Conforme sugerido nesta
coluna, parece estar se iniciando uma
coordenação entre os presidentes Obama e Putin com vistas ao
enfrentamento com o Estado Islâmico.
O interesse comum aos dois presidentes será a derrota de um “estado
terrorista”, cuja expansão trará perigos reais e iminentes,
tanto aos Estados Unidos quanto à Rússia.
Na
luta contra o Estado Islâmico a contribuição norte-americana se
atêm à intervenção aérea, seja por drones, seja por caças
bombardeiros. Ainda, Washington coordena a aviação dos estados do
Golfo da Arábia Saudita e da Jordânia. Não oferece soldados no
terreno, a não ser o pequeno Exercito Livre da Síria. Até o momento
a formula engendrada por Washington para derrotar as tropas de Al
Baghdadi parece ser inócua.
Se
por um lado os bombardeios continuados da coalizão montada por Obama
causam baixas nas hostes djihadistas, estas parecem ser bem
inferiores à crescente leva de novos seguidores recrutados tanto na
Ásia muçulmana como no Ocidente.
Mas
talvez o ponto mais fraco da estratégia dos Estados Unidos seja a
falta de tropa no chão (boots on the ground). As perdas sofridas
pelo exército norte americanos em suas aventuras Iraquianas e Afegãs
retiraram-lhe o suporte político essencial para sua inclusão na
atual formulação militar. A tentativa de buscar a vitória somente
através das missões aéreas sem a tropa para lhe dar sequência
parece sugerir o insucesso. Ainda, a mortandade de civís causada
pelos aviões em busca de alvos torna-se mais um elemento recrutador
de novos seguidores do Califado.
A
única fonte de tropa disponível à Coalizão arquitetada por
Washington provém dos estados Sunitas. Estes dificilmente lançarão
seus exércitos contra o Estado Islâmico, também Sunita, assim
favorecendo seu mais execrável inimigo, o regime Xiita de Bashar Al
Assad.
Hoje,
os estados Sunitas parecem ser cada vez mais liderados, não pelos
Estados Unidos, mas sim pela Arábia Saudita. Estes dificilmente
concordarão com a proposta russa. Voltar seus exércitos contra o
Estado Islâmico, de confissão Sunita, em apoio a um estado laico
comandado por um Xiita parece um paradoxo de difícil digestão.
Ainda, ao lançar suas tropas contra Al Baghdadi, não seria
desprezível a possibilidade de fratura na lealdade da soldadesca,
com imprevisíveis consequências dentre fronteiras da Coalizão.
Face
a inviabilidade da dúbia estratégia escolhida por Barack Obama,
resultante da inviabilidade político-militar de seus elementos,
Obama terá que optar, seja pela insistência na formulação atual,
seja pela sua reformulação.
Esta
lhe é oferecida pelo presidente russo. A proposta de Putin traz à
mesa as tropas de Assad, os soldados e milicias Iraquianas, o
Hizbollah libanês e forças do Quds Iraniano. Além propiciar as botas no terreno, Moscou coloca uma cinquentena de aviões
baseados na cidade síria de Tartus, para apoio tático contra o
Califado. Do ponto de vista militar, sua estratégia parece ser a
única com probabilidade de sucesso na derrota do principal
inimigo do Ocidente, o Estado Islâmico.
Obama
já reconhece deixar a questão Assad para
depois; no entanto, o acumulo de desconfiança histórica que pesa na
relação entre os dois antigos inimigos, representa sério
obstáculo. Contudo, a lógica
parece recomendar, como prioridade, a
destruição das forças de Al Baghdadi. Ou bem
Obama aceita aliar-se a Putin nesta empreitada, ou o desacerto
decorrente de duas potencias armadas num só teatro de guerra poderá
ter conseqüências que irão muito além das fronteiras do Oriente
Médio.
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