50 anos do regime militar
Nem metade dos brasileiros hoje vivos testemunhou as
condições e circunstâncias que levaram a Classe Média à deposição do Governo
Jango Goulart e à instauração do Regime Militar. Poucos são os cidadãos de hoje
que sentiram os desmandos próximos à anarquia daquele então, que prometiam transformar
o Brasil num país estruturalmente pobre, dominado por radical ideologia que se
revelou, com o passar dos anos, absolutamente incapaz de prover prosperidade a
seus cidadãos.
Sem dúvida a democracia foi a primeira vítima desta
transição. O autoritarismo, tênue no seu início, tornou-se progressivamente
mais impiedoso na medida em que os
movimentos oposicionistas armados tornavam-se mais eficazes e agressivos.
Resvalou o regime para além do prazo de correção de rumo, tanto político quanto
ético, que se terminaria com o governo Castelo Branco após reformas políticas
estabilizadoras.
Seguiu-se uma desnecessária continuidade da ditadura
desaguando no indesculpável uso da tortura como método de combate. A emergência
dos movimentos de oposição armada foi inevitável, porém sua plataforma
igualmente ditatorial propugnando, não o restabelecimento da democracia, mas
sim o da Ditadura do Proletariado, perdeu
destarte o apoio da população brasileira, tornando-se fadada ao fracasso.
Os governos militares que se seguiram, obedecendo às
exigências da “linha dura”, chegaram ao ápice da repressão em coincidência com o
ápice da rebelião. De parte a parte houve matança e desrespeito aos direitos
humanos, cabendo ao governo, contudo, por ser governo, o maior quinhão de
responsabilidade. A partir dos generais-presidentes, Geisel e Figueiredo,
arrefeceu-se a violência, chegando-se ao restabelecimento da democracia, sob a
presidência de Tancredo Neves e José Sarney.
Mas que democracia temos hoje? Se no passado não se registra
militares milionários, apesar do exercício do poder discricionário durante um
quarto de século, que dizer dos políticos gerados na retomada democrática?
Quantos milionários ilustram os quadros políticos sem que a origem de tais
fortunas mereçam o conhecimento público?
Ditadura nunca mais, porém, igualmente, um basta à “democracia
da impunidade”.
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