Ao abandonar a rígida disciplina comunista, decorrente do
planejamento ubíquo, onde tudo e todos têm o seu papel predeterminado, a China
de hoje, busca em mecanismos capitalistas a chave para acelerar seu
crescimento. Os pessimistas, ou serão
realistas ?, parecem prever uma crise de
identidade
Não obstante seu crescimento econômico ter atingido ritmo
nunca dantes visto na história mundial, ou talvez por causa disto mesmo, a
desvairada corrida rumo a um complexo objetivo híbrido, onde aspectos de
comunismo e capitalismo se misturam, criou distorções que poderiam ameaçar o modelo até
hoje vencedor.
Vetores de desenvolvimento, tais como a acelerada expansão
de sua infraestrutura e da construção civil, assim obedecem o receituário
comunista. Já dominada a etapa dos
investimentos estruturais, da industrialização e das exportações, Xi Jinping busca, agora, a expansão do
consumo do povo chinês, levando o cidadão a reduzir sua poupança.
Agora, é hora do apelo à força do mercado de capitais, à
alocação múltipla e livre de recursos,
onde o homem tem parte central, libertando-se, ainda que pontualmente, do
determinismo de Estado. Esta etapa prevê
a alta dos títulos, geradores do efeito riqueza, que, por sua vez, multiplicará a emergência de consumidores..
Assim, surge uma Bolsa onde 90 milhões de chineses negociam
diariamente 160 bilhões de dólares. Nestes dias, a Bolsa de Shangai ultrapassa,
em volume transacionado, a Stock Exchange de Nova York, o berço do capitalismo
Ocidental.
E será neste momento que surge o veneno dos ciclos dos mercados
livres, aquele que o planejamento Marxista
pretendia eliminar. Por falta de expertise, açodamento, ganância, wishful thinking e outros pecados que
levam ao excesso, o governo de Beijing vem sendo confrontado por intensa
volatilidade no mercado acionário, ameaçando suas expectativas.
Observa-se que, para conter a extraordinária queda que a semana passada abalou os
acionistas chineses, os Omniscientes Planejadores, buscam na abertura das torneiras
do crédito fácil reativar a demanda por ações enquanto contem a oferta, impedindo,
por exemplo, a venda de ações a
descoberto ou o desinvestimento dos grandes acionistas. Até onde estas iniciativas serão convergentes com os fatores realistas de precificação?
A conjunção forçada de métodos marxistas com iniciativas
capitalistas trazem no seu bojo o vírus da contradição. O artificialismo
injetado naquilo que pretende ser livre, torna difícil prever, ao longo do tempo,
o êxito do projeto.
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