resto do Mundo. Não parece disposto a investir tempo e recursos em tornar o maior país da America do Sul em aliado unido por indissolúveis interesses comuns. Talvez por considerar que em momento de estrema necessidade, seu poderio, tanto econômico quanto militar, seria suficiente para fazer com que o Brasil atendesse aos seus objetivos. Assim, a atenção da superpotência para com Brasília tem sido anêmica.
Vale perguntar-se o que embasa tal
desinteresse? Afinal das contas o Brasil reúne, dentre outros,
diversos trunfos que contrariam tal desprezo.
- Extensão territorial que
- o torna influente em qualquer país Sul Americano
- projeta sua influência no continente Africano
- dimensão geográfica e populacional que favorece a tomada de rumo próprio
- Oitava Economia do planeta onde
- desponta como a segunda maior produtora de alimentos
- imensa produção de minerais, supridor das necessidades de grandes “players” internacionais como a China e o Japão
- mercado de 80 a 100 milhões de consumidores de bens e produtos internacionais
- autossuficiência energética.
O distanciamento histórico de
Washington, que após o projeto fracassado da ALCA, zona de livre,
mas nem tanto, comercio se confirmou, só parece ser revisto quando,
por razões extremas, vide 2a Guerra Mundial ou a iminente vitória
comunista no governo Jango, o interesse pelo Brasil reaparece.
Também, a constante relutância do Itamaraty em submeter o Brazil à
condições subsidiárias também tem agastado um Departamento de
Estado habituado à fácil aquiescência de seus interlocutores
latino americanos.
Assim, com acerto, a política externa
brasileira tem privilegiado o forum multilateral, onde seus
interesses são melhor defendidos, protegidos que se tornam de
pressões excessivas de parceiros impositivos. Para o Brasil, as
Nações Unidas e as demais organizações ancilares vêm permitindo
ao Brasil tratamento equitativo no que tange suas aspirações
comerciais e sua proteção política.
Neste quadro, a diversificação do
comercio internacional brasileiro vem tendo efeito benéfico,
reduzindo o risco de parcerias estreitas e preponderantes. Submete,
assim, os diferendos à arbitragem das agências internacionais como
a OMC (Organização Mundial do Comércio).
Retornando ao diálogo Norte-Sul, o
silêncio é a regra, e revindicações pontuais o interrompe. A
recente viagem do Secretário de Estado, Rex Tillerson à diversos
estados sul americanos teve por fato mais relevante uma omissão. A
não visita ao Brasil como se nada houvesse a dialogar. Como nada é
gratuito nas relações diplomáticas, cabe concluir que Washington
manifestava sua insatisfação. Mas com o que?
A expansão da presença Chinesa no
campo dos investimentos industriais e em infraestrutura brasileira
parece ser um deles. Ainda, a negativa, bem fundamentada, do governo
brasileiro de disponibilizar a base de lançamento de foguetes em
Alcântara talvez seja outro motivo. A preferência pelos caças
suecos sobre os jatos norte-americanos, por recusa de transferência
de tecnologia, pode-se adicionar à lista. A recusa da venda da
Embraer à Boeing, seria ela mais um motivo?
Ou nada disso importa. Apenas, em
arroubo imprevisível e desgovernado, Donald Trump achou por bem
repetir o feito da Rainha Vitória, quando irritada com a Bolivia,
pediu a Whitehall a sua retirada do mapa.
N.R. Após publicação deste artigo foi divulgado pelo N Y Times a ressurreição da Doutrina Monroe, conforme discurso de Rex Tillerson, antecedendo sua viagem à America do Sul. Alvo: a China.
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