Aproxima-se o momento quando os brasileiros terão que decidir o destino do pais para a próxima década. O possível impeachment da presidenta poderá transformar-se no grande divisor de águas da política sócio-econômica. Por consequência, ter-se-a ou a eclosão de turbulenta tempestade ou o rumo será o da normalização e retomada?
O
PSDB sob comando incerto, ora do mineiro Aécio, ora dos paulitas
Serra e Alckmin, ora sob a direção do carioca Fernando Henrique
Cardoso, navega atabalhoadamente, votando contra o ajuste fiscal,
assim contrariando sua tradicional plataforma econômica e abraçando
o “quanto pior melhor”. Conspira, ainda, com o dúbio Eduardo
Cunha, como melhor tática para defenestrar Dilma Rousseff.
A
iniciativa dupla, parece ser de alto risco. Empurrar o Brasil para o
desequilíbrio estrutural da sua economia levaria à perda do
“investment grade”. Seria, assim, o início de uma viagem de fim
incerto tendendo ao tenebroso. A atitude restritiva no mercado
financeiro internacional empurraria a taxa de cambio a novos e
elevados patamares, com imediato reflexo nas taxas de juros, face à
fragilidade crescente do déficit em Transações Correntes. A partir
deste cenário, fortíssimas serão as correntes internas contrárias
à expansão da atividade empresarial, redundando na progressão
inflacionária, na inadimplência de consumidor e produtor, no
crescimento do desemprego. Difícil será prever que benefícios
tirará o PSDB de águas tão turvas.
Ainda,
a experiência sugere não ser provável bom negócio com sócio de
patamar ético divergente. Os acordos celebrados entre o comando
Tucano e o presidente da Câmara estarão assentados sobre terreno
enlameado, instável, podendo levar à ruptura e decepção a
qualquer momento.
Quanto
ao impeachment, parece ser, também, uma aventura de alto risco. A
destituição de Dilma imporá a convocação de novas eleições,
por ser a vigência de seu segundo mandato inferior a dois anos.
Neste caso, o PSDB demonstra confiança em seu prognóstico de
vitória. Tal otimismo seria fundamentado sobre dois pontos
principais; a baixíssima aprovação do governo atual com reflexos
negativos sobre a imagem do Partido dos Trabalhadores e, ainda, na
lembrança das eleições passadas, onde a Oposição chegou perto de
derrotar a aliança governamental.
Não
fosse o fator Lula, a avaliação acima pareceria digna de crédito.
Contudo, a realidade política parece ser outra, uma vez que, face o
enorme desafio, Luis Ignácio da Silva saberá, mais uma vez valer-se
de sua laterciliedade (capacidade de mudar a aparência). Do
administrador ortodoxo em questões ficais que caracterizou seu
primeiro mandato, Lula deverá surgir como o redentor do povo
esmagado, lançando mão dos argumentos e artifícios que levaram
povos crédulos à ruína.
No
seu recente discurso de abertura do 12° Congresso da CUT, a 9 de
outubro, defende a quebra da responsabilidade monetária e fiscal,
conclamando os bancos oficiais a abrirem suas portas, desprezando a
inadimplência que hoje exaure o consumo e o financiamento familiar.
Confrontado nos palanques pelas recessivas realidades geradas pelas
políticas insustentáveis, Lula, à alta dos juros responderá por
acusação aos bancos. À desvalorização do Real, acusará o
imperialismo aliado à Wall Street. Ao desabastecimento, denunciará
os empresários de serem maus brasileiros.
Difícil
será avaliar quão eficaz, eleitoralmente, serão suas diatribes. O
risco será enorme. Mesmo derrotado, não haverá rescaldo, pois as
esperanças aguçadas e frustradas, ainda que infundadas, poderão
tornar-se, por algum tempo, adubo de cruéis confrontos sociais.
Qual
o melhor caminho? Deus dirá, pois não ha homem capaz de fazê-lo.
Porém, para o Brasil, senão para este ou aquele partido, torna-se
imperativa uma coalizão partidária de objetivo específico: apoiar
toda medida de saneamento fiscal, seja desta ou daquela autoria. O
sucesso do reequilíbrio fiscal traria a queda da inflação, a
início da retomada do emprego, cujos benefícios políticos seriam,
necessariamente, colhidos quando das novas eleições em 2018.
Quiça em acesso idealista, quem sabe se, sob o slogan “Primeiro o Brasil”,
o PSDB devesse iniciar uma campanha parlamentar permanente, adotando
diuturnamente o que, habitualmente, deixa para fazer quando da
época eleitoral. Um denso planejamento de comunicação
sócio-política, mobilizando todos os ativos do partido, projetaria
junto ao eleitorado a atuação parlamentar retificadora e contrária
ao populismo que fere a nação. A cada legislação corretiva
aprovada com seu apoio ostensivo e propalado, o partido de oposição
deixaria claro os danos do governo petista e a necessidade de
corrigi-los.
Será
um sonho de uma noite de verão?
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