sábado, 16 de março de 2013



Os que se foram e os que chegaram

Num espaço de duas semanas um homem abandonou a política, e dois outros assumem o poder máximo de suas comunidades.

De um lado Chávez morre, deixando saudades para uns e alívio para outros. Não era um homem malvado; pelo contrário buscava melhorar a vida dos humildes de sua terra, mas o fazia desrespeitando o conceito que temos de democracia, ignorando as regras do comportamento convencional, desrespeitando o que ensinam os compêndios sobre Economia, atropelando os adversários com surpreendente energia, sugando àquela que lhe dava saúde. Chávez herdou uma Venezuela de imensa pobreza e enorme riqueza. A primeira para muitos, a segunda para muito poucos. Há quem diga que até alface vinha de Miami; certamente é exagero, mas pouco produzia, e produz, aquele país vítima do mal uso do abundante petróleo,  que por décadas pouco beneficiou o povo. Pecou, ainda, por querer exportar seus ideais, nascidos da sua realidade e circunstância, para outras nações, de diferentes culturas e condições. Morre Chávez endeusado pelos seus pobres, execrado pelos ricos.

Já noutro continente, na velha Europa, observamos o surgimento de um novo Papa, Francisco I. Assume o Pontificado num ambiente cheio de suspeitas, onde a pureza da Igreja sofre as manchas da cobiça e da imoralidade. Tendo por inspiração a humildade e a generosidade de São Francisco de Assis, o que esperar deste nobre Argentino, Latino Americano, acostumado com a lide diária com a pobreza? O confronto entre seu sofrido Buenos Ayres com a opulência do Estado Papal haverá de trazer à tona a reflexão Franciscana. Os que o conhecem estimam que devolverá ao seu reinado o amor e atenção dos primeiros Papas ao povo Católico. Mas difícil é subestimar a inamovível força da Cúria cardinalícia, petrificada em suas benesses, suas conspiratas, suas influências que se distanciam da humildade ensinada por Jesus. Se a proporção de Católicos na Europa tende à estabilização, o mesmo não acontece no Novo Mundo, onde a deserção dos pobres para o movimento Evangélico reduz, dramática e continuadamente, a população católica da America Latina. Sem buscar na mensagem de São Francisco, o santo dos santos, escolha do pelo novo Papa como o rumo a seguir, só veremos a inapelável debilitação da nossa Igreja.

Do outro lado do mundo, ascende ao poder Xi Jinping como presidente da China que se moderniza. Enfrenta desafios imensos, sendo, talvez, o mais importante o estabelecimento do equilíbrio entre duas forças contrárias: a busca por crescente democratização por parte da nova burguesia chinesa, e a imperiosa necessidade de manter-se a ordem e o rumo estratégico desta nação de mais de bilhão de habitantes. Como conciliar o laissez faire que impele a economia chinesa com a proteção social imposta pelo dogma comunista? O fio da navalha está sob os pés do equilibrista Xi. Jinping para este ou aquele lado, e o impacto sobre o resto do mundo será determinante para a trajetória política das demais nações.

Foram duas semanas marcantes, que merecem reflexão.

Nenhum comentário: