As bombas de Boston
Somente há pouco tornam-se conhecidos os responsáveis pelo ato terrorista. Que motivo levou à ação os autores deste atentado impiedoso? Terá sido engendrado na longínqua Chechênia ou à sombra das melhores universidades norte-americana?
Na busca de compreensão, há de
procurar-se o conceito de Causa e
Efeito, e suas manifestações. Após “9-11” os Estados Unidos da America
lançou-se em guerra contra segmentos Islamitas terroristas. Contudo o embrião
desta guerra já se desenvolvia bem antes do atentado às torres. A semente
desta guerra foi plantada nas colinas
ondulantes da Palestina e vem se alastrando, desde então, mundo afora. O conflito seminal teve início nos últimos
anos da década de 1940, quando expulsos
de suas terras e casas iniciou-se a diáspora semita, desta vez árabe-semita.
Povos
que antes já coabitavam com dificuldade tornaram-se inimigos e o inconteste
líder Ocidental escolheu um lado, não o equilíbrio entre os dois. Deu-se a centelha,
criou-se novo ser que haveria de crescer na busca de retribuição, de compensação,
e de vingança. Este recorreu ao terrorismo indesculpável do qual já havia sido
vítima. O que vemos hoje é o desdobramento deste ser, agigantado política e
geograficamente pelo fomentado ódio e alimentado pelo perene descaso ao seu
sofrimento. A injustiça de viver emprisionado,
de ver sua terra roubada, contaminou o povo árabe, e por fim recrutou a sua religião,
feroz quando provocada.
Conforme relata o Financial Times, a última
tentativa dos membros do Conselho de Segurança nos últimos dias de 2012, visando
o congelamento dos assentamentos Israelenses, foi derrotada pela ameaça do veto
Norte Americano. Todos os outros membros do Conselho, incluindo França, Reino
Unido e a Alemanha estavam dentre os vencidos pelo veto. Novo exemplo de
parcialidade e até de subordinação aos interesses exclusivos de um aliado. Novo
exemplo de desprezo e descaso para com um povo que tornou emblemático através
do Oriente Próximo. Nova Causa?
Assim se confirma e se fortalece a
seqüencia de Causas e Efeitos complementares
que se acumulam na política externa de uma nação poderosa e impositiva. A aliança incondicional com Israel que resulta
no domínio de um natimorto Estado Palestino,
a invasão injustificada do Iraque e seu fracionamento, a imprudente transformação
da guerra a Bin Laden em guerra aos
Talibãs, o apoio aos estados
Autocráticos do Oriente Médio, constituem-se em Causas seqüenciais de Efeito
disperso e intenso. Os menos avisados
perdem, ou fingem perder, o fio desta
meada assim como a capacidade de compreensão ou correção de rumo.
A resposta “Low Tech” às ações “High
Tech” revela-se insuspeita e eficaz. Torna-se
nociva, psicologicamente, e politicamente desestabilizadora, dentro e fora das fronteiras norte-americanas.
Nega-se, assim, à mais poderosa maquina
militar do Universo, a vitória, se definida como o domínio pelas armas e a total
submissão política do território inimigo. Nem no Iraque foi possível, nem no Afeganistão parece concebível alcançar-se
estes objetivos. O Iémen mantêm-se instável, a Síria e Líbia turbulentas.
A desestruturação destas nações, face ao insucesso do projeto que visa tão
somente a eliminação do terrorismo, ou seja, o Efeito, provoca,
perversamente, novos focos rebeldes, trazendo maior ônus político,
econômico e militar para Washington e para o mundo. Será a hora de enfrentar as Causas?
A pensar...