domingo, 24 de abril de 2016

Governo de coalizão


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HELP, I need somebody, HELP! E assim, Dna. Dilma, valendo-se dos Beatles, lança-se mundo afora em busca de ajuda contra o Golpe que não é golpe. E que mundo procura? O Bolivariano, o Terceiro Mundo, os BRICS? Não.

Não hesita em esquecer seus discursos inflamados, onde repudiava qualquer ingerência estrangeira em assuntos internos brasileiros por atropelar a Soberania Nacional. Os Maduro e os Morales para ela, neste momento crucial, de nada servem; pelo contrário, apela para a terra dos “homens de olhos azuis”.

É lá que a ex guerrilheira busca apoio para a “sua” democracia; no New York Times, no Economist. Mas isto sem lhes contar tudo que deveria, pois o único golpe que sofre é aquele com que agride a verdade. Em suas queixas nada fala sobre ter o Supremo Tribunal Federal validado o processo de impeachment por 8 a 2, tribunal este composto por 11 juízes, dentre os quais 8 indicados por presidentes Petistas. Escamoteia a verdade ao calar sobre as “pedaladas”, a incúria com os gastos públicos, o dinheiro sujo que lhe mantêm no poder e nada diz sobre os diversos requerimentos de impeachment que seu próprio partido interpôs contra presidentes passados.

Falta, ainda, a etapa crucial do julgamento pelo Senado. As alternativas parecem ser; a primeira negando o impeachment, assim dando continuidade ao governo Dilma. Este, tendo perdido boa parte de sua base aliada, pouco ou nada poderá realizar até o término de seu mandato.

A segunda, vencedora a proposta de retirada da Presidente, tornar-se-á viável conter a infecção que sofre o país, livrando-o do vírus do populismo desagregador, salvando-o do estado comatoso em que se encontra.

Para tal, somente uma maioria parlamentar poderá viabilizar reformas nos campos político, fiscal e administrativo. Trata-se de dar substância ao processo eleitoral e partidário, de ordenar a estrutura fiscal e desinfectar as entidades públicas das práticas nocivas que deturpam seus objetivos, preservando, contudo, os avanços sociais iniciados no governo Fernando Henrique Cardoso. Se assim for, razoável será estimar-se uma retomada de confiança dos agentes econômicos, a qual, a exemplo da Argentina, permitirá a inversão da atual tendência negativa da economia.

Caso concedido o impeachment, parece descabido levar adiante o processo no Tribunal Superior Eleitoral. Uma destituição cumulativa, a do Vice Presidente, hoje líder do maior partido brasileiro, causaria o agravamento da instabilidade politico-econômica do país, levando, muito provavelmente, ao limite, senão além,  as tensões sociais que já se fazem sentir.

Cabe indagar aos políticos que defendem este caminho, que premio pretendem ao pescar em águas tão turvas. Mais prudente e sensato, e de maior interesse do país, parece ser a busca de um governo de coalizão, unindo as principais forças políticas em torno de Michel Temer.

terça-feira, 19 de abril de 2016

As Primárias Democrátas





Fazendo certa pausa na política brasileira, vale refletir sobre as Primárias norte-americanas, onde os dois candidatos, Hillary Clinton e Bernard Sanders, buscam sua indicação.

Resultado de imagem para photos hillaryUma análise equilibrada, parece demonstrar ser a ex primeira dama e Secretaria de Estado a favorita nesta disputa. Hillary goza de alto reconhecimento de seu nome junto ao eleitorado, tem acesso superior ao dinheiro de campanha, e apoio do estamento partidário. Seja por bem agir, seja por tropeços na sua vida pública tais como o fiasco Líbio ou o affaire dos e-mails confidenciais, seu nome chega, constantemente, às grandes manchetes.

Ainda, merecendo Hillary o vigoroso apoio de seu marido, o ex- presidente Bill Clinton, um dos mais habilidosos políticos de sua geração, torna-se mais fácil navegar entre os escolhos da política. Recebe, ainda, o apoio da AIPAC, o poderosos lobby judeu-israelense, em troca do robusto suporte concedido à Israel quando da destruição de Gaza.

Sua visão de politica externa reflete sua atuação quando comandava o Itamaraty americano, propugnando repetidas vezes a escolha pela tough diplomacy, o que, para muitos, parece ser um paradoxo.

Ainda que Democrata, portanto um grau abaixo da preferência concedida ao partido Republicano pelo grande capital, bancário e corporativo, Hillary recebe polpudas contribuições, negadas ao seu concorrente. Beneficia-se, também, da influência da milhardária Fundação Clinton, estrutura financeira vista como de grande influência, tanto nos meios políticos como corporativos.

Tal intimidade com a image "Midas", resulta também no seu calcanhar de Aquiles. Confrontada pelo adversário Sanders, Hillary revela-se descompromissada com a base de sua pirâmide eleitoral, constituída por uma classe média, pela classe trabalhadora, cujos ganhos reais inexistem a várias décadas. Revela, assim, uma imagem elitista desconectada com importante segmento de seu Partido.

Contudo, parece ter o apoio do eleitor branco Democrata acima dos cinquenta anos, e das importantes minorias que compõem o quadro eleitoral norte-americano. Assim veem se manifestando os núcleos Latinos, Negros e Judeus. Justo seria dizer-se que Hillary Clinton defende a manutenção do status quo, seguindo a ótica de seu Partido.

Resultado de imagem para photos sandersDo lado oposto tem-se Bernie Sanders. Seus eleitores são, essencialmente, os brancos, abaixo dos cinquenta anos de idade, desapontados pelas condições que, a seu ver, favorecem o acumulo da riqueza nacional no topo da pirâmide, relegando a classe média e trabalhadora à estagnação. Conta, também, com os votos da maioria dos chamados "independentes" (não filiados a qualquer partido). Pretende combater este desequilíbrio, que considera nocivo econômica, política e socialmente, contendo o que considera o domínio da política pelo lobby das grandes corporações, o qual, por sua vez, impede uma distribuição de renda mais favorável à base assim impedindo uma maior expansão da economia.

Apesar de Judeu, o candidato defende uma postura mais equidistante no conflito Israel-Palestina, propugnando ser este o caminho para a pacificação e solução do contencioso. Sua visão de política internacional á anti-intervencionista, priorizando a negociação diplomática.

Já, sua posição é protecionista, ao se opor aos tratados de comercio internacional, exportadores de mão de obra americana. Propõe, também, alteração na legislação fiscal que hoje protege, excessivamente, empresas e camadas superiores.

Apesar de Sanders surpreender Hillary Clinton, pela notável evolução de sua campanha, a luta pela conquista, não tão somente do voto popular mas, também, do voto dos delegados, dificilmente terá folego suficiente para vencer. 

Razoável estimar-se que dois fatores, não necessariamente democráticos, impelem a ex-primeira dama à vitória. O primeiro decorre das contribuições financeiras para sua campanha, que ofuscam as do adversário. Como candidata do status quo, Hillary recebe apoio das campanhas anônimas dos PACs, onde os grandes capitais lhe dão suporte. A estes se somam os gêtons que bancos como o Golman Sachs lhe oferecem por palestras (350.000 dólares, cada uma) cujo valor, estima-se, pouca relação terá com a sua substância.

O segundo fator refere-se aos Delegados Especiais já comprometidos com a Mrs. Clinton. Estes seguem, essencialmente, a preferência da máquina partidária, desvinculados dos votos conquistados durante a campanha das primárias. Como exemplo divulgado pelo New York Times, em condições de disputa eleitoral, seriam necessários 5 milhões de votos para conquistar estes 200 delegados especiais já comprometidos. A eles, Bernie Sanders não parece ter acesso.


E assim prossegue o embate eleitoral norte-americano, cujos resultados trarão importante impacto sobre o destino político do planeta.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

O próximo passo


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Se aproxima o Dia da Verdade, o dia do julgamento por um grupo de brasileiros, eleito pelo povo, cujo passado recente  vem sendo marcado por um comportamento decepcionante. Será que, neste momento onde o futuro do Brasil se desenha, para pior ou para melhor, prevalecerá o sentimento do estadista ou do esperto? Ou ambos?

Dilma cai ou continua liderando o país ladeira abaixo?

Deposta a presidente, imensa responsabilidade recai sobre os ombros  dos dois partidos líderes da oposição que ora se forma, o PMDB e o PSDB. Nenhum destes partidos poderá liderar o governo isoladamente, uma vez que somente em módulo de “salvação nacional” permitirá à  Nação superar o trauma que enfrenta.

Não se iluda o observador, ao presumir um desdobramento tranquilo, conforme ocorreu após a deposição de Fernando Collor. O fato de ser tênue, senão inexistente, o apoio partidário e popular do político alagoano, permitiu às forças políticas nacionais manter seu ritmo institucional, sem sofrer o choque da deposição.

Tal não será o caso quando do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O Partido dos Trabalhadores detêm relevante apoio popular e parlamentar, e, mesmo derrotado, saberá contrariar e obstruir as iniciativas que se seguirão à renovação do Executivo.  Ter-se-á ganho uma batalha, mas não a guerra. Esta continuará, sem os limites e restrições impostos à um governo, pois  ter-se-á  um PT aguerrido tendo por arsenal propostas populistas e enganadoras  oferecidas no parlamento, nas fábricas, nas ruas e no campo.

Somente um governo forte e coeso poderá enfrentar o desafio que se desenha.  A ser empossado, Michel Temmer estará fadado ao fracasso, pessoal e partidário, caso não garanta uma maioria estável em ambas as casas do Congresso. Para tal, a aliança com o PSDB, o DEM e a REDE torna-se essencial  à implementação de programa que permita  reverter a desordem política, econômica, financeira e moral que ora assola o país.

A janela de oportunidade para que o Brasil reinstale políticas confiáveis, tanto no cenário interno como no externo, se encerra em 2018 quando das novas eleições presidenciais.  Caso persistam manobras políticas estéreis e não programáticas, relegando a segundo plano a recuperação econômica e moral do país, dificilmente evitar-se-á o retorno de Luis Inácio da Silva à liça presidencial.


domingo, 10 de abril de 2016

As Primárias Republicanas

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Grand Old Party
Aos observadores, que seguem as conquistas e agruras desta Terra, cabe avaliar quais os efeitos que as preferências políticas dos candidatos norte-americanos, sejam eles Republicanos ou Democratas, podem trazer a este mundo globalizado.  Uma vez eleito o vencedor, à cada ação sua corresponderá não apenas uma mas diversas reações, cada qual com o potencial de alterar o futuro dos habitantes deste planeta. E destas escolhas dependerá o bem estar, seu e dos seus.

Resultado de imagem para foto de trumpDo lado Republicano observa-se, a dança  destes candidatos. Donald Trump intimida pela sua aparência  violenta e pela sua aparente falta de sequência e lógica ao desfiar suas intenções. Sua política externa parece mais Pomba do que Gavião, preferindo o desengajamento, reduzindo drasticamente o que descreve como “a tarefa de polícia do Mundo”. Promete aniquilar o ISIS, porém também defende restabelecer  boas  relações com a Rússia de Wladimir Putin. Sua política  de comércio internacional promete um neo isolamento, remetendo aos tempos mercantilistas e restritivos das barreiras alfandegárias.

Pretende estancar, com muro e intimidação, o fluxo de imigrantes, oriundos do México e a América Central, não causando ao Brasil maiores temores. Surpreendentemente, em questões de luta contra as carências na saúde, Trump promete “aperfeiçoar” o atual sistema., colocando-se mais próximo a Obama do que do Tea Party. Revela, assim,  quão inesperadas são suas crenças.
Parece ser  um dos mais controversos candidatos à presidência dos Estados Unidos.

Já, o Senador Ted Cruz, membro do radical Tea Party e Evangélico convicto, revela princípios, aspirações e comportamento bem diverso de seu oponente.

Resultado de imagem para foto de Ted CruzNaquilo que mais interessa ao observador distante, Ted Cruz revela, em seu Site de campanha eleitoral, disponível na Internet,  uma propensão à contundência. Com evidente desprezo pelos ensinamentos que as desastradas aventuras de George W. Bush trouxeram ao país e ao mundo, o jovem descendente de cubanos emigrados, revela-se mais realista do que o rei, mais “americano” do que os americanos.

Propõe a seguinte trilogia como base para sua política externa:

  • Para resguardar, defender nosso país devemos exercer nossa liderança no mundo.
  • Devemos defender ferozmente* nossos aliados e nossos interesses.
  • E devemos avaliar cada desafio sob a ótica do que interessa aos Estados Unidos. O que é melhor para a America será melhor para o mundo.
Tal atitude impositiva traduz sua preferência pelo uso da força para a solução dos conflitos internacionais. Assim, exibe sua falta de familiaridade com o que seja o mundo além das fronteiras do Texas, seu estado de residência e adoção.  

Talvez seduzido pela empolgante imagem do cowboy, este Texano sente-se impelido para a luta entre o Bem e o Mal, e parece levar ao excesso uma visão maniqueísta. Exibe sua profunda crença em poder exportar e impor às terras longínquas os métodos, costumes e crenças de sua terra adotiva**, desconsiderando as reações negativas de aliados, neutros e inimigos.  A frase “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o mundo”, desafia o bom senso, tendo em vista a variedade de realidades geopolíticas, culturais, econômicas, etc...

Talvez, sob a influência de sua fé, onde o Estado de Israel adquire especial importância, promete Ted Cruz, explicitamente, rasgar o tratado antinuclear recém celebrado com o Irã, desprezando as consequências desestabilizadoras de tal iniciativa. Pretende inverter a política de Barack Obama de aproximação e pacificação. Talvez esqueça ser Teerã o maior inimigo do ISIS e da Al Qaeda.  Parece preferir os caminhos do conflito àqueles da conciliação.

Sem maior detalhamento, poderá o leitor avaliar este político  talentoso, porém, talvez,  limitado na sua experiência e cultura para o exercício da presidência da maior potencia do planeta. Vale o ditado inglês, quando comparando-se Donald Trump e Ted Cruz: “cuidado com aquilo que desejas”.***

* fiercely, significando um grau aquém de ferociously, e vários graus acima de determinadamente.
** Nasceu no Canadá  de pai cubano e  mãe norte-americana

***Be careful  what you wish for.