Parece já estar declarado um sutíl confronto energético entre dois aliados; um, a maior potência econômica e militar do
planeta, e o outro, o maior produtor de petróleo mundial. Sim, os
Estados Unidos se vê desafiado pela Arábia Saudita.
O campo de batalha é o mercado do petróleo. O preço do barríl
vem caindo drásticamnte, do seu pico de US$ 110,00 por barril para
os atuais US$ 83,00. O Saudítas já informaram ao “mercado” que
não pretendem contrariar o que chamam de livre determinação dos
preços, indicando não pretender conter a queda mediante
redução de sua produção.
A equação a que se propõe Riad é a seguinte: a independência
petrolífera dos Estados Unidos depende da nova tecnologia do
“fracking”. O ponto de equilibrio, abaixo do qual torna-se
desinteressante a utilização desta técnica, situa-se entre US
70,00 e US$ 80,00 por barril. Abaixo destes níveis a necessidade de
recursos, o cash flow, é tal que inviabiliza a rentabilidade da
operação. Por seu lado, a Arábia Saudita, possuidora de reservas
superiores a US$ 700 bilhões, pode suportar a queda de sua receita
de petróleo durante alguns anos, sem preocupar-se com suas
necessidades orçamentárias.
Riad não pretende prejudicar os Estados Unidos, mas sim manter
sua grande influência nos destinos do Oriente Médio. Tal desiderato
só se torna possível mantendo Washington dependente do petróleo
Saudita.
Assim, pouco a pouco desenha-se a consolidação de campos rivais
na luta pelo domínio político desta região. Parece surgir uma
configuração tri-polar, onde a Arábia parece ter por objetivo a
contenção, senão a redução, da influência Xiita, ainda que para
tal seja condescendente para com as correntes Sunitas mais
extremistas. O outro polo parece liderado pela Turquia, onde o
presidente Erdogan apoia as pretenções da Irmandade Muçulmana,
facção Sunita menos radical. Na empreitada conta com o apoio do
Quatar. Já o Iran declara seu suporte aos Xiitas, sejam eles
minorias, ou governos instalados como os da Síria e Iraque.
Já no campo extra-Muçulmano, existe o quarto polo, formado por
Israel e os Estados Unidos. Este, confuso quanto à tênue
convergência de suas agendas, mas atados de forma indissoluvel por
imposições politicas e culturais.
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