sábado, 11 de outubro de 2014

Fracking e democracia



Rei Abdullah-bin-abul

Alteração de importância já se vislumbra no quadro internacional.  Decorre ela de novo salto tecnológico que permitiria a reavaliação das reservas petrolíferas do planeta. Os Estados Unidos se deparam com a oportunidade de transformar sua matriz energética graças à nova técnica de extração. Ainda dependente do petróleo de terras alheias, promete recapturar a liderança internacional de sua produção.

A manter-se a expansão na produção de petróleo e gas, através do “fracking”, a resultante independência energética devolverá a Washington a liberdade de formular sua estratégia geopolítica. Ainda manietados pela sua insaciável sede do ouro negro, poderão os Estados Unidos livrar-se de suas algemas geopolíticas?

A política externa de Washington no Oriente Médio vem sendo refém desta dependência, subordinando seus projetos ao nihil obstat Saudita. Em contrapartida, Ryad assegura à Washington o contínuo e ordenado suprimento de petroleo, tanto em quantidade quanto em preço.

Porém, importante é constatar que a monarquia Saudita representa o mais retrógrado sistema político do Oriente Médio. Embasado na radical doutrina Wahabita, a casa real nela encontra sustenação. Dos desertos arábicos flui o financiamento e o armamento que sufocam as fugazes tentativas democráticas, iniciadas pela Primavera Árabe. Contrariando o notável discurso de Barack Obama no Cairo, coube ao Rei Abdullah a réplica que, em pouco tempo, desmontou a ambiciosa democratização e pacificação do Oriente Médio. Em resposta às ambições norte americanas, deu apoio aos estados ditatoriais da região, inviabilizando o projeto liberal que lhe seria, no tempo, fatal. Tudo indica que o Reino Saudita mais teme a ascenção das massas Xiitas e de outras minorias  do que os desmandos dos Salafistas Sunnitas, mesmo aqueles travestidos em enviados de Maomé.

Assim, no embate de vontades e interesses no Oriente Médio, o Rei ainda  prevalece sobre o prêmio Nobel da Paz, presidente da mais poderosa nação do planeta.

Retornando ao “Fracking”, será ele Promessa ou Frustração? Os ceticos denunciam danos ambientáis além de uma equação econômica de vantagens temporárias e cadentes. Já os empreendedores relatam expansão considerável na produção, levando os Estados Unidos à autosuficiência na próxima década. Fica a pergunta, uma vez conquistada a independencia, poderá Washington impor sua política?

Enquanto o sonho não se realiza a Arábia Saudita e Israel, cada qual com sua agenda,  usarão seu tempo para manter aquecido o caldeirão que aterroriza o Ocidente.

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