domingo, 7 de maio de 2017

Macron presidente!


Resultado de imagem para photo of macron


Encerra-se assim o ciclo eleitoral francês para a presidência. Deu nova força à União Europeia, ameaçada pelos movimentos radicais no Continente e pela infiel Grã Bretanha e seu Brexit. Restabeleceu-se o equilíbrio do Ocidente, e tranquilizou-se, ainda que temporariamente, alguns temores geo-políticos que afligem o planeta.

Nem tanto pela vitória de Emmanuel Macron, chefe do En Marche!, cuja juventude política e a ainda desconhecida capacidade administrativa o torna vulnerável, mas sim pelo voto anti Front National. Sua visão pan-europeia e sua oposição à força desagregadora de Marine le Pen, comprometida com a derrubada do edifício europeu, atraiu os votos dos eleitores de outros partidos.

Não foram poucos os arautos em busca do passado para, na sua imagem, construir o futuro. Preferem a dispersão dos interesses, a desarmonia competitiva do antigo nacionalismo, as muralhas que protegem projetos fracassados. O retorno ao jogo das alianças competitivas, ao retrocesso do mercantilismo, aos clamores pelas purezas raciais, à intolerância do diferente negam  a modernidade imposta pelo Século XXI. Le Pen e seus correligionários descartam a inevitabilidade da globalização, impelida pela revolução tecnológica da comunicação. O Front National, hoje derrotado, propugnava o retorno às condições que já levou o mundo ao mais sanguinário dos séculos, o Século XX.

Seria bem possível que, em algumas chancelarias houvesse os que torceram contra Macron; a Inglaterra teria facilitada suas negociações de divórcio com uma Europa enfraquecida, aliando sua própria deserção àquela da França “frontiste”. Wladimir Putin teria em Le Pen uma aliada que lhe abriria as portas para a discórdia dentre os europeus, assim dificultando a continuidade das sanções que ora lhes são impostas. Possivelmente, agradasse, também, a Donald Trump, cuja visão de um Estado egocêntrico se aproxima da visão de Marine Le Pen.

Mas não aconteceu. Emanuel Macron oferece à França uma mensagem temperada, de “terceira via”, onde nem o socialismo tradicional nem capitalismo neo-liberal terão primazia. Seu discurso busca atenuar os excessos do primeiro e conter as ambições do segundo. Contudo, nada é certo antes das eleições parlamentares.

Macron ganhou as eleições, porém seus votos vieram, em relevante proporção, da direita derrotada e frustrada por François Fillon. A derrota dos Les Republicains foi selada ao insistir sua Direção em manter o candidato desmoralizado em vez de garantir uma inescapável vitória com Allain Juppé. Estes votos terão alto preço quando da formação da coalizão governante.

Ainda, os eleitores do proto comunista Mélenchon também contribuíram para a vitória do En Marche! Sua adesão termina aí. Estes serão, tudo indica, implacáveis inimigos de Macron nas eleições legislativas.

Já os eleitores do Partido Socialista difícilmente serão solidários à Emmanuel Macron. Justo seria estimar-se que parte apoiará o exministro do governo Hollande, e outra, a mais radical, cerrarão fileiras com Mélenchon, líder da “France inssoumise”.

Este cenário recomenda prudência nas previsões; reflete a monumental tarefa que o presidente recém eleito terá ao formar uma maioria multi-partidária que lhe permita cumprir o projeto prometido a seus eleitores.


Nenhum comentário: