O recente interrogatório a que foi
submetido o ex presidente Lula revela um líder político a tudo
alheio. De nada sabe, um torno de si nada acontece, a ninguém
concede relevância, nem mesmo a si próprio. Como se fosse levado a
isto ou aquilo sem que de sua vontade dependesse.
Ao presidente de uma das maiores
empresas do país Lula da Silva atribui o ânimo de vendedor de
apartamento, como se sua presença no local do negócio nada mais
fosse do que reles operação comercial. Reformas milionárias onde
até elevador é instalado, nada mais significa do que mais um
pequeno empurrão para fechar uma venda não realizada. Não explica
como o custo de tais reformas por ele demandados, tanto no triplex como no sítio, nunca foram cobrados
nem ressarcidos. Ah!, é verdade, Lula da Silva nunca quis aquele
apartamento e o sítio não é dele. Era só Léo Pinheiro tentando faturar mais uma venda e,
assim, polindo o seu histórico profissional. Ao ex-presidente não
lhe pareceu incomum ter vendedor de imóvel de tamanha importância?
Quanto aos desmandos na Petrobrás nada
sabe o ex-presidente. Apesar de ter indicado os sucessivos
presidentes de seu órgão máximo, o Conselho Administrativo. Apesar
de conviver diuturnamente com seus correligionários, José Sergio
Gabrielli, e Dilma Rousseff e de dezenas de quadros operacionais
intimamente ligados ao PT, o ex-presidente nada sabia. Apesar do
dinheiro-duto despejar milhões e milhões de reais, quando não
dólares, nos cofres de seu partido e em suas campanhas eleitorais,
Lula da Silva nunca se surpreendeu nem se perguntou como e porque
tamanha bonança.
Ainda, em nada lhe aflige a enxurrada
de denuncias de atos ilícitos envolvendo seu nome e os de seus
comandados, acusações que relatam fatos que convergem para
assegurar-lhe o bem estar pessoal e a sua continuidade no poder. De
nada sabe. Acuado, sob risco de ver-se em terreno pantanoso, não
hesita atribuir responsabilidade à sua defunta esposa. Nada de
grave, dirá, coisas de mulher. Não me consultou...
Contudo, o brilhantismo de sua defesa
tem por corolário identificar o ex presidente Lula da Silva como
despreparado para o exercício do poder. Ou bem falta ele para com a
verdade, tornando-se desonesto e indigno de confiança, condição
essencial ao cargo de Presidente da nação, ou bem revela-se
incompetente, incapaz de identificar e conter a imensa corrupção
praticada por seus partidários que se apoderaram da máquina
pública sob o seu comando.
Pelo que é inconteste conhecimento,
Luis Inácio da Silva comandava, em seu estilo popular e democrático,
os diversos níveis de sua base eleitoral e administrativa.
Conhecia-os intimamente, olho no olho. Seu diálogo era pessoal,
aberto, por vezes íntimo. Conhecia-os pelo nome, perguntavam-nos.
sobre suas mulheres e filhos. E sobre todos exercia seu domínio
Em todos os momentos de seu reino, Lula
exerceu o Domínio do Fato. Inteligente, astucioso, tudo sabia, tudo
conhecia. Ainda que, até o momento, livre de evidências concretas,
seu comando direto sobre políticos como José Dirceu, Antonio
Palocci e o restante da pirâmide de poder valida a tese de seu
absoluto e férreo Domínio. Por consequência, é inescapável a sua
responsabilidade e sua culpa.
“A
Teoria do Domínio do Fato é explicada por Claus Roxin[1] baseada
em algumas vertentes. Inicialmente, segundo sua obra, o autor é quem
realiza direta e imediatamente, no todo ou em parte, uma conduta
típica descrita na lei penal como incriminadora, sendo inerente ao
domínio da ação. Além dessa questão, é o domínio funcional do
fato, apresentado nas situações de coautoria. E por fim, ocorre
quando o autor executa o fato delituoso utilizando-se de outrem como
instrumento. Se assim for, está presente a autoria mediata através
do domínio da vontade, mesmo que não executada pessoalmente a
conduta típica, ainda assim, se perfaz sobre ele a autoria.
Destarte, este domínio materialmente considerável está tão
marcante ao ponto de permitir a realização de tal fato, podendo
inclusive decidir sobre sua interrupção, modificação ou
consumação.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário