sábado, 20 de maio de 2017

Pernas quebradas


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Desde Montesquieu os governos republicanos buscam pautar-se pela formula dos três poderes. Como se tripe fosse, a estrutura do Estado se sustenta nas pernas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Mas não estamos na França nem nos Estados Unidos onde seus pensamentos foram aplicados com rigor.

No caso do Brasil, o processo toma rumo mais complexo, que tem por efeito nublar a clareza institucional desta democracia. Sua moderna história republicana, sempre atabalhoada, reflete a dificuldade de implementar com eficácia o processo democrático face ao despreparo educacional das massas e a incontida ganância de importantes segmentos das elites. Na realidade, ambas refratárias ao comprometimento cívico. Ainda que tal lacuna seja compreensível quanto ao segmento inferior da pirâmide social, a mesma leniência não pode se aplicar ao seu ápice.

Nem nos anos autoritários de Getúlio Vargas nem no Regime Militar observou-se o nível de corrupção que abraçou a Nova República. Naquelas etapas, apesar de ditatoriais e repreensíveis, o conceito de servir ao Brasil estava presente. Já, libertada a classe política, muitos de seus membros trouxeram consigo as trouxas e trapos infectados pela corrupção da era Juscelino, revelando atores ávidos por descontar o tempo contido e perdido pelo represamento militar, assim descortinando o terreno fértil para sua faina. O voto do analfabeto, dos jovens ainda imaturos de 16 anos, dos eleitores semi-famintos no lumpen, em quadro de voto obrigatório, abriram ao populismo e demagogia o fértil campo eleitoral, onde tanto a palavra enganadora quanto o dinheiro corruptor compram o assento parlamentar.

A angariação de centenas de milhões de reais em espúria ligação político-empresarial sustenta o atual sistema eleitoral, adentrando as portas do Congresso, comprando decisões legislativas permitindo vantagens políticas e financeiras aos conspiradores.

Verifica-se, assim, o inevitável colapso do Congresso, onde a epidemia corruptora graça, retirando sua legitimidade face ao povo brasileiro. Apesar de poucas exceções, deputados e senadores perderam o respeito da Nação.

Há poucos dias, foi a vez do Executivo. As acusações (a serem comprovadas) feitas ao presidente Michel Temer por um empresário cafageste, cujos bilhões foram amealhados mediante benesses concedidas pelo governo Lula, pretendem comprometê-lo e, quiça, afastá-lo do cargo. Encontra-se a República prestes a perder a legitimidade do Executivo, deitando por terra o processo ora em andamento de reformas essenciais ao bem estar do Brasil.

Se, de fato, soçobrar a presidência, fica a Nação dependente do último esteio, último recurso, última perna do tripé institucional: o Supremo Tribunal Federal. Ainda que o respeito à Constituição, como guia para ultrapassar os obstáculos à normalidade administrativa seja impositivo, também é verdade que no Tribunal reside o último refúgio da dignidade e da legitimidade institucional do país. 

Assim, recomendável  será encontrar, em suprema urgência e com o apoio de todas as classes representativas, inclusive a classe política, formula que permíta recorrer à imparcialidade do Supremo Tribunal Federal. Recebendo este mandato sua presidente saberá conduzir a Nação no interregno que levará às próximas eleições diretas.



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