Se não for esta a
manchete, algo de parecido deverá encabeçar os jornais
internacionais ao concluir-se a eleição presidencial norte
americana. Se não houver grande regozijo, alivio certamente haverá
face à derrota do instável Donald Trump.
Hillary Clinton,
surpreendida pelo inesperado apoio a Bernie Sanders, busca adicionar
ao seu discurso eleitoral as teses pró justiça sócio-econômica de
seu recém adversário. Contudo, sua natural intimidade com a
business community ao longo de sua carreira levanta dúvidas quanto à
solidez de suas novas promessas em prol da working class.
Dentre estas ter-se-ia
a eliminação de loopholes nas faixas superiores de renda bem como a redução do custo de acesso à educação superior. O
aumento relevante do salário mínimo faz, também, parte do cardápio
da campanha. Improvável, ainda que sugerida, será a revisão ou eliminação
dos tratados comerciais e internacionais celebrados com a Ásia (TPP)
e NAFTA (America do Norte) ou por celebrar, com o TTIP com a União
Europeia.
Tal movimento à esquerda terá por obstáculo a influência do pensamento político que sobre a futura
presidente exerce seu marido, Bill Clinton, cuja visão pró-business
o levou à imprudente revogação do Glass Steagal Act, uma das
relevantes causas da Grande Recessão. Decorre daí uma profunda
gratidão e continua intimidade com as lideranças bancárias e
empresariais. Pergunta-se, também, até que ponto os
compromissos assumidos implicitamente com soberanos e mega
empresários, contribuintes para a fundação Clinton,
poderão comprometer as promessas eleitorais.
Quanto à política externa, Hillary enfrentará notável desafio. Ao longo de sua vida
política, Mrs. Clinton tem revelado fidelidade, não
apenas à “tough diplomacy”,
mas também não temer a beligerância aberta como evidenciado pelo
seu voto a favor da guerra contra o Iraque e a intervenção Líbia quando chefe da diplomacia norte-americana.
De pronto, terá diante de si a avaliação dos focos de real e potencial conflito:
- O Grande Oriente Médio, onde predominam, convergem e conflitam os interesses das grandes potencias, os Estados Unidos/Israel, a Rússia e a China. Todos pretendem manipular ou influir nos destinos da região em alianças com a Arábia Saudita/Reinos do Golfo, com o Irã/Iraque/Síria e Turquia. A única unanimidade dentre os protagonistas é o combate ao Estado Islâmico, uma vez que organizações terroristas o são para alguns e não para todos. Perigo imediato.
- A Rússia, cujo arsenal nuclear e a resistência à expansão da OTAN leva o estamento CIA/Pentágono a considerá-la “perigo existencial para os Estados Unidos”. Perigo a curto prazo.
- A China, cuja expansão militar, geográfica, quantitativa e tecnológica ameaça o domínio dos mares asiáticos. Perigo a prazo médio.
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