terça-feira, 23 de agosto de 2016

Hillary no poder


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Se não for esta a manchete, algo de parecido deverá encabeçar os jornais internacionais ao concluir-se a eleição presidencial norte americana. Se não houver grande regozijo, alivio certamente haverá face à derrota do instável Donald Trump.

Hillary Clinton, surpreendida pelo inesperado apoio a Bernie Sanders, busca adicionar ao seu discurso eleitoral as teses pró justiça sócio-econômica de seu recém adversário. Contudo, sua natural intimidade com a business community ao longo de sua carreira levanta dúvidas quanto à solidez de suas novas promessas em prol da working class.

Dentre estas ter-se-ia a eliminação de loopholes nas faixas superiores de renda bem como a redução do custo de acesso à educação superior. O aumento relevante do salário mínimo faz, também, parte do cardápio da campanha. Improvável, ainda que sugerida, será a revisão ou eliminação dos tratados comerciais e internacionais celebrados com a Ásia (TPP) e NAFTA (America do Norte) ou por celebrar, com o TTIP com a União Europeia.

Tal movimento à esquerda terá por obstáculo a influência do pensamento político que sobre a futura presidente exerce seu marido, Bill Clinton, cuja visão pró-business o levou à imprudente revogação do Glass Steagal Act, uma das relevantes causas da Grande Recessão. Decorre daí uma profunda gratidão e continua intimidade com as lideranças bancárias e empresariais. Pergunta-se, também, até que ponto os compromissos assumidos implicitamente com soberanos e mega empresários, contribuintes para a fundação Clinton, poderão comprometer as promessas eleitorais.

Quanto à política externa, Hillary enfrentará notável desafio. Ao longo de sua vida política, Mrs. Clinton tem revelado fidelidade, não apenas à “tough diplomacy”, mas também não temer a beligerância aberta como evidenciado pelo seu voto a favor da guerra contra o Iraque e a intervenção Líbia quando chefe da diplomacia norte-americana. 

De pronto, terá diante de si a avaliação dos focos de real e potencial conflito:
  • O Grande Oriente Médio, onde predominam, convergem e conflitam os interesses das grandes potencias, os Estados Unidos/Israel, a Rússia e a China. Todos pretendem manipular ou influir nos destinos da região em alianças com a Arábia Saudita/Reinos do Golfo, com o Irã/Iraque/Síria e Turquia. A única unanimidade dentre os protagonistas é o combate ao Estado Islâmico, uma vez que organizações terroristas o são para alguns e não para todos. Perigo imediato.
  • A Rússia, cujo arsenal nuclear e a resistência à expansão da OTAN leva o estamento CIA/Pentágono a considerá-la “perigo existencial para os Estados Unidos”. Perigo a curto prazo.
  • A China, cuja expansão militar, geográfica, quantitativa e tecnológica ameaça o domínio dos mares asiáticos. Perigo a prazo médio.
Esta será a herança prometida à Hillary.  Uma vez ungida, estima-se que o ritmo por ela imposto  será bem mais intenso e tenso do que aquele preferido por seu antecessor. As soluções para estas e muitas outras questões encontrarão um planeta pressionado por uma economia incerta, um clima em deterioração, e líderes políticos aquém da qualidade que as circunstâncias hoje demandam.


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