Os que se foram e os que chegaram
Num espaço de duas semanas um homem abandonou a política, e dois
outros assumem o poder máximo de suas comunidades.
De um lado Chávez
morre, deixando saudades para uns e alívio para outros. Não era um homem
malvado; pelo contrário buscava melhorar a vida dos humildes de sua terra, mas
o fazia desrespeitando o conceito que temos de democracia, ignorando as regras
do comportamento convencional, desrespeitando o que ensinam os compêndios sobre
Economia, atropelando os adversários com surpreendente energia, sugando àquela
que lhe dava saúde. Chávez herdou uma Venezuela de imensa pobreza e enorme
riqueza. A primeira para muitos, a segunda para muito poucos. Há quem diga que
até alface vinha de Miami; certamente é exagero, mas pouco produzia, e produz,
aquele país vítima do mal uso do abundante petróleo,
que por décadas pouco beneficiou o povo. Pecou, ainda, por querer exportar seus
ideais, nascidos da sua realidade e circunstância, para outras nações, de
diferentes culturas e condições. Morre Chávez endeusado pelos seus pobres,
execrado pelos ricos.
Já noutro continente, na velha Europa, observamos o
surgimento de um novo Papa, Francisco I. Assume o Pontificado num ambiente
cheio de suspeitas, onde a pureza da Igreja sofre as manchas da cobiça e da
imoralidade. Tendo por inspiração a humildade e a generosidade de São Francisco
de Assis, o que esperar deste nobre Argentino, Latino Americano, acostumado com
a lide diária com a pobreza? O confronto entre seu sofrido Buenos Ayres com a
opulência do Estado Papal haverá de trazer à tona a reflexão Franciscana. Os
que o conhecem estimam que devolverá ao seu reinado o amor e atenção dos
primeiros Papas ao povo Católico. Mas difícil é subestimar a inamovível força
da Cúria cardinalícia, petrificada em suas benesses, suas conspiratas, suas
influências que se distanciam da humildade ensinada por Jesus. Se a proporção
de Católicos na Europa tende à estabilização, o mesmo não acontece no Novo
Mundo, onde a deserção dos pobres para o movimento Evangélico reduz, dramática
e continuadamente, a população católica da America Latina. Sem buscar na
mensagem de São Francisco, o santo dos santos, escolha do pelo novo Papa como o
rumo a seguir, só veremos a inapelável debilitação da nossa Igreja.
Do outro lado do mundo, ascende ao poder Xi Jinping como
presidente da China que se moderniza. Enfrenta desafios imensos, sendo, talvez,
o mais importante o estabelecimento do equilíbrio entre duas forças contrárias:
a busca por crescente democratização por parte da nova burguesia chinesa, e a
imperiosa necessidade de manter-se a ordem e o rumo estratégico desta nação de
mais de bilhão de habitantes. Como conciliar o laissez faire que impele a economia chinesa com a proteção social
imposta pelo dogma comunista? O fio da navalha está sob os pés do equilibrista
Xi. Jinping para este ou aquele lado, e o impacto sobre o resto do mundo será
determinante para a trajetória política das demais nações.
Foram duas semanas marcantes, que merecem reflexão.
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