sexta-feira, 3 de abril de 2015

Poker a beira do lago

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Como sóe acontecer, é na Suiça onde mais se tenta concertar o mundo. Muitas vezes, fica-se na tentativa. Deve-se a escolha à secular neutralidade da operosa nação, cuja paisagem tranquila une a placidez dos lagos com a gótica projeção dos picos nevados. Lugar para contemplação, meditação e intenções pacíficas.


Desta vez, trata-se de desatar o nó górdio criado por um Irã nuclear. Negociações complicadas, com inúmeras variáveis, interlocutores de duvidosa sinceridade, cartas na manga, escutas indiscretas, pensamentos velados...Mais um jogo de poker do que um xadrez, onde o bluff, a desinformação, a malícia pervasiva se sobrepõe ao visível movimento das peças. Onde os muitos que, de fato, estão no jogo sequer sentam-se à mesa.


Além dos 5+1, onde a Alemanha assume (que diria Roosevelt!) o status de membro permanente do Conselho de Segurança, faltando-lhe apenas o direito de veto, tem-se o solitário interlocutor Iraniano. No jogo, o maior cacife, de longe, pertence aos Estados Unidos, que tem como associados Londres, Paris e Berlim.  Rússia e da China observam e põem suas fichas, neste ou naquele..


Para Barack Obama, a neutraliação nuclear do Irã o libera de um eventual conflito armado com um inimigo mais fraco, porém indigesto. Equivalente a um Iraque potencialzado, os Persas tornar-se-iam sorvedores de enormes recursos de uma tesouraria já fragilizada e de uma nação cansada de guerra. Ainda, porventura envolvido em conflito com o Irã, Washington reduziria sua capacidade de empreender iniciativas relevantes demandadas pela instável situação na Síria e o Iraque, bem como conter o expansionismo Israelense. Ainda, a nova atitude saudita, tomando o proverbial freio nos dentes, retira dos Estados Unidos a preponderância das ações político-militares no teatro Judeo-Árabe, cujas consequências são, ainda, imponderáveis.


Porém, longe das benfazejas brisas Helvéticas, ainda que não convidados, tem-se a aliança pontual de Israel e a Arábia Saudita e seus subsidiários Estados Sunitas, que, de longe, jogam o seu poker. O estado Judeu, impelido pelo radical Netanyahu, dá as mãos ao outrora inimigo mortal, Rei Salman al Saud, novo e radical líder Wahabita. Conspiram, com argumentos, intrigas e dinheiro (muito dinheiro) para formar o lobby anti Iraniano. Com eficácia surpreendente, o congresso Norte Americano ve-se co-optado pela cornucópia do AIPAC (associação judaica) e da Embaixada Saudita. Consolida-se, assim, uma aliança subreptícia, onde a bancada majoritária do legislativo de uma superpotência é seduzida pelos apelos dourados apelos de outras nações.


Com esta distribuiçao de forças, o jogo promete ser duro. Não se iludam aqueles que vêem a contenção nuclear do Iran como o único objetivo. Outros, talvez tão importantes, incluem a desmoralização de Obama facilitando a ascenção de um presidente Republicano nas próximas eleições; a definitiva absorção do que resta da Paletstina por um Israel Nuclear, enquanto desvia a atenção para os perigos Iranianos; a justificativa para que as potências Sunitas esmaguem as incômodas minorias xiitas face à “ameça expansionista do novo impáero Persa”.


Com tantos jogadores, formais e informais, difícil será prever-se a conclusão e consequências deste jogo de infinita brutalidade que se trava na pacífica Lausanne.

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