Fazendo certa pausa na
política brasileira, vale refletir sobre as Primárias
norte-americanas, onde os dois candidatos, Hillary Clinton e Bernard
Sanders, buscam sua indicação.
Uma análise
equilibrada, parece demonstrar ser a ex primeira dama e Secretaria de
Estado a favorita nesta disputa. Hillary goza de alto reconhecimento
de seu nome junto ao eleitorado, tem acesso superior ao dinheiro de
campanha, e apoio do estamento partidário. Seja por bem agir, seja por tropeços na sua vida pública tais como o
fiasco Líbio ou o affaire dos e-mails confidenciais, seu nome chega,
constantemente, às grandes manchetes.
Ainda, merecendo
Hillary o vigoroso apoio de seu marido, o ex- presidente Bill Clinton,
um dos mais habilidosos políticos de sua geração, torna-se mais
fácil navegar entre os escolhos da política. Recebe, ainda, o apoio
da AIPAC, o poderosos lobby judeu-israelense, em troca do robusto suporte concedido à Israel quando da destruição de
Gaza.
Sua visão de politica
externa reflete sua atuação quando comandava o Itamaraty americano,
propugnando repetidas vezes a escolha pela tough diplomacy, o que,
para muitos, parece ser um paradoxo.
Ainda que Democrata,
portanto um grau abaixo da preferência concedida ao partido
Republicano pelo grande capital, bancário e corporativo, Hillary
recebe polpudas contribuições, negadas ao seu
concorrente. Beneficia-se, também, da influência da milhardária
Fundação Clinton, estrutura financeira vista como de grande
influência, tanto nos meios políticos como corporativos.
Tal intimidade com a
image "Midas", resulta também no seu calcanhar de Aquiles.
Confrontada pelo adversário Sanders, Hillary revela-se
descompromissada com a base de sua pirâmide eleitoral, constituída
por uma classe média, pela classe trabalhadora, cujos ganhos reais
inexistem a várias décadas. Revela, assim, uma imagem elitista
desconectada com importante segmento de seu Partido.
Contudo, parece ter o
apoio do eleitor branco Democrata acima dos cinquenta anos, e das
importantes minorias que compõem o quadro eleitoral norte-americano.
Assim veem se manifestando os núcleos Latinos, Negros e Judeus.
Justo seria dizer-se que Hillary Clinton defende a manutenção do
status quo, seguindo a ótica de seu Partido.
Do lado oposto tem-se
Bernie Sanders. Seus eleitores são, essencialmente, os brancos,
abaixo dos cinquenta anos de idade, desapontados pelas condições
que, a seu ver, favorecem o acumulo da riqueza nacional no topo da
pirâmide, relegando a classe média e trabalhadora à estagnação. Conta, também, com os votos da maioria dos chamados "independentes" (não filiados a qualquer partido). Pretende combater este desequilíbrio, que considera nocivo econômica,
política e socialmente, contendo o que considera o domínio da
política pelo lobby das grandes corporações, o qual, por sua
vez, impede uma distribuição de renda mais favorável à base assim
impedindo uma maior expansão da economia.
Apesar de Judeu, o
candidato defende uma postura mais equidistante no conflito
Israel-Palestina, propugnando ser este o caminho para a pacificação
e solução do contencioso. Sua visão de política internacional á
anti-intervencionista, priorizando a negociação diplomática.
Já, sua posição é
protecionista, ao se opor aos tratados de comercio internacional,
exportadores de mão de obra americana. Propõe, também, alteração
na legislação fiscal que hoje protege, excessivamente, empresas e
camadas superiores.
Apesar de Sanders
surpreender Hillary Clinton, pela notável evolução de sua campanha,
a luta pela conquista, não tão somente do voto popular mas, também,
do voto dos delegados, dificilmente terá folego suficiente para
vencer.
Razoável estimar-se que dois fatores, não necessariamente democráticos, impelem a
ex-primeira dama à vitória. O primeiro decorre das contribuições
financeiras para sua campanha, que ofuscam as do adversário. Como
candidata do status quo, Hillary recebe apoio das campanhas anônimas
dos PACs, onde os grandes capitais lhe dão suporte. A estes se somam
os gêtons que bancos como o Golman Sachs lhe oferecem por palestras
(350.000 dólares, cada uma) cujo valor, estima-se, pouca relação
terá com a sua substância.
O segundo fator
refere-se aos Delegados Especiais já comprometidos com a Mrs.
Clinton. Estes seguem, essencialmente, a preferência da máquina
partidária, desvinculados dos votos conquistados durante a campanha
das primárias. Como exemplo divulgado pelo New York Times, em
condições de disputa eleitoral, seriam necessários 5 milhões de
votos para conquistar estes 200 delegados especiais já comprometidos. A eles, Bernie
Sanders não parece ter acesso.
E assim prossegue o
embate eleitoral norte-americano, cujos resultados trarão importante
impacto sobre o destino político do planeta.
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